Visa promove bloqueio contra raiva em Barão Geraldo

01/02/2010

Autor: Denize Assis

A Secretaria Municipal de Saúde iniciou na última semana, no distrito de Barão Geraldo, uma ação de bloqueio contra a raiva animal, detectada por meio de exames laboratoriais em um morcego encontrado morto no local. No ano passado, outros três animais mortos encontrados no distrito apresentavam a mesma infecção. O local onde foi registrado o novo caso, em 2010, é próximo de dois dos três anteriores, numa distância menor que um quilômetro e setecentos metros.

O bloqueio já é desencadeado desde o início do mês com atuação de técnicos, agentes comunitários de saúde e agentes de controle ambiental. A preocupação da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), órgão da Secretaria da Saúde, é que em 2009, no município inteiro, cinco morcegos analisados e testados tiveram resultado positivo para raiva. Destes, três haviam sido encontrados em Barão Geraldo. Um foi em julho e outros dois em dezembro.

As ações de prevenção das equipes do SUS incluem visita casa a casa. A SMS também faz o levantando do número total de cães e gatos desta área. Com este trabalho é possível identificar os animais que não foram vacinados contra a raiva em 2009. Neste caso é anotado o nome, endereço e telefone do proprietário para que a Vigilância em Saúde (Visa) Norte possa informar os dias que o Centro de Controle de Zoonoses irá para a área vacinar estes animais.

"O bloqueio consiste na ação educativa aliada à vacinação dos animais não vacinados contra a raiva. Nós, da Norte, é que aproveitamos a oportunidade para quantificar a população canina e felina da área de bloqueio para posteriormente realizarmos cálculos de cobertura vacinal e deixar a informação no banco de dados, pois ela pode auxiliar em ações futuras que evolvam controle de outras zoonoses", explica a médica veterinária Tosca de Lucca, técnica da Visa Norte.

Nas casas fechadas, a equipe da Visa Norte, com apoio do Centro de Saúde (CS) de Barão Geraldo, deixa um informe sobre o ocorrido. Também é feita a solicitação para que os proprietários de animais não vacinados entrem em contato com a Visa Norte para que os técnicos possam atualizar a lista de imunização.

A médica veterinária afirma que já foi realizado trabalho semelhante na região. "Já atuamos assim no último bloqueio e foi bastante produtivo. Conseguimos dados importantes. Dado o número de casos nos últimos 30 dias, precisamos alertar esta população, pois ainda existem pessoas que desconhecem o risco de transmissão de raiva por morcegos não hematófagos", afirma a veterinária.

Ela explica que a área de bloqueio corresponde a quinhentos metros de raio do local onde foi encontrado o caso positivo. "Pois alguns munícipes estão ligando e pedindo vacina para animais que não estão na área do bloqueio. Campinas não faz vacinação domiciliar na rotina, mas só em casos de bloqueio de áreas de risco para raiva", explica a veterinária.

Ela alerta ainda para o fato de que apenas o contato com o morcego já é suficiente para a transmissão da raiva aos seres humanos. Os morcegos cujos resultados laboratoriais foram positivos para raiva foram encontrados nos bairros Cidade Universitária, Alto da Cidade Universitária e Guará.

Na Cidade Universitária a Secretaria de Saúde efetuou visitas em 245 imóveis, sendo que outros 258 estavam fechados e apenas doze se recusaram a receber a equipe do SUS. Nos imóveis visitados foram encontrados 290 cães, dois quais somente nove estavam sem vacina e 88 gatos, dos quais apenas três estavam sem vacina.

Porém, de acordo com a Vigilância em Saúde, estes dados são parciais pois houve uma pendência (locais não acessados) de 51,3%. Como os técnicos e agentes deixaram filipetas informativas em todas as casas, vários munícipes telefonaram e informaram que os animais estavam sem vacina.

Já no Alto da Cidade Universitária, segundo a Visa Norte, foram visitados 115 imóveis, dos quais 65 estavam fechados (significa uma pendência de 36,1%). Foram encontramos 165 cães (dezessete sem vacina); 42 gatos (também dezessete não vacinados). Além disto, segundo a Visa Norte alguns proprietários telefonaram para informar que os animais estavam sem vacina.

Raiva

A raiva é uma zoonose viral, que se caracteriza como uma encefalite progressiva aguda e letal. Todos os mamíferos são suscetíveis ao vírus da raiva e, portanto, podem transmiti-la. A doença apresenta dois principais ciclos de transmissão: urbano e silvestre, sendo o urbano passível de eliminação, por se dispor de medidas eficientes de prevenção, tanto em relação ao ser humano, quanto à fonte de infecção.

O uso da vacina e do soro são parte do programa de profilaxia da raiva. A conduta de indicação de aplicação de vacina e soro anti-rábico deve ser realizada pelo profissional de saúde devidamente capacitado. O esquema de profilaxia pode ser de 2 tipos: pré-exposição e pós-exposição. A vacina anti-rábica humana utilizada é fabricada em cultivo celular, sendo mais potente e segura e apresentando menos risco de reações adversas. É gratuita e encontra-se disponível em toda rede do SUS.

Em caso de possível exposição ao vírus rábico, lavar imediatamente a localidade com água corrente e sabão em abundância e procurar assistência médica para, se necessário, aplicação de vacina e soro anti-rábico.

Considerar o esquema de pré-exposição para viagens a locais com alta prevalência da doença e grupos que se expõem constantemente a animais.

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