Informe Técnico - Dengue

20/03/2001

Confirma-se nova transmissão autóctone de dengue em Campinas neste ano. Devido a ocorrência de um caso de dengue hemorrágico no município em 2000, a circulação do vírus tipo II e de outras epidemias em anos anteriores, a possibilidade de formas graves da doença é cada vez mais presente.

A atual epidemia mostra-se, até o momento, com um padrão de pequeno porte e de progressão lenta, conforme mostra o gráfico abaixo, com dados atualizados pela CoVISA em 20/03/2001 e com a distribuição dos casos por semana epidemiológica.

A distribuição dos casos por região da cidade, local de residência e sua classificação podem ser observadas nas tabelas abaixo.

Distrito de Residência Casos Autóctones Coef. Inc.* Casos Importados Casos em Investigação Total Coef. Inc.*
Norte 6 3,55 11 1 18 10,65
Sul 10 4,37 8 0 18 7,86
Leste 11 4,91 3 0 14 6,25
Sudoeste 2 0,94 6 0 8 3,75
Noroeste 4 2,64 4 0 8 5,28
Total 33 3,34 32 1 66 6,69
Fonte: CoVISA - Dados atualizados até 20/03/2001.

Tabela 2
Casos autóctones de dengue segundo o bairro de residência, Campinas, 2001
BAIRRO CASOS
Norte
Jardim San Martin 03
Jardim São Marcos 02
Cidade Universitária 01
SUL
Jardim São Fernando 05
Jardim Santa Odila 02
Jardim Tamoio 01
Jardim Santa Eudóxia 01
Jardim São Vicente 01
Leste
Vila Costa e Silva 09
Jardim Conceição 01
Centro  01
Sudoeste
Jardim Vista Alegre 01
Jardim Santa Lúcia 01
Noroeste
Vila Perseu Leite de Barros 01
Jardim Campos Elíseos 01
Vila União 01
Parque Valença 01
Total 33
Fonte: CoVISA - 20/03/2001.

Em relação a possibilidade de ocorrência de formas graves, merece atenção a região de abrangência do Centro de Saúde Orosimbo Maia, pois foi a área de ocorrência daquele caso de dengue hemorrágico. Dois dos pacientes confirmados este ano, naquela área, tiveram dengue no ano passado.

A predominância dos casos é nos adultos jovens, de ambos os sexos.

Diferentemente do observado em Sumaré, onde grande parte dos pacientes apresentaram sintomatologia atípica, sem febre, em Campinas 96% dos casos apresentam-se com febre, 84% com mialgia, 89% com cefaléia e 36% com exantema.

A tabela 3 mostra os municípios com transmissão autóctone na região de Campinas.  

Tabela 3

Município Nº de casos autóctones
Campinas 33
Hortolândia 2
Indaiatuba 02
Paulínia 01
Santa Bárbara 02
Sumaré 31
Total 71
Casos autóctones nos municípios da DIR XII.

Fonte: CoVISA (atualizado em 16/03/2001).

Obs.: O total de casos confirmados entre autóctones e importados e em investigação é de 141 casos na região.

Há ocorrência de casos em várias regiões do Estado de São Paulo, sendo mais preocupantes as situações de Barretos, Ribeirão Preto, Araraquara, e São José do Rio Preto. Em Barretos há um caso confirmado de dengue hemorrágico, que não evoluiu para óbito. O caso de Jardinópolis, noticiado na imprensa, ainda não foi confirmado oficialmente.

Em relação ao país, há ocorrência de casos nas regiões Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sudeste. A região Norte, até então endene em alguns Estados, apresentou epidemias explosivas no Acre e Amazonas.

Os casos importados do município de Campinas são originários principalmente da Bahia, Minas Gerais e Pará.

Observa-se na epidemia atual em Campinas um aumento de casos fortemente suspeitos, com vínculo epidemiológico claro, sem confirmação sorológica. Uma hipótese levantada para explicar tal situação é uma provável baixa viremia. Diante disso, recomenda-se a coleta de 2a amostra, de forma sistemática, em todos os casos duvidosos.

Outro aspecto fundamental neste momento é a necessidade de identificação da circulação viral, o que será obtido através de coleta para isolamento viral no maior número de suspeitos possível, não só nos suspeitos de importados, como era a prática anterior, mas também nos casos de autoctonia. Tem se observado positividade no isolamento viral em amostras coletadas entre o 2o e o 5o dia de doença, corroborando a hipótese de baixa viremia. Nesse sentido, também recomenda-se a coleta para isolamento mesmo em situações de oportunidade tardia, quando não for possível preferencialmente a coleta no 2o dia de doença.

Finalmente, uma importante medida de controle da doença do ponto de vista da sua epidemiologia é a busca de casos e o diagnóstico precoce. Tem se observado neste ano um baixo índice de suspeição comparando-se aos anos anteriores. Assim, aumentar a suspeita de casos em todos os serviços de saúde aumentará a sensibilidade do sistema de vigilância e conseqüentemente o controle da epidemia.

QUADRO RESUMO DAS PRINCIPAIS MEDIDAS DA VIGILÂNCIA

EPIDEMIOLÓGICA NESTE MOMENTO:

- Aumentar a suspeição

- Coletar 2a amostra para sorologia quando necessário

- Coletar amostra para isolamento viral

Campinas, 20 de março de 2001.

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