As
enxurradas e o ambiente úmido facilitam a transmissão da doença,
provocada por um micróbio encontrado, principalmente, na urina
dos ratos. As enchentes também aumentam os riscos de outras
enfermidades
O aumento dos
casos de leptospirose em Campinas começa a preocupar a
Secretaria Municipal de Saúde com a intensificação das
chuvas, principalmente depois do temporal da última
segunda-feira, 17 de fevereiro.
A preocupação
das autoridades de saúde reside no fato de as enxurradas e a
lama facilitarem a transmissão da doença. A leptospirose é
provocada por um micróbio encontrado, principalmente, na urina
dos ratos.
"O contato
com a lama e a água de enchentes e alagamentos é um fator de
risco para a leptospirose. Isso faz com que a maior incidência
da doença ocorra no período pós chuvas", informa a
enfermeira sanitarista Salma Balista, coordenadora da Vigilância
e Saúde Ambiental da Prefeitura de Campinas.
De acordo com
ela, os sintomas da doença começam a aparecer num período de
7 a 15 dias após a pessoa ter sido infectada. "Por isso,
esperamos um aumento no número de ocorrências nas próximas
semanas", prevê.
A Vigilância
Epidemiológica Municipal está reforçando a necessidade de uma
atenção maior por parte dos profissionais de saúde para os
sinais da doença. Equipes do Paidéia – Saúde da Família
estão orientando a população sobre a leptospirose,
principalmente famílias atingidas pelos alagamentos. Não
existe vacina contra a leptospirose.
Treinamento
No último 24
de janeiro, a Secretaria de Saúde de Campinas promoveu um
treinamento sobre a leptospirose voltado para os profissionais
de saúde da Prefeitura. As equipes foram sensibilizadas para o
diagnóstico e tratamento precoce, única maneira de diminuir as
complicações e mortes causadas pela moléstia. A letalidade
esperada da leptospirose, de acordo com a Secretaria de Saúde,
é de 9% a 20%, conforme a gravidade do caso e as condições de
assistência.
Em 2002 foram
confirmados vinte casos de leptospirose em Campinas. Duas
pessoas morreram. Em 2003, até o momento, não há casos
confirmados da doença. No entanto, a Secretaria de Saúde
aguarda resultados de exames laboratoriais de casos suspeitos.
Outras doenças
Além da
leptospirose, as enchentes aumentam o risco de outras doenças,
como hepatite A, febre tifóide e as diarréias em geral. Salma
Balista adverte que as pessoas atingidas pelas enchentes devem
procurar imediatamente o Centro de Saúde.
De acordo com
ela, as famílias envolvidas estão sendo informadas sobre a
probabilidade de doenças e ainda recebem hipoclorito de sódio,
são informadas sobre como limpar a casa com o produto e
esclarecidas com relação à água para consumo humano. O
hipoclorito de sódio tem o poder de matar os micróbios.
A enfermeira
informa que, no dia-a-dia, os cidadãos também podem adotar
algumas medidas para promover um ambiente seguro, que protege
contra a leptospirose e as outras doenças. São atitudes como
evitar condições que favoreçam a multiplicação de roedores,
mantendo o meio ambiente o mais limpo possível. O lixo doméstico
deve ser posto fora de casa, em local alto, pouco antes do
caminhão de coleta passar. Lixo e entulhos não devem ser
descartados em vias públicas e nos córregos.
Buracos entre
telhas, paredes e rodapés devem ser vedados. Quintais, terrenos
vagos e ruas devem ser mantidos limpos e os córregos sem
entulhos e outros objetos. À noite, objetos de animais domésticos
devem ser lavados e guardados. Terrenos baldios precisam ser
limpos, murados e livres de lixo.
Caixa d'água
limpa e tampada, canos com aparas que impeçam a subida dos
ratos ao reservatório, são, ainda, outros requisitos
importantes. O contato direto com as águas ou com a lama que
sobrar das enchentes deve ser evitado sempre. Chão, paredes,
objetos caseiros e roupas atingidas pela enchente devem ser
lavados com sabão e depois com água sanitária – hipoclorito
de sódio a 2,5% - (1 parte de água sanitária para 1 parte de
água). Todos os alimentos e remédios atingidos pela inundação
devem ser descartados. Se a caixa d'água foi invadida, não use
esta água antes da desinfecção do reservatório.
Saiba sobre a
leptospirose
A leptospirose
é uma doença grave transmitida ao homem principalmente pela
urina do rato. A bactéria é eliminada no meio ambiente e pode
sobreviver principalmente em locais úmidos, como lama, água e
margens de córregos. O homem, ao entrar em contato com lama ou
com a água contaminadas pode infectar-se, especialmente se
tiver cortes ou arranhaduras na pele ou nas mucosas.
A infecção
também pode se dar por meio da ingestão de alimentos,
medicamentos e da água de beber contaminados.
Os sinais da doença são vômitos, dores musculares,
principalmente na barriga da perna, dor de cabeça, coloração
amarelada da pele, calafrios, alteração de volume urinário,
febre elevada, fraqueza e hemorragias na pele e mucosas.
Saiba sobre a
hepatite A
É uma doença
infecciosa muito comum, sendo, entre as hepatites, a mais freqüente
no Brasil. É provocada por um vírus que ataca o fígado,
causando sua inflamação, prejudicando o seu funcionamento e
gerando sérias conseqüências, podendo inclusive causar a
morte.
O vírus da
hepatite se transmite via fecal-oral por meio do contato com
pessoas infectadas, em creches, escolas, hospitais, ambulatórios
e locais de aglomeração de pessoas. Também pode ser contraído
pela ingestão de água e alimentos contaminados.
Os sintomas são
parecidos com os de um resfriado com dor de cabeça, febre e
calafrios. A pessoa também pode apresentar cansaço, dores
musculares, perda de apetite, diarréia e vômito. Os sinais
mais característicos são icterícia (olhos e peles
amarelados), fezes claras e urina escura. Não existe um
tratamento específico para a doença. Já existe uma vacina
contra a hepatite A. Porém, ela ainda não está disponível na
rede pública de saúde.
A hepatite A só
é notificada pela Secretaria de Saúde em casos de surtos. No
ano passado, foram registrados alguns casos em escolas públicas
de Campinas.
Saiba sobre a
febre tifóide
É uma doença
grave causada pela Salmonella typhi e que pode levar à
morte. É transmitida via fecal-oral de pessoa para pessoa e
principalmente por meio de água e alimentos contaminados por
material fecal. Também pode ser transmitida por vetores
(moscas). Os sintomas da doença podem aparecer entre 1 a 3
semanas após o contágio. Em 2002, não houve casos confirmados
de febre tifóide em Campinas.