Saúde distribui 500 mil camisinhas no Carnaval

07/02/2008

Autor: Eliana Fernandes

Prevenção e quebra de tabus. Com estas metas o Programa Municipal de DST/Aids de Campinas está realizando uma intensa campanha de combate às doenças sexualmente transmissíveis durante os desfiles do Carnaval é Natureza deste ano da Prefeitura. A estimativa é que das atividades de pré-carnaval até esta terça-feira, dia 5 de fevereiro, foram distribuídas 500 mil camisinhas, 200 mil a mais que em 2007, além de oferecer apoio e orientação através de materiais educativos. O trabalho envolve 135 profissionais por noite do Sistema Único de Saúde (SUS) que atuam em Centros de Saúde, outras unidades e parceiros da Secretaria Municipal de Saúde e do Centro de Referência do Programa DST/Aids.

Para a coordenadora do Programa DST/Aids de Campinas, a enfermeira sanitarista Maria Cristina Feijó Januzzi Ilário, o trabalho é um incentivo à prevenção. "A distribuição de camisinhas no Carnaval cumpre dois objetivos. Um é deixar as pessoas com o preservativo à mão. O outro é o que a gente chama de marketing social do preservativo. Essa é uma estratégia que a gente vem aprendendo no Programa de Aids. O preservativo tem que ser um insumo, uma figura, um personagem comum na vida das pessoas. É preciso quebrar o tabu da vergonha de pegar preservativo, seja a pessoa de que faixa etária for", avaliou a coordenadora. Ela conta que no período após o Carnaval os serviços de orientação sobre a aids de pessoas preocupadas ou que querem tirar dúvidas e fazer exames aumenta 100%, o que mostra a importância da prevenção.

Segundo Maria Cristina, na sexta-feira, 1º de fevereiro, foram distribuídas oitenta mil camisinhas, no sábado, dia 2, cerca de cem mil e no domingo, 3 de fevereiro, foram trinta mil. Desde o início de janeiro as equipes da Secretaria Municipal de Saúde atuaram em mais de vinte eventos do pré-carnaval fazendo a distribuição das camisinhas, tirando dúvidas e orientando a população sobre os serviços públicos disponíveis. Para as crianças as equipes distribuem bexigas brancas com o logotipo de combate à Aids e apitos.

Mulheres

Um dos grandes desafios atuais, segundo a coordenadora, é a mudança nos hábitos de prevenção das mulheres. Segundo ela, a epidemia tem crescido no sexo feminino e na média nacional tem aumentado numa velocidade importante entre meninas jovens de 13 a 20 anos. "Em Campinas e região a epidemia é mais adulta. Os novos casos estão concentrados na faixa de 20 a 39 anos, entre mulheres e homens. O que nos interessa é avaliar qual é categoria de exposição, ou seja, com que população eu tenho que trabalhar. A gente já pode afirmar que não é mais uma tendência, é fato na Aids: a epidemia é feminina, está se feminizando", disse Cristina. Ela também explica que a aceitação do preservativo é maior entre os jovens e por isso a doença tem crescido justamente entre mulheres da terceira idade.

Com um preservativo como enfeite no boné, o estudante Cláudio Pereira da Costa, de 19 anos, brincava animadamente atrás de um dos trios elétricos do quarto dia de folia no sambódromo declarando que achava normal expor o produto. "Não vejo porque esconder. A cor desta embalagem de camisinha está bonita e já aproveito pra avisar às pretendentes que sou prevenido e seguro", explicou. Já a balconista Gilmara Souza, de 17 anos, disse que ganhou os preservativos e colocou na bolsa. "Acho normal ter, mas prefiro guardar até para não perder no meio de tanta gente", justificou. O preparador de lanches, José Moreira Sotto, não exibia a camisinha mas afirmou que usa. "Acho muito bom eles distribuírem porque aí a gente não tem desculpa para não se prevenir, esta doença é muito séria e perigosa", avaliou.

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