Vacina contra febre amarela já está descentralizada para cinco centros de saúde

26/02/2008

Autor: Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas comunicou nesta terça-feira, dia 26 de fevereiro, que a partir de quarta-feira, dia 27, a vacinação contra a febre amarela, que vinha sendo realizada desde janeiro apenas no Centro de Saúde (CS) Faria Lima, volta a ser disponibilizada também nos CSs Barão Geraldo (região norte), Taquaral (leste), Capivari (sudoeste) e Balão do Laranja (noroeste).

A vacina vai estar sendo aplicada às segundas, quartas e sextas-feiras, das 9h às 13h, e às terças e quintas-feiras, das 14h às 18h, em todas as unidades citadas acima. Conforme indicação do Ministério da Saúde, a dose está indicada para as pessoas residentes ou que vão se deslocar para áreas de risco (veja abaixo).

Segundo a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, este esquema visa contemplar uma unidade em cada região da cidade e vai funcionar no final de fevereiro e em todo mês de março. “Neste período, vamos avaliar o retorno completo da descentralização para os 19 centros de saúde que já faziam a vacina até janeiro deste ano”, diz.

O ambulatório do Ceasa e o Cecom, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), já estão recebendo a vacina, mas somente para uso da comunidade local. O Aeroporto de Viracopos está com a vacina disponível para a comunidade aeroportuária e viajantes internacionais.

Situação no Brasil. Até o dia 25 de fevereiro, a situação epidemiológica é de cinqüenta e nove notificações de casos suspeitos de febre amarela silvestre. Destes, trinta e três casos foram confirmados, dos quais dezessete evoluíram para óbito (Taxa de letalidade de 52%). Outros vinte e três casos foram descartados para febre amarela e três permanecem em investigação. Os prováveis locais de infecção dos casos confirmados ocorreram em áreas silvestres de Goiás 61% (20/33), Mato Grosso do Sul 18% (6/33), Distrito Federal 15% (5/33) e Mato Grosso 6% (2/33).

Indicação. Segundo o Ministério da Saúde, devem ser vacinadas contra a febre amarela as pessoas, a partir de seis meses de idade, não vacinadas nos últimos 10 anos residentes ou que se dirijam para as áreas de risco. Não é indicada a revacinação em período inferior a 10 anos da última dose, dado que o uso da vacina fora da recomendação técnica pode aumentar a freqüência de reações indesejadas. Em Campinas, desde janeiro, foram aplicadas cerca de 15 mil doses da vacina contra a febre amarela. Em janeiro de 2007, foram 646. No ano passado todo, Campinas aplicou 10 mil doses. A vacina é repassada pelo Ministério da Saúde aos Estados que envia para os municípios.

Saiba mais.

O que é febre amarela?

É uma doença febril aguda, com duração de 10 dias, causada por um vírus do gênero Flavivirus.

Como se transmite?

É transmitida pela picada de um mosquito infectado do gênero Haemagogus e Sabethes que vivem na floresta. A febre amarela urbana foi erradicada em 1942, ou seja, não foi mais registrado o ciclo urbano da doença que era transmitido pelo Aedes aegypti.

Quais os sintomas da doença?

Dependendo da gravidade, a pessoa pode sentir febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (a pele e os olhos ficam amarelos) e hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina).

Quais são as áreas de risco atual no país?

O Ministério da Saúde lançou nova recomendação (21/01/08) para vacinação de viajantes considerando áreas atuais de transmissão e definiu áreas críticas de risco. São os estados de Goiás, Tocantins e Distrito Federal e áreas de mata, reservas ou florestas dos estados de Amapá, Amazonas, Acre, Pará, Rondônia, Roraima, Maranhão e noroeste de Minas Gerais e oeste do Mato Grosso do Sul.

A doença tem tratamento? Tem cura?

Não existe um medicamento específico, ou seja, o tratamento é hospitalar, de suporte: repouso, uso de medicamentos sintomáticos, reposição de líquidos e de perdas sanguíneas quando necessário e UTI para casos graves. A doença pode evoluir para cura, mas é grave e, embora seja de baixa incidência, tem uma letalidade (taxa de mortalidade entre os doentes) alta.

Como prevenir a doença em Campinas?

Em áreas não endêmicas o mais importante é controlar o mosquito transmissor (Aedes aegypti). Para quem mora ou vai para áreas de risco é necessária também a vacinação.

Se eu for viajar para área de risco, onde posso tomar a vacina?

A vacina é gratuita e está disponível em unidades do Sistema Único de Saúde em qualquer época do ano. É administrada em dose única a partir de 6 ou 9 meses de idade, conforme a área viajada, e é válida por 10 anos. É obrigatória a vacinação para viajantes e moradores das áreas de risco e a dose deve ser aplicada 10 dias antes (tempo que leva para fazer efeito), pois, uma vez adquirida a doença, a letalidade é altíssima, de 72%.

Estamos tendo casos confirmados de febre amarela?

Sim. Mas são casos de febre amarela silvestre, todos os casos contraíram a doença ao se adentrarem na mata sem estar vacinados! Nenhuma pessoa pegou a doença fora de área de risco para febre amarela.

Tenho medo de pegar febre amarela. Posso me vacinar para ficar protegido?

Reforçando, estamos tendo casos de febre amarela silvestre, ou seja, somente pessoas que viajam para áreas de risco sem se vacinar contraíram a doença. Não há casos de pessoas que moram em locais consideradas áreas indene ou áreas sem risco que pegaram febre amarela sem viajar para áreas de risco. Portanto não é recomendado tomar vacina sem necessidade.

A vacina pode causar efeitos colaterais ou eventos adversos?

Pode. Em 5 a 10% dos casos, algumas pessoas podem apresentar reações desde a febre até quadros que simulam a própria febre amarela, portanto quanto mais pessoas são vacinadas, a chance de desenvolver eventos adversos aumenta, por isto estamos insistindo que não há necessidade de tomar a vacina quem não vai viajar para áreas de risco.

Diante do que tem sido veiculado na imprensa, muda a situação de controle da febre amarela em Campinas?

Não. Somente pessoas que se dirigem para áreas de risco de transmissão devem ser vacinadas normalmente no decorrer do ano. Não temos transmissão urbana de febre amarela, segundo o Ministério da Saúde, por isto não está indicada vacinação em massa.

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