Período de chuva intensa faz saúde reforçar ações contra leptospirose

20/02/2003

As enxurradas e o ambiente úmido facilitam a transmissão da doença, provocada por um micróbio encontrado, principalmente, na urina dos ratos. As enchentes também aumentam os riscos de outras enfermidades

O aumento dos casos de leptospirose em Campinas começa a preocupar a Secretaria Municipal de Saúde com a intensificação das chuvas, principalmente depois do temporal da última segunda-feira, 17 de fevereiro.

A preocupação das autoridades de saúde reside no fato de as enxurradas e a lama facilitarem a transmissão da doença. A leptospirose é provocada por um micróbio encontrado, principalmente, na urina dos ratos.

"O contato com a lama e a água de enchentes e alagamentos é um fator de risco para a leptospirose. Isso faz com que a maior incidência da doença ocorra no período pós chuvas", informa a enfermeira sanitarista Salma Balista, coordenadora da Vigilância e Saúde Ambiental da Prefeitura de Campinas.

De acordo com ela, os sintomas da doença começam a aparecer num período de 7 a 15 dias após a pessoa ter sido infectada. "Por isso, esperamos um aumento no número de ocorrências nas próximas semanas", prevê.

A Vigilância Epidemiológica Municipal está reforçando a necessidade de uma atenção maior por parte dos profissionais de saúde para os sinais da doença. Equipes do Paidéia – Saúde da Família estão orientando a população sobre a leptospirose, principalmente famílias atingidas pelos alagamentos. Não existe vacina contra a leptospirose.

Treinamento

No último 24 de janeiro, a Secretaria de Saúde de Campinas promoveu um treinamento sobre a leptospirose voltado para os profissionais de saúde da Prefeitura. As equipes foram sensibilizadas para o diagnóstico e tratamento precoce, única maneira de diminuir as complicações e mortes causadas pela moléstia. A letalidade esperada da leptospirose, de acordo com a Secretaria de Saúde, é de 9% a 20%, conforme a gravidade do caso e as condições de assistência.

Em 2002 foram confirmados vinte casos de leptospirose em Campinas. Duas pessoas morreram. Em 2003, até o momento, não há casos confirmados da doença. No entanto, a Secretaria de Saúde aguarda resultados de exames laboratoriais de casos suspeitos.

Outras doenças

Além da leptospirose, as enchentes aumentam o risco de outras doenças, como hepatite A, febre tifóide e as diarréias em geral. Salma Balista adverte que as pessoas atingidas pelas enchentes devem procurar imediatamente o Centro de Saúde.

De acordo com ela, as famílias envolvidas estão sendo informadas sobre a probabilidade de doenças e ainda recebem hipoclorito de sódio, são informadas sobre como limpar a casa com o produto e esclarecidas com relação à água para consumo humano. O hipoclorito de sódio tem o poder de matar os micróbios.

A enfermeira informa que, no dia-a-dia, os cidadãos também podem adotar algumas medidas para promover um ambiente seguro, que protege contra a leptospirose e as outras doenças. São atitudes como evitar condições que favoreçam a multiplicação de roedores, mantendo o meio ambiente o mais limpo possível. O lixo doméstico deve ser posto fora de casa, em local alto, pouco antes do caminhão de coleta passar. Lixo e entulhos não devem ser descartados em vias públicas e nos córregos.

Buracos entre telhas, paredes e rodapés devem ser vedados. Quintais, terrenos vagos e ruas devem ser mantidos limpos e os córregos sem entulhos e outros objetos. À noite, objetos de animais domésticos devem ser lavados e guardados. Terrenos baldios precisam ser limpos, murados e livres de lixo.

Caixa d'água limpa e tampada, canos com aparas que impeçam a subida dos ratos ao reservatório, são, ainda, outros requisitos importantes. O contato direto com as águas ou com a lama que sobrar das enchentes deve ser evitado sempre. Chão, paredes, objetos caseiros e roupas atingidas pela enchente devem ser lavados com sabão e depois com água sanitária – hipoclorito de sódio a 2,5% - (1 parte de água sanitária para 1 parte de água). Todos os alimentos e remédios atingidos pela inundação devem ser descartados. Se a caixa d'água foi invadida, não use esta água antes da desinfecção do reservatório.

Saiba sobre a leptospirose

A leptospirose é uma doença grave transmitida ao homem principalmente pela urina do rato. A bactéria é eliminada no meio ambiente e pode sobreviver principalmente em locais úmidos, como lama, água e margens de córregos. O homem, ao entrar em contato com lama ou com a água contaminadas pode infectar-se, especialmente se tiver cortes ou arranhaduras na pele ou nas mucosas.

A infecção também pode se dar por meio da ingestão de alimentos, medicamentos e da água de beber contaminados.
Os sinais da doença são vômitos, dores musculares, principalmente na barriga da perna, dor de cabeça, coloração amarelada da pele, calafrios, alteração de volume urinário, febre elevada, fraqueza e hemorragias na pele e mucosas.

Saiba sobre a hepatite A

É uma doença infecciosa muito comum, sendo, entre as hepatites, a mais freqüente no Brasil. É provocada por um vírus que ataca o fígado, causando sua inflamação, prejudicando o seu funcionamento e gerando sérias conseqüências, podendo inclusive causar a morte.

O vírus da hepatite se transmite via fecal-oral por meio do contato com pessoas infectadas, em creches, escolas, hospitais, ambulatórios e locais de aglomeração de pessoas. Também pode ser contraído pela ingestão de água e alimentos contaminados.

Os sintomas são parecidos com os de um resfriado com dor de cabeça, febre e calafrios. A pessoa também pode apresentar cansaço, dores musculares, perda de apetite, diarréia e vômito. Os sinais mais característicos são icterícia (olhos e peles amarelados), fezes claras e urina escura. Não existe um tratamento específico para a doença. Já existe uma vacina contra a hepatite A. Porém, ela ainda não está disponível na rede pública de saúde.

A hepatite A só é notificada pela Secretaria de Saúde em casos de surtos. No ano passado, foram registrados alguns casos em escolas públicas de Campinas.

Saiba sobre a febre tifóide

É uma doença grave causada pela Salmonella typhi e que pode levar à morte. É transmitida via fecal-oral de pessoa para pessoa e principalmente por meio de água e alimentos contaminados por material fecal. Também pode ser transmitida por vetores (moscas). Os sintomas da doença podem aparecer entre 1 a 3 semanas após o contágio. Em 2002, não houve casos confirmados de febre tifóide em Campinas.

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