Exames apontam arsênico na urina de filhas da família vítima de intoxicação

03/02/2005

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas recebeu na manhã desta quinta-feira, dia 3 de fevereiro, o laudo do Instituto Adolfo Lutz de São Paulo com resultados de exames que apontam a presença de arsênico na urina das duas adolescentes da família vítima de intoxicação. O produto, um metal pesado, tem alta toxidade e, se ingerido mesmo que em pequena quantidade, pode matar.

O casal, um homem, de 47 anos, e a mulher, de 43, morreu no último domingo, dia 30 de janeiro, horas depois de chegar ao hospital junto com as filhas. A filha mais velha, de 17, morreu na segunda-feira, dia 31 de janeiro. Outra filha do casal, de 15 anos, ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital e recebeu alta na quarta-feira, dia 2.

De acordo com o documento do Lutz, a análise da primeira amostra de urina da filha mais velha apontou 10.862 microgramas por grama de creatinina. Na urina da mais nova, também na primeira amostra coletada, foi detectada a quantia de 12.240 microgramas por grama de creatinina. A quantidade máxima aceitável é de 4,02 microgramas por grama de creatinina. A Polícia Civil já foi informada sobre o laudo.

O resultado, segundo o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas, aponta que a família foi vítima de envenenamento, que pode ter sido acidental ou provocado. "Desta forma, fica totalmente descartada a hipótese de intoxicação alimentar", diz o sanitarista.

Pisani informa ainda que exames de urina do pai e da mãe não puderam ser realizados porque não houve tempo de colher o material já que eles chegaram ao hospital com um quadro muito avançado. "No entanto o resultado dos exames das meninas, leva a concluir que os pais foram vítimas do mesmo produto. As análises de fragmentos de órgãos dos pais, que estão sendo processados pelo Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo, devem confirmar o envenenamento", afirma.

Pisani informa também que o Instituto Adolfo Lutz de São Paulo enviou amostra do creme de chocolate, consumido pela família no domingo, para o Instituto de Criminalística de São Paulo para análise. O objetivo é esclarecer se esta foi a fonte de contaminação. A Vigilância em Saúde de Campinas informa que a investigação epidemiológica está encerrada e, agora, cabe à Polícia investigar e averiguar qual foi a origem da intoxicação.

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