Uma
das frentes de trabalho ocorre com a direção do Complexo
Penitenciário Campinas-Hortolândia. Atuação com laboratórios
dos hospitais também é reforçada
Para marcar o
Dia Internacional de Combate à Tuberculose, 24 de março, a
Secretaria de Saúde de Campinas acaba de reforçar parceria com
a comunidade e seus representantes nas ações de controle da
doença.
Este ano, o
tema do dia 24 é "O DOTS me curou e poderá curar você
também". O DOTS, modelo de tratamento proposto pela OMS
(Organização Mundial de Saúde), significa tratamento
diretamente observado, que ocorre quando o profissional de saúde
está presente no momento em que o paciente tem que tomar o remédio.
Nesta
sexta-feira, 21, profissionais da Vigilância Epidemiológica
Municipal e da DIR 12 (Direção Regional de Saúde de Campinas)
reúnem-se com representantes do Complexo Penitenciário
Campinas-Hortolândia para organizar um trabalho, nos presídios,
de busca de casos suspeitos de tuberculose e estabelecer uma
rotina que reorganize o registro das ocorrências e o
tratamento.
A idéia é que
as ações de busca de casos suspeitos de tuberculose nos presídios
tenha início já nos próximos dez dias e que, a partir daí,
seja inserido na rotina de trabalho. O número de casos da doença
na população carcerária é muito maior do que na população
em geral.
De acordo com a
enfermeira sanitarista Brigina Kemp, responsável pela Vigilância
Epidemiológica Municipal, Campinas quer tratar com especial
importância a tuberculose em grupos de pessoas que permanecem
confinadas. De acordo com ela, por ser contagiosa, além da
população presa, os profissionais que trabalham no sistema
prisional, familiares e demais visitantes estão submetidos a
altos risco de adoecerem.
"Assim,
temos que tratar essa questão como um problema de toda a
sociedade e não só da população presa", diz Brigina.
Ela ressalta que, em Campinas, 7% das pessoas que adoecem de
tuberculose morrem. A cidade registra, em média, 400 casos
novos da doença por ano.
Parceria com
hospitais
E, além das
atividades com as unidades prisionais, a Secretaria está reforçando
o trabalho com hospitais de Campinas. Na última quinta-feira,
20, o Laboratório Municipal de Campinas iniciou trabalho com
profissionais dos laboratórios dos Hospitais Celso Pierro e Mário
Gatti.
Eles estão
sendo capacitados para fazer vigilância laboratorial da doença
e para atuarem com um sistema informatizado produzido pela
Secretaria de Saúde do Estado que melhora a avaliação do
programa de controle da tuberculose.
A tuberculose
tem cura
A tuberculose
é uma doença que tem cura. O tratamento é gratuito e de fácil
acesso. Em Campinas, um dos desafios com relação à doença,
é diminuir o número de pacientes que abandonam o tratamento.
Do total de casos em tratamento (500 por ano – incluindo 400
casos novos), 10,5% abandonam o tratamento antes de estarem
curados. Dados da Secretaria Municipal de Saúde apontam que, em
1995, a taxa de abandono era de 19%.
Quando o
paciente abandona o tratamento, ele pode adoecer novamente e
desenvolver uma forma mais resistente da doença, que não
responde aos remédios que eram usados anteriormente.
Além disso, é
provável que o paciente espalhe esta forma de tuberculose mais
forte e menos curável, conhecida como tuberculose resistente
aos medicamentos.
O índice de
mortes por tuberculose também tem diminuído em Campinas nos últimos
anos. Em 1995, a tuberculose levava à morte 16% dos pacientes
na cidade. Atualmente, este índice caiu para 7%.
O modelo de
Campinas
Campinas é
apontada no Brasil como referência de município que consegue
evitar muitas mortes por tuberculose. Parte deste mérito se
deve ao trabalho que a Secretaria de Saúde desenvolve, desde
2001, por meio do Paidéia – Saúde da Família, denominado
Tratamento Supervisionado Modificado. O modelo é uma variação
do DOTS.
A forma de
cuidar adotada por Campinas vai além de ver o paciente tomar a
medicação. O profissional de saúde também acolhe, assiste e
estimula a pessoa a se tratar, além de trabalhar para que o
paciente desenvolva autonomia no tratamento.
A grande
diferença do Tratamento Supervisionado Modificado, no entanto,
está na construção do vínculo entre pacientes e
profissionais da saúde e da assistência social. A freqüência
dos contatos entre a equipe de saúde e o paciente é maior. Além
disso, são desenvolvidos projetos terapêuticos individuais e a
cidadania também é estimulada.
A experiência
de Campinas aponta que, quando o tratamento é auto administrado
– feito pelo próprio paciente –, a taxa de cura fica em
torno de 50%. Quando o tratamento é realizado com o apoio dos
profissionais de saúde, este índice sobe para perto de 75%.
Quando
suspeitar
O sintoma mais
freqüente da tuberculose é a tosse, muitas vezes acompanha de
escarro. Segundo Brigina Kemp, geralmente, as pessoas pensam que
sua tosse é comum, ou porque são fumantes ou porque acreditam
ser uma gripe mal curada. Por isso, diz: "qualquer pessoa
com tosse por duas semanas ou mais deve procurar ou ser
encaminhada ao centro de saúde".
Além da tosse,
podem surgir febre baixa, geralmente no final da tarde, fraqueza
no corpo, perda de apetite, dores no peito e nas costas, suores
noturnos e, às vezes, escarro com sangue. A pessoa com
tuberculose transmite a doença através das gotículas de
saliva eliminadas através da tosse, fala ou espirro.