Encontro aborda a dengue e outras doenças febris hemorrágicas

28/02/2012

Autor: Denize Assis

Campinas registrou o primeiro caso de dengue hemorrágica nesta segunda-feira, dia 27. Capacitação para a assistência a pacientes é medida eficiente para a redução da mortalidade

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), promove na próxima sexta-feira, dia 2 de março, o 3º Encontro Municipal sobre Dengue e outras Síndromes Febris Hemorrágicas.

A capacitação também vai abordar os aspectos clínicos (sinais e sintomas), a situação epidemiológica (situação da doença) e o manejo (como tratar e acompanhar) de pacientes com doença meningocócica, febre maculosa e leptospirose.

O evento acontece no Salão Vermelho do Paço Municipal, de manhã e à tarde, com o mesmo conteúdo, com início às 8h30 e às 13h30. A inscrição pode ser feita por meio das Vigilâncias Distritais até esta quarta-feira, dia 29 (veja abaixo).

Medida eficiente.

Segundo o médico infectologista Rodrigo Angerami, da Covisa, até que a vacina contra dengue se torne uma realidade no âmbito de saúde pública, em curto prazo, continuar a investir na capacitação de recursos humanos para a assistência a pacientes com dengue é, sem dúvida, a medida mais eficiente para a redução de morbimortalidade associada à doença.

Dengue Hemorrágica.

Nesta segunda-feira, dia 27 de fevereiro, Campinas confirmou o primeiro caso de dengue hemorrágica de 2012. Trata-se de um paciente adulto que foi acolhido e recebeu os cuidados iniciais, inclusive hidratação endovenosa, em um Centro de Saúde (CS) da região Noroeste. Após o acompanhamento na unidade básica, a pessoa foi encaminhada para um hospital, onde seguiu com tratamento até receber alta.

De acordo com o balanço divulgado neste dia 27, no acumulado de 2012, Campinas tem 54 casos de dengue confirmados.

O médico sanitarista André Ribas Freitas, coordenador do Programa Municipal de Controle da Dengue, informa que a incidência de dengue nestes primeiros dois meses de 2012 está dentro do esperado para esta época do ano.

Em relação à notificação da forma hemorrágica, Ribas Freitas afirma que esta situação epidemiológica – com aumento de casos graves - é esperada em regiões onde a dengue se torna endemo-epidêmica, isto é, em regiões onde a doença está sempre presente, com picos em determinados períodos.

“O município já enfrentou grandes epidemias, em 1998, 2002, 2007 e 2011, com alternância de sorotipos e há um contingente grande de pessoas anteriormente expostas. Este conjunto de fatores aumenta a capacidade de propagação do vírus na comunidade e também predispõe à ocorrência de casos graves. Neste contexto, é esperado o aumento de casos com maior severidade, inclusive com possibilidade das formas hemorrágicas”, diz Ribas Freitas.

Diante deste quadro, afirma o sanitarista, é fundamental qualificar o atendimento para os profissionais de saúde estarem mais sensíveis, mais atentos e conhecerem todos os sinais de alerta. “Avaliação clínica adequada, incluindo aferição de pressão em duas posições, e exames simples como hemograma e dosagem de albumina possibilitam identificar sinais de gravidade com precocidade, tratar e acompanhar o paciente reduzindo a letalidade da dengue”, diz André.

Estes aspectos, além de outros, serão abordados no encontro da próxima sexta-feira. A expectativa de Secretaria é de uma grande adesão de profissionais da assistência e da vigilância epidemiológica das redes de saúde pública e privada, principalmente de médicos e enfermeiros que atuam nos serviços de urgência e emergência.

As palestras serão proferidas pelo médico sanitarista André Ribas Freitas, coordenador do Programa Municipal de Controle da Dengue; pela enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, da Covisa; pelo médico infectologista Christian Cruz Hofling, do Hospital Municipal Mário Gatti; pela médica veterinária Andrea Von Zuben, da Covisa; e pelo médico infectologista Rodrigo Angerami, da Covisa.

Para se inscrever, o profissional deve entrar em contato, até dia 29 de fevereiro, pelos telefones das Visas, que são: Visa Norte (3242-5870); Visa Sul (3273-5055); Visa Leste (3212-2755); Visa Noroeste (3268-6244); e Visa Sudoeste (3268-6233). A inscrição também pode ser feita no dia do evento.

Ações.

Nesta terça-feira, Campinas promove bloqueio químico contra a dengue em bairros na abrangência dos CSs Orosimbo Mais e Paranapanema, na região sul.

Outras doenças febris hemorrágicas.

Embora este texto ressalte a questão da dengue, todas as doenças a serem abordadas no encontro são potencialmente relevantes em Campinas. Algumas pela sazonalidade, como a leptospirose; a dengue pelo risco iminente, agora com a expectativa da introdução do sorotipo 4 e pelos elevados índices de infestação pelo mosquito transmissor, o Aedes aegypti; e a febre maculosa pelo comportamento endêmico na região e pela alta letalidade verificada nos últimos períodos no município, acima da média do Estado.

Ainda há a questão da doença meningocócica – inclui meningite e meningoccemia –, que merece atenção especial. Assim como no Brasil, em Campinas a doença meningocócica é considerada endêmica. A ocorrência de casos é esperada ao longo de todo o ano, principalmente no inverno, assim como a possibilidade de surtos comunitários ou institucionais.

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