Quadro epidemiológico da dengue preocupa Vigilância em Saúde

04/01/2012

Autor: Marco Aurélio Capitão

Boletim divulgado nesta quarta-feira pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas aponta 3.132 casos de dengue no município em 2011, até dia 10 de dezembro. Os números finais referentes ao mês de dezembro aguardam exames laboratoriais pendentes.

A preocupação dos técnicos da Covisa é com relação ao aumento dos casos ainda em outubro e novembro de 2011, o que mostra uma situação parecida com 2006, o ano que antecedeu a maior epidemia de dengue já registrada em Campinas. Em 2007 foram contabilizados 11.442 casos da doença em Campinas, com duas mortes.

“Com base na série histórica da dengue em Campinas, desde 1998, percebemos que os casos começam a aparecer com maior intensidade em janeiro, com picos em março e abril. Desta vez, em 2011, o aumento de casos começou em outubro e novembro, muito parecido com o quadro verificado em 2006. No ano seguinte houve a explosão de casos”, compara Andrea Von Zuben, médica veterinária da Covisa.

Outro agravante, segundo Andrea, é que nesses últimos 12 anos, em Campinas, já foi verificada a circulação de três sorotipos diferentes da doença, o 1, o 2 e o 3. “O indivíduo que já contraiu um sorotipo da doença, no caso o sorotipo 1, por exemplo, está imune para esse sorotipo mas pode ainda adquirir o sorotipo 2 e 3, inclusive com maior gravidade. Quando a pessoa pega dengue pela segunda vez existe uma chance maior de haver casos graves”, adverte a médica veterinária.

As chuvas constantes e a temperatura elevada, conforme explica Andrea, são ambientes propícios para a proliferação do Aedes Aegypti . A chuva e o calor apressam o ciclo do mosquito – ovo, larva, pupa e adulto (fase alada), o que faz antever um número maior de mosquitos na temporada.

Andrea reafirma que sem a colaboração da comunidade o controle da doença se torna muito mais difícil. “As pessoas precisam entender que não é a chuva que provoca a dengue, a dengue é provocada pela água que fica empoçada na laje, na calha entupida, na caixa d’água aberta, no vaso de flor, no pneu, enfim, em todos os objetos que podem acumular água”

A médica ainda faz questão de lembrar que o mosquito da dengue tem autonomia para voar num raio de apenas 100 metros. “Por isso tenho que imaginar que o criadouro ou está na minha casa ou está na casa do vizinho do lado . Se todos pensarem assim o controle da doença fica mais fácil”, resume.

Capacitação – A Covisa, em parceria com o Centro de Educação dos Trabalhadores da Saúde (Cets), iniciou na última quinta-feira, 29 de dezembro de 2011, o trabalho de acolhimento e capacitação dos cerca de quinhentos Agentes Comunitários de Saúde que atuarão no controle da dengue em Campinas. Os encontros ocorrerão em cinco turmas de cem agentes e estão marcados para acontecer nos dias 5, 10, 12 e 17 de janeiro deste ano.

A capacitação estará a cargo de médicos e profissionais de saúde dos cinco Distritos de Saúde do município. Conforme explica Aloidé Ladeia Guimarães, coordenadora do Cets, os Agentes de Saúde receberão informações sobre a doença, a situação epidemiológica em Campinas e no País, além das ações de controle que serão desencadeadas.

“O papel desses agentes, que já começam a trabalhar neste mês de janeiro, será o de busca ativa de casos e o de verificação do índice de Breteau, que é o valor numérico que define a quantidade de larvas encontrada nas residências”. Segundo Aloidé, ao mesmo tempo em que ocorre o acolhimento e a capacitação, os Distritos de Saúde já começam a mobilizar as unidades de saúde para desenhar a estratégia para cada território.

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