Mário Gatti ganha nota ‘ótima’ do Cremesp

13/02/2012

Autor: Carlos Lemes Pereira e Marco Capitão

O Hospital Municipal Doutor Mário Gatti foi classificado na categoria “ótimo” na Avaliação dos Serviços de Urgência e Emergência de Campinas, realizada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), no final do ano passado. O documento é um diagnóstico situacional das oito unidades de urgência e emergência que atuam na saúde pública da cidade, motivado, em grande parte, por queixas de pacientes e profissionais da área e, segundo o Cremesp, tem o objetivo de “superar dificuldades, corrigir erros e elevar a qualidade dos serviços oferecidos à população.”

As vistorias do órgão foram cumpridas entre setembro e outubro de 2011, norteadas por um instrumento de coleta de dados como estrutura organizacional, adequabilidade da área física, disponibilidade de equipamentos mínimos para ressuscitação e manutenção cardiorrespiratória; serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, qualificação de funcionários, entre outros itens normatizados por instituições reguladoras da saúde pública no Brasil. O método definiu uma escala de pontuação máxima de 25, sendo a variação até 20,1 indicando o grau “ótimo” em resolutividade dos serviços. De 20 a 16,1, a nota foi “bom”; de 16 a 14,1, “regular”; de 14 a 12,5, “ruim”, e menos que 12,4, “péssimo”.

O HMMG recebeu 24,1 pontos. Só alguns décimos acima, os hospitais HC da Unicamp, Celso Pierro da PUC-Campinas e Ouro Verde, empataram, com 24,4. Abaixo, pela ordem, vieram os pronto-atendimentos Doutor Sérgio Arouca, no Campo Grande, (13,3 pontos), Vila Padre Anchieta (12,5), São José (12,2) e Centro (11,3). Não foram incluídos no estudo serviços particulares e de convênios médicos.

Sérgio Dias, médico emergencista e membro do Comitê de Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, esclarece que a baixa pontuação dada aos pronto-atendimentos municipais pode ser justificada pelos critérios adotados pelo Cremesp. “Por exemplo, esse diagnóstico situacional leva em conta a infraestrutura dos serviços, isto é, a área física e os equipamentos, daí que os pronto-atendimentos possuem outra vocação, atendem casos de menor complexidade e não podem ser comparados com os hospitais de atenção terciária”, explica.

A médica emergencista Zilda Barbosa, que também integra o Comitê de Urgência e Emergência da Secretaria, complementa que os PAs municipais também não dispõem de exames diagnósticos mais complexos como tomografia computadorizada, ultrassom, e laboratório 24 horas. Segundo a médica, a falta de um banco de sangue e de especialistas de plantão no local do atendimento também contribuíram para baixar a nota dos PAs nessa avaliação do Cremesp.

Zilda ressalta, no entanto, que é preciso considerar que os pronto-atendimentos municipais são equipamentos importantes para diminuir o fluxo de pacientes de baixa e média complexidade nos prontos-socorros hospitalares. Ela informa que os quatro PAs municipais atendem uma média de 40 mil pacientes mês, enquanto que nos prontos-socorros dos hospitais Mário Gatti, Ouro Verde, PUC e Unicamp a média mensal chega a 45 mil.

“É preciso considerar, ainda, que os nossos PAs estão localizados em regiões estratégicas e permitem o acesso de pacientes de diversas partes da cidade. Além disso, apesar das limitações de infraestrutura, essas unidades de saúde também atendem com mais rapidez”, finaliza a médica.

O Mário Gatti mereceu menções positivas no relatório por dispor de regimento interno, corpo clínico, além de comissões de ética médica, de revisão de prontuário médico e de revisão de óbitos. A classificação só não foi mais elevada por causa de questões pontuais, como a reforma no pronto-socorro adulto, que, segundo o Cremesp, deixa ambiente e fluxos internos momentaneamente não adequados.Importância.

Usando dados do IBGE, que mostram Campinas como o terceiro município mais populoso do estado, fazendo parte do chamado Complexo Metropolitano Expandido, que ultrapassa a casa dos 29 milhões de habitantes (aproximadamente 75% da população do estado), o Cremesp lembra que, por essa relevância, a cidade sedia importantes serviços da estrutura governamental de saúde pública e universidades. “Isso a torna pólo de referência em saúde”, descreve o documento.

Nesse aspecto populacional, a importância dos serviços públicos de urgência e emergência de Campinas pode ser medida pelo dado estatístico levantado pelo Cremesp: para uma população de 1.088.611 pessoas atribuídas a Campinas pelo IBGE, as unidades da cidade, juntas, atenderam 956.568, entre janeiro e agosto de 2011. Ou seja, perto de 88%. Lógico que é necessário relativizar aí o fato de a maioria dos serviços receberem demanda regional, estadual e – no caso do Mário Gatti -, até interestadual.

Com essas considerações, o Cremesp defende trabalhos como a Avaliação dos Serviços de Urgência e Emergência de Campinas como uma forma eficiente de “produzir dados que permitam ao Cremesp, gestores públicos, diretores clínicos, conselheiros municipais de saúde e médicos de forma geral, o aperfeiçoamento das normas éticas e técnicas existentes que qualifiquem a organização dos serviços e a assistência à saúde.”

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