Autor: Denize Assis
Nesta sexta-feira, dia 19 de fevereiro, a Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas apreendeu e inutilizou 148 sacos de leite que estavam jogados à beira da pista, entre os quilômetros 8 e 9 da Estrada Velha de Indaiatuba (perto da Rodovia dos Bandeirantes), em meio a um matagal. O produto foi enviado para o Aterro Sanitário de Campinas. A denúncia sobre o descarte inadequado chegou à Secretaria de Saúde por meio da imprensa na quinta-feira, no final da tarde.
No lote encontrado, 65 embalagens ainda estavam fechadas. Parte do alimento já estava em estado avançado de decomposição. Continham larvas e o cheiro forte do produto apodrecido chamava atenção de quem passava pelo local. Todo o alimento estava com prazo de validade vencido e para algumas unidades o período de consumo havia expirado há quase um ano.
As embalagens indicam que o alimento era um insumo que integrava o programa “Viva Leite” do Governo do Estado de São Paulo. O leite deveria ser consumido por crianças e idosos de famílias de baixa renda. Em vez disso, foi descartado inadequadamente em uma via pública.
De acordo com o coordenador da Visa Sul de Campinas, o médico veterinário Luiz Henrique Martinelli Ramos, as cinco diferentes datas de validade indicam que eram cinco lotes diferentes. As datas de vencimento nas embalagens eram 1/2/2010, 28/1/2010, 8/2/2010, 11/2/2010 e 9/3/2009.
Segundo o coordenador da Visa Sul, a maioria do leite encontrado trazia a data de vencimento em 11 de fevereiro de 2010. De acordo com a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado, responsável pelo programa “Viva Leite”, o alimento deveria atender crianças de seis meses a seis anos e onze meses, cujas famílias recebam até dois salários mínimos e idosos com renda familiar de até dois salários mínimos, com idade acima de 60 anos.
A Secretaria de Estado informa que, na capital e Região Metropolitana de São Paulo, cabe às Organizações Não Governamentais (ONGs), a inscrição, controle e atendimento dos beneficiários, distribuição gratuita do leite às famílias inscritas e desenvolvimento de demais ações que incrementem o resgate da cidadania dos membros da comunidade.
Em Campinas, assim como nos demais municípios do interior do Estado, as atribuições das ONGs são desempenhadas pelas prefeituras, mediante convênio firmado entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento e a Municipalidade.
Segundo o coordenador da Visa Sul, o fato seria registrado por meio de um boletim de ocorrência na Polícia Civil, que deverá investigar o caso. “A nossa atuação diz respeito à saúde pública e ambiental. Este leite estava todo estragado e não havia sequer condições de ser analisado para saber se trazia algum problema antes mesmo do vencimento”, explicou. Ele também informou que existe uma preocupação do ponto de vista da saúde ambiental, pois as embalagens são plásticas e poderiam, por exemplo, acabar dentro do rio. O produto estava embalado com rótulo específico do programa “Viva Leite” e indicava como fornecedor a Usina Jussara de Laticínios da cidade de Patrocínio Paulista. De acordo com as informações da embalagem, trata-se de leite enriquecido com vitaminas A, E, e ferro.
