As
Secretarias de Saúde do Estado de São Paulo e do município de
Campinas confirmaram os dois primeiros casos de dengue do sorotipo
III no município. Os exames foram realizados pelo Instituo Adolfo
Lutz de São Paulo. Um deles é importado do Rio de Janeiro, com
quadro clínico de dengue clássica. O paciente é do sexo
masculino, adulto e morador da Região Sudoeste. O caso evoluiu
para cura. O outro trata-se do primeiro caso de dengue hemorrágica
do município, que já foi divulgado. É autóctone, do Campo
Belo, na Região Sul. O paciente também evoluiu para cura.
Um
terceiro caso está sendo investigado. Trata-se de um paciente com
caso confirmado de leptospirose, da Região Sudoeste, que evoluiu
para óbito por essa doença e cujo caso também já foi
divulgado. No entanto, no sangue desse paciente foram encontradas
partículas virais do dengue III. Por isso, embora a equipe que
analisa o caso não tenha dúvida de que ele morreu por causa da
leptospirose, a investigação continuará para que possa ficar
esclarecido o porquê do encontro do vírus tipo III no sangue do
paciente.
Do
ponto de vista da saúde pública este resultado está sendo
considerado também para indicar as ações de controle adicionais
no combate à dengue, que inclui busca ativa na região de moradia
e trabalho do paciente, de forma mais sensível, ou seja: todo
paciente com febre será investigado para dengue; realizar outras
pesquisas de vírus principalmente na região; reforçar orientação
aos profissionais de saúde do município e do local de moradia do
paciente quanto à assistência aos doentes e, ainda, realizar índice
de Breteau ao redor do local de moradia para avaliar o índice de
infestação larvária.
Mediante
essas ocorrências, as Secretarias concluíram que o vírus do
sorotipo III já circula no município e, talvez, em outras
cidades da região. As Secretarias já estavam atentas para a possível
introdução desse vírus na região, já que o sorotipo III
circula em outras localidades do País - principalmente no Rio de
Janeiro - e também por levar em conta o grande fluxo e circulação
dos munícipes de Campinas e de pessoas que vêm de outras
localidades e dos municípios vizinhos.
O
sorotipo III pode induzir a um quadro de dengue com características
mais graves, independente de infecções anteriores por outros
sorotipos, e à forma hemorrágica da doença. Aliado a isso, as
pessoas acometidas por outros sorotipos, se infectadas pelo
sorotipo III, também podem desenvolver a dengue hemorrágica.
Portanto,
a Secretaria Municipal reforça as orientações que já vinham
sendo dadas sobre a possibilidade da ocorrência de casos graves e
da forma hemorrágica da dengue: Todos os serviços de saúde da
rede pública e privada devem estar atentos para fazer diagnóstico
precoce da doença e, assim, proporcionar assistência adequada
aos doentes. Além disso, a evolução clínica de cada paciente
deve ser acompanhada. Somente desta maneira é possível detectar
rapidamente formas mais graves e intervir no tratamento. Todos os
casos devem ser notificados e, as formas graves, imediatamente
informadas.
Com
relação às medidas ambientais e sanitárias, a Secretaria
informa que as ações necessárias para conter o avanço da doença
já vinham e continuarão sendo implementadas, já que o tipo de ação
de controle independe do sorotipo circulante, pois a forma de
transmissão da doença é a mesma para qualquer sorotipo. A
Secretaria também ressalta que não espera uma explosão de casos
em função da introdução do sorotipo III, como vem acontecendo
no Rio de Janeiro, por exemplo. Mas reforça a necessidade de
notificação imediata para medidas rápidas de controle e a
necessidade da participação de todos os seguimentos da
sociedade. O controle da doença e a expansão da epidemia estão
diretamente relacionados com as ações de controle,
principalmente as de eliminação de criadouros.
Números
de dengue em 2002 em Campinas:
Total
de casos: 544
Importados: 106
Autóctones: 396
Em investigação: 42
Número de suspeitos: 4.336
Coeficiente de incidência: 40,93 por grupo de 100 mil habitantes
(autóctones)
Número
de casos por Região:
Norte:
68 – 25 aut.; 30 importados e 13 em investigação
Sul: 305 – 277 aut.; 10 importados e 18 em investigação
Leste: 51 – 17 aut.; 33 importados e 1 em investigação
Sudoeste: 51 – 27 aut.; 15 importados e 9 em investigação
Noroeste: 69 – 50 aut.; 18 importados e 1 em investigação
Número
total de bairros atingidos: 116
Número
de casos da região do Campo Belo: 209
Número de casos confirmados de dengue hemorrágica: 3
Número de casos de dengue hemorrágica em investigação: 4
Número de casos de dengue hemorrágica já descartados: 3
Ações
que vêm sendo desenvolvidas para o combate à dengue:
-
Busca
ativa em todos os casos suspeitos de dengue, para identificação
de possíveis novos casos;
-
Atualização
para médicos, em parceria com a Sociedade de Medicina e
Cirurgia, sobre assistência aos pacientes com dengue, nas
formas grave e hemorrágica;
-
Divulgação
da situação da epidemia, para profissionais da saúde e para a
sociedade em geral, através de informes técnicos e da internet
no portal da saúde;
-
Ampliação
do quadro de agentes de saúde e treinamento de dengue para os
mesmos;
-
Remoção
ou inviabilização de criadouros em áreas com suspeita ou
confirmação de casos e também em áreas com alta infestação
pelo mosquito;
-
Arrastões
para remoção de criadouros com a participação do Exército,
da Associação das Empresas Locadoras de Caçambas e dos
calouros da Unicamp;
-
Bloqueio
químico em áreas de transmissão, em conjunto com a Sucen;
-
Intensificação
do controle de pontos de risco (borracharias, ferros- velhos,
recicladores de resíduos, imóveis abandonados, etc.), com
inviabilização de criadouros através de manejo integrado (mecânico,
químico e biológico), e aplicação de penalidades
administrativas quando necessário;
-
Notificação
das imobiliárias para manterem os imóveis desocupados sob sua
responsabilidade, livres de criadouros;
-
Substituição
dos reservatórios inadequados de água na região do Campo
Belo, por caixas d’água, em parceria com a Sanasa;
-
Limpeza
dos córregos, de áreas públicas e de áreas prioritárias
para o controle de vetores, com contratação de equipes, caminhões
e equipamentos;
-
Maior
agilidade nas notificações, através alocação de digitadores
nas equipes de vigilância dos distritos de saúde;
-
Alerta
aos viajantes no período do Carnaval, especialmente para o Rio
de Janeiro, com distribuição de folhetos na rodoviária e no
aeroporto;
-
Produção
de folhetos educativos em parceria com a Tetra Pak e Sindicato
dos Lojistas;
-
Orientações
educativas para a comunidade com carro-som dos sindicatos;
-
Desencadeado
processo de ampliação da equipe do CCZ para desinsetização,
com contratação de pessoal e aquisição de equipamentos;
-
Ações
educativas e culturais com a população;
-
Constituição
da Comissão Municipal de Combate à Dengue, com a participação
de várias secretarias da Prefeitura e de outras instituições.