Campinas confirma casos de dengue do sorotipo III

13/03/2002

As Secretarias de Saúde do Estado de São Paulo e do município de Campinas confirmaram os dois primeiros casos de dengue do sorotipo III no município. Os exames foram realizados pelo Instituo Adolfo Lutz de São Paulo. Um deles é importado do Rio de Janeiro, com quadro clínico de dengue clássica. O paciente é do sexo masculino, adulto e morador da Região Sudoeste. O caso evoluiu para cura. O outro trata-se do primeiro caso de dengue hemorrágica do município, que já foi divulgado. É autóctone, do Campo Belo, na Região Sul. O paciente também evoluiu para cura.

Um terceiro caso está sendo investigado. Trata-se de um paciente com caso confirmado de leptospirose, da Região Sudoeste, que evoluiu para óbito por essa doença e cujo caso também já foi divulgado. No entanto, no sangue desse paciente foram encontradas partículas virais do dengue III. Por isso, embora a equipe que analisa o caso não tenha dúvida de que ele morreu por causa da leptospirose, a investigação continuará para que possa ficar esclarecido o porquê do encontro do vírus tipo III no sangue do paciente.

Do ponto de vista da saúde pública este resultado está sendo considerado também para indicar as ações de controle adicionais no combate à dengue, que inclui busca ativa na região de moradia e trabalho do paciente, de forma mais sensível, ou seja: todo paciente com febre será investigado para dengue; realizar outras pesquisas de vírus principalmente na região; reforçar orientação aos profissionais de saúde do município e do local de moradia do paciente quanto à assistência aos doentes e, ainda, realizar índice de Breteau ao redor do local de moradia para avaliar o índice de infestação larvária.

Mediante essas ocorrências, as Secretarias concluíram que o vírus do sorotipo III já circula no município e, talvez, em outras cidades da região. As Secretarias já estavam atentas para a possível introdução desse vírus na região, já que o sorotipo III circula em outras localidades do País - principalmente no Rio de Janeiro - e também por levar em conta o grande fluxo e circulação dos munícipes de Campinas e de pessoas que vêm de outras localidades e dos municípios vizinhos.

O sorotipo III pode induzir a um quadro de dengue com características mais graves, independente de infecções anteriores por outros sorotipos, e à forma hemorrágica da doença. Aliado a isso, as pessoas acometidas por outros sorotipos, se infectadas pelo sorotipo III, também podem desenvolver a dengue hemorrágica.

Portanto, a Secretaria Municipal reforça as orientações que já vinham sendo dadas sobre a possibilidade da ocorrência de casos graves e da forma hemorrágica da dengue: Todos os serviços de saúde da rede pública e privada devem estar atentos para fazer diagnóstico precoce da doença e, assim, proporcionar assistência adequada aos doentes. Além disso, a evolução clínica de cada paciente deve ser acompanhada. Somente desta maneira é possível detectar rapidamente formas mais graves e intervir no tratamento. Todos os casos devem ser notificados e, as formas graves, imediatamente informadas.

Com relação às medidas ambientais e sanitárias, a Secretaria informa que as ações necessárias para conter o avanço da doença já vinham e continuarão sendo implementadas, já que o tipo de ação de controle independe do sorotipo circulante, pois a forma de transmissão da doença é a mesma para qualquer sorotipo. A Secretaria também ressalta que não espera uma explosão de casos em função da introdução do sorotipo III, como vem acontecendo no Rio de Janeiro, por exemplo. Mas reforça a necessidade de notificação imediata para medidas rápidas de controle e a necessidade da participação de todos os seguimentos da sociedade. O controle da doença e a expansão da epidemia estão diretamente relacionados com as ações de controle, principalmente as de eliminação de criadouros.

Números de dengue em 2002 em Campinas:

Total de casos: 544
Importados: 106
Autóctones: 396
Em investigação: 42
Número de suspeitos: 4.336
Coeficiente de incidência: 40,93 por grupo de 100 mil habitantes (autóctones)

Número de casos por Região:

Norte: 68 – 25 aut.; 30 importados e 13 em investigação
Sul: 305 – 277 aut.; 10 importados e 18 em investigação
Leste: 51 – 17 aut.; 33 importados e 1 em investigação
Sudoeste: 51 – 27 aut.; 15 importados e 9 em investigação
Noroeste: 69 – 50 aut.; 18 importados e 1 em investigação

Número total de bairros atingidos: 116
Número de casos da região do Campo Belo: 209
Número de casos confirmados de dengue hemorrágica: 3
Número de casos de dengue hemorrágica em investigação: 4
Número de casos de dengue hemorrágica já descartados: 3

 

Ações que vêm sendo desenvolvidas para o combate à dengue:

  • Busca ativa em todos os casos suspeitos de dengue, para identificação de possíveis novos casos;

  • Atualização para médicos, em parceria com a Sociedade de Medicina e Cirurgia, sobre assistência aos pacientes com dengue, nas formas grave e hemorrágica;

  • Divulgação da situação da epidemia, para profissionais da saúde e para a sociedade em geral, através de informes técnicos e da internet no portal da saúde;

  • Ampliação do quadro de agentes de saúde e treinamento de dengue para os mesmos;

  • Remoção ou inviabilização de criadouros em áreas com suspeita ou confirmação de casos e também em áreas com alta infestação pelo mosquito;

  • Arrastões para remoção de criadouros com a participação do Exército, da Associação das Empresas Locadoras de Caçambas e dos calouros da Unicamp;

  • Bloqueio químico em áreas de transmissão, em conjunto com a Sucen;

  • Intensificação do controle de pontos de risco (borracharias, ferros- velhos, recicladores de resíduos, imóveis abandonados, etc.), com inviabilização de criadouros através de manejo integrado (mecânico, químico e biológico), e aplicação de penalidades administrativas quando necessário;

  • Notificação das imobiliárias para manterem os imóveis desocupados sob sua responsabilidade, livres de criadouros;

  • Substituição dos reservatórios inadequados de água na região do Campo Belo, por caixas d’água, em parceria com a Sanasa;

  • Limpeza dos córregos, de áreas públicas e de áreas prioritárias para o controle de vetores, com contratação de equipes, caminhões e equipamentos;

  • Maior agilidade nas notificações, através alocação de digitadores nas equipes de vigilância dos distritos de saúde;

  • Alerta aos viajantes no período do Carnaval, especialmente para o Rio de Janeiro, com distribuição de folhetos na rodoviária e no aeroporto;

  • Produção de folhetos educativos em parceria com a Tetra Pak e Sindicato dos Lojistas;

  • Orientações educativas para a comunidade com carro-som dos sindicatos;

  • Desencadeado processo de ampliação da equipe do CCZ para desinsetização, com contratação de pessoal e aquisição de equipamentos;

  • Ações educativas e culturais com a população;

  • Constituição da Comissão Municipal de Combate à Dengue, com a participação de várias secretarias da Prefeitura e de outras instituições.

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