Dia de Prevenção das LER/DORT será marcado por atividades

26/02/2013

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A Secretaria de Saúde realiza nesta quinta-feira, dia 28 de fevereiro, uma ação para o combate às LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos/ Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho). As atividades serão realizadas pelo Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador de Campinas (CEREST) nas salas de espera de Pronto Socorros e Pronto Atendimentos do município. O objetivo é identificar pacientes que sofram da doença conscientizar a população acerca da mesma.

As ações ocorrem para marcar o dia Internacional de Prevenção a LER, doença que atingiu mais de seis mil pessoas entre 2000 e 2009 em Campinas. Segundo a coordenadora do CEREST, Mirian Pedrollo Silvestre, muitas pessoas sentem dor e acabam procurando por assistência paliativa nos Pronto Atendimentos, onde recebem um medicamento que irá aliviar momentaneamente a dor e acabam voltando às atividades nocivas que desenvolvem no ambiente de seu trabalho. “Esses pacientes ficam presos neste ciclo, o que pode agravar muito a doença. Uma vez identificados os possíveis portadores, orientaremos como procurar ajuda e tratamento, além de darmos um folder explicativo”, conta a coordenadora Mirian.

Um dos objetivos da data é mostrar que o trabalho é uma atividade que também pode adoecer. O trabalhador deve estar atento, diariamente, para as atividades que desenvolve e saber se seus afazeres profissionais apresentam algum risco para sua saúde, podendo gerar lesões.

De acordo com Mirian, pessoas que realizam movimentos repetitivos, que por algum motivo tiveram sua rotina intensificada, que exercem suas atividades num ritmo rápido ou que tem um ambiente profissional organizado de forma nociva e competitiva, com chefias que fazem gestão com base no medo, fazem parte da população que mais está propícia a desenvolver LER e sentir dores.

O sintoma mais frequente da doença é a presença de dor, em geral nos membros superiores ou na parte do corpo utilizada de forma repetitiva no trabalho. Uma avaliação adequada e um diagnóstico precoce da síndrome aumentam as chances de cura e diminuem o risco da lesão se tornar grave. “Este agravo, causado pela realização de movimentos repetitivos dentre outros fatores, gera muita polêmica no diagnóstico. A dor pode ficar presente durante anos, até que apareça alguma alteração num exame complementar. Alguns pacientes passam por situações de descrédito; recebem atendimento de pessoas que não valorizam os quadros inicias e deixam de agir quando o problema ainda pode ser tratado. Até que o trabalhador entra em crise de dor, com necessidade de afastamento do trabalho. Nas situações mais graves, o sofrimento do trabalhador, que poderia ter sido evitado, pode levá-lo à incapacidade permanente para o trabalho, com necessidade de tratamento de saúde constante, onerando a Previdência Social, o SUS e toda a sociedade”, explica a coordenadora Mirian.

As ações ocorrerão nos Prontos Atendimentos do Campo Grande, Anchieta e São José, além dos Prontos Socorros do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, Complexo Hospitalar Ouro Verde e Hospital Celso Pierro, da PUC Campinas, onde as equipes irão abordar pacientes em atendimento durante todo o dia.

Diagnóstico e Prevenção

O CEREST atende hoje os casos mais complexos de LER, que são direcionados à unidade. Mas a porta de entrada para o diagnóstico e tratamento são todos os 63 Centros de Saúde de município, onde o clínico geral ou o médico da família irão realizar a avaliação diagnóstica e instituir o tratamento inicial.

Nos últimos dois anos foram registrados 367 casos de trabalhadores com LER/DORT no município de Campinas, segundo o SINAN (Sistema Nacional de Agravos de Notificação). Mas, segundo a coordenadora Mirian, este dado não reflete a realidade, estando muito aquém do número real de adoecidos. “Um pouco mais próximo do número real, mas ainda bastante distante do que de fato acontece no interior dos ambientes de trabalho, pode ser observado por meio dos dados da Previdência Social”, afirma.

No período de 2000 a 2009 foram concedidos, em Campinas, 6.506 benefícios de espécie acidentária por doenças que se enquadram nas LER/DORT. Destes, 6.370 foram afastamento por doença ou aposentadoria por invalidez e o restante indenizações por incapacidade parcial permanente.

CEREST

No dia 20 de fevereiro, o CEREST de Campinas completou 26 anos de existência, sendo um dos centros de referência do trabalhador mais antigos do Brasil a olhar para as doenças relativas ao trabalho. Foi durante a década de 80 que houve registro do início dos casos mais evidentes da doença no município. Já a década de 90 é marcada por um surto dessa síndrome, identificadas pela rede SUS na região.

A unidade faz um trabalho de prevenção junto aos sindicatos para conscientizar o trabalhador sobre seus direitos. O centro realiza, ainda, a vigilância em ambientes de trabalho, por meio de inspeções sanitárias, em que detectam se a empresa apresenta situações de riscos, que geram lesões. “Não adianta tratar os pacientes se as empresas continuam trabalhando de uma forma que adoeça a pessoas”, enfatiza a coordenadora Mirian.

O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Campinas está localizado na Av. Prefeito Faria Lima, nº 680, Parque Itália.

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