Saúde requer relatório sobre contaminação ambiental no Mansões

14/02/2003

A Secretaria de Saúde de Campinas enviou à Cetesb, nesta quarta-feira, dia 12, um ofício que solicita o relatório final sobre a contaminação ambiental do loteamento Mansões Santo Antônio, no bairro Santa Cândida, região Leste da cidade. O documento também requer a proposta de remediação da área.

O relatório final sobre a contaminação do terreno e as propostas de correção por parte do proprietário, a Construtora Concima, foram exigidos pela Cetesb em agosto de 2002. A Prefeitura, no entanto, ainda não pôde ter acesso a estes documentos.

De acordo com o arquiteto Flávio Gordon, da Vigilância Ambiental Municipal, a Secretaria Municipal de Saúde precisa conhecer o teor do documento porque é responsável por proteger a saúde da população.

O solo e a água da área do Mansões Santo Antônio estão contaminados por produtos químicos, alguns que podem provocar câncer. A contaminação foi ocasionada pela já extinta fábrica de recuperação de solventes Proquima, que funcionou no local por mais de 20 anos. Após encerrar as atividades, o terreno foi vendido para a Concima.

Exames

A Secretaria de Saúde também inicia, na próxima semana, mais uma etapa da investigação das condições de saúde das pessoas que estiveram expostas à contaminação do loteamento Mansões Santo Antônio.

Tecnicamente, este tipo de avaliação é denominada de investigação clínico-epidemiológica.

Nesta fase do processo, as pessoas que já passaram por exames de sangue e clínico, farão exames de urina. Os testes devem apontar se as funções renais destas pessoas estão comprometidas.

Até o momento, 39 pessoas passaram por exames clínicos e laboratoriais. A Secretaria quer, neste momento, ampliar este público para até 80 pessoas, o que equivale a 10% da população que reside no local.

Os resultados obtidos até o momento não podem ser divulgados porque ainda não é possível estabelecer relação entre os problemas de saúde detectados e a exposição à contaminação. Este processo é chamado de nexo causal.

Para concluir a investigação, a Secretaria de Saúde necessita avançar ainda mais na investigação e procurar um outro grupo de pessoas que não esteve em contato com contaminantes e comparar os resultados.

Estudos

A Prefeitura também prossegue com os estudos para reconhecer a extensão do problema, com identificação de outras rotas possíveis de contaminação.

Os agentes comunitários do Paidéia – Saúde da Família têm estado presentes na área, sempre reforçando que os moradores não devem utilizar água que provenha do solo, nem mesmo para irrigação de plantas e hortaliças ou piscicultura.

Eles também orientam e informam as pessoas sobre o andamento do processo de investigação e sobre as providências que estão sendo adotadas.

Atualmente, com a lacração dos poços de água e com a proibição de movimentação de terra por parte da Prefeitura, estão estancadas as fontes de contaminação.

Investigação

Atualmente, a Secretaria de Saúde de Campinas está investigando que conseqüências a exposição à área das Mansões ocasionou à saúde dos moradores e das pessoas que trabalharam em obras que envolviam remoção de solo no local.

Este público é constituído por cerca de mil pessoas. A investigação clínico-epidemiológica, como é denominado o estudo, está no início e, por isso, ainda não é possível chegar a conclusões.

O avaliação está sendo promovida pelos profissionais do Centro de Saúde Taquaral e da Vigilância Ambiental de Campinas. Foram disponibilizados quatro médicos e toda infra-estrutura do Centro de Saúde Taquaral e do Laboratório Municipal de Análises Clínicas, onde estão sendo feitos os exames.

O procedimento adotado para a investigação foi definido conjuntamente por profissionais do CRST (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador), Distrito de Saúde Leste e Vigilância Leste, Centro de Saúde Taquaral e Vigilância Ambiental, com assessoria da Secretaria de Estado da Saúde e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

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