Saúde reforça parceria no combate à tuberculose

21/03/2003

Uma das frentes de trabalho ocorre com a direção do Complexo Penitenciário Campinas-Hortolândia. Atuação com laboratórios dos hospitais também é reforçada

Para marcar o Dia Internacional de Combate à Tuberculose, 24 de março, a Secretaria de Saúde de Campinas acaba de reforçar parceria com a comunidade e seus representantes nas ações de controle da doença.

Este ano, o tema do dia 24 é "O DOTS me curou e poderá curar você também". O DOTS, modelo de tratamento proposto pela OMS (Organização Mundial de Saúde), significa tratamento diretamente observado, que ocorre quando o profissional de saúde está presente no momento em que o paciente tem que tomar o remédio.

Nesta sexta-feira, 21, profissionais da Vigilância Epidemiológica Municipal e da DIR 12 (Direção Regional de Saúde de Campinas) reúnem-se com representantes do Complexo Penitenciário Campinas-Hortolândia para organizar um trabalho, nos presídios, de busca de casos suspeitos de tuberculose e estabelecer uma rotina que reorganize o registro das ocorrências e o tratamento.

A idéia é que as ações de busca de casos suspeitos de tuberculose nos presídios tenha início já nos próximos dez dias e que, a partir daí, seja inserido na rotina de trabalho. O número de casos da doença na população carcerária é muito maior do que na população em geral.

De acordo com a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, responsável pela Vigilância Epidemiológica Municipal, Campinas quer tratar com especial importância a tuberculose em grupos de pessoas que permanecem confinadas. De acordo com ela, por ser contagiosa, além da população presa, os profissionais que trabalham no sistema prisional, familiares e demais visitantes estão submetidos a altos risco de adoecerem.

"Assim, temos que tratar essa questão como um problema de toda a sociedade e não só da população presa", diz Brigina. Ela ressalta que, em Campinas, 7% das pessoas que adoecem de tuberculose morrem. A cidade registra, em média, 400 casos novos da doença por ano.

Parceria com hospitais

E, além das atividades com as unidades prisionais, a Secretaria está reforçando o trabalho com hospitais de Campinas. Na última quinta-feira, 20, o Laboratório Municipal de Campinas iniciou trabalho com profissionais dos laboratórios dos Hospitais Celso Pierro e Mário Gatti.

Eles estão sendo capacitados para fazer vigilância laboratorial da doença e para atuarem com um sistema informatizado produzido pela Secretaria de Saúde do Estado que melhora a avaliação do programa de controle da tuberculose.

A tuberculose tem cura

A tuberculose é uma doença que tem cura. O tratamento é gratuito e de fácil acesso. Em Campinas, um dos desafios com relação à doença, é diminuir o número de pacientes que abandonam o tratamento. Do total de casos em tratamento (500 por ano – incluindo 400 casos novos), 10,5% abandonam o tratamento antes de estarem curados. Dados da Secretaria Municipal de Saúde apontam que, em 1995, a taxa de abandono era de 19%.

Quando o paciente abandona o tratamento, ele pode adoecer novamente e desenvolver uma forma mais resistente da doença, que não responde aos remédios que eram usados anteriormente.

Além disso, é provável que o paciente espalhe esta forma de tuberculose mais forte e menos curável, conhecida como tuberculose resistente aos medicamentos.

O índice de mortes por tuberculose também tem diminuído em Campinas nos últimos anos. Em 1995, a tuberculose levava à morte 16% dos pacientes na cidade. Atualmente, este índice caiu para 7%.

O modelo de Campinas

Campinas é apontada no Brasil como referência de município que consegue evitar muitas mortes por tuberculose. Parte deste mérito se deve ao trabalho que a Secretaria de Saúde desenvolve, desde 2001, por meio do Paidéia – Saúde da Família, denominado Tratamento Supervisionado Modificado. O modelo é uma variação do DOTS.

A forma de cuidar adotada por Campinas vai além de ver o paciente tomar a medicação. O profissional de saúde também acolhe, assiste e estimula a pessoa a se tratar, além de trabalhar para que o paciente desenvolva autonomia no tratamento.

A grande diferença do Tratamento Supervisionado Modificado, no entanto, está na construção do vínculo entre pacientes e profissionais da saúde e da assistência social. A freqüência dos contatos entre a equipe de saúde e o paciente é maior. Além disso, são desenvolvidos projetos terapêuticos individuais e a cidadania também é estimulada.

A experiência de Campinas aponta que, quando o tratamento é auto administrado – feito pelo próprio paciente –, a taxa de cura fica em torno de 50%. Quando o tratamento é realizado com o apoio dos profissionais de saúde, este índice sobe para perto de 75%.

Quando suspeitar

O sintoma mais freqüente da tuberculose é a tosse, muitas vezes acompanha de escarro. Segundo Brigina Kemp, geralmente, as pessoas pensam que sua tosse é comum, ou porque são fumantes ou porque acreditam ser uma gripe mal curada. Por isso, diz: "qualquer pessoa com tosse por duas semanas ou mais deve procurar ou ser encaminhada ao centro de saúde".

Além da tosse, podem surgir febre baixa, geralmente no final da tarde, fraqueza no corpo, perda de apetite, dores no peito e nas costas, suores noturnos e, às vezes, escarro com sangue. A pessoa com tuberculose transmite a doença através das gotículas de saliva eliminadas através da tosse, fala ou espirro.

Volta ao índice de notícias