Campinas registra surto de leishmaniose cutânea

26/03/2003

A Secretaria de Saúde de Campinas está desencadeando todas as ações necessárias para diagnosticar a extensão de um surto de leishmaniose tegumentar americana (leishmaniose cutânea) na região Sudoeste da cidade e conter a disseminação da doença. O surto está restrito a uma comunidade da zona rural localizada às margens do rio Capivari Mirim e Córrego Aeroporto, na divisa de Campinas com Indaiatuba.

A Covisa (Coordenadoria de Vigilância e Saúde Ambiental) já registrou sete casos da doença, sendo que dois já foram tratados, três estão em tratamento e ainda há dois suspeitos aguardando resultados de exames laboratoriais. Todos foram notificados num curto espaço de tempo e tiveram início de sintomas no começo do verão.

A leishmaniose cutânea, também chamada de úlcera de bauru ou ferida brava, é uma doença causada por um micróbio (protozoário) chamado de Leishmânia. É transmitida ao homem pelo mosquito flebótomo, conhecido popularmente como mosquito palha ou birigüi.

A Secretaria de Saúde orientou profissionais dos Centro de Saúde São Cristóvão, São Domingos e União dos bairros, referências para aquela comunidade, para que redobrem a atenção para os casos suspeitos. A pessoa com leishmaniose apresenta febre, mal-estar e feridas que não cicatrizam, sendo que a característica principal da doença são feridas indolores, que aumentam de tamanho lentamente e não se curam com terapias convencionais. As equipes de saúde foram capacitadas para fazer o diagnóstico clínico dos suspeitos e para colher material para exames laboratoriais.

Durante a próxima semana (de 31 de março a 4 de abril), equipes do Distrito de Saúde Sudoeste, em parceria com trabalhadores do Centro de Controle de Zoonoses, desenvolvem ações de conscientização com os moradores da comunidade atingida.

De acordo com o médico veterinário Cláudio Castagna, da Secretaria de Saúde, as atividades incluem esclarecimentos sobre a leishmaniose, sintomas e quando procurar a equipe de saúde. As pessoas serão orientadas a colocar telas em janelas e portas, para evitar o acesso do mosquito. Também vão receber dicas sobre como arrumar o quintal, mantendo-o limpo, e sobre como dispor corretamente o lixo.

Os profissionais de saúde vão orientar os moradores da comunidade para, no caso de entrar na mata, proteger o corpo com calça comprida e camisa de manga longa. Ainda serão divulgadas informações sobre como cuidar da saúde dos animais e sobre como proceder com condições de higiene do canil e do estábulo.

O mosquito palha vive, de preferência, nas matas e boqueirões e pica animais como gambá, rato e raposa. Também pode picar os animais domésticos, como cães e cavalos. A transmissão se dá quando o mosquito pica o animal doente, contaminado com o Leishmania, e depois pica o homem ou outros animais.

Cláudio Castagna diz também que o trabalho da Secretaria de Saúde na comunidade atingida inclui pesquisa de cães e eqüinos com lesões. O objetivo é avaliar se existem animais domésticos infectados.

Nesta quarta-feira, 26 de março, profissionais da Secretaria de Saúde de Campinas reuniram-se com funcionários da DIR XII (Direção Regional de Saúde de Campinas) e da Sucen (Superintendência do Controle de Endemias) e com representantes da Secretaria de Saúde de Indaiatuba para discutir o surto e os encaminhamentos.

Dentre as ações definidas na reunião está a pesquisa, na comunidade atingida, do mosquito transmissor da doença. O estudo será feito em conjunto pela Sucen e CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Campinas.

Segundo Cláudio, todas as medidas possíveis de controle estão sendo conduzidas pelos órgãos envolvidos. "Por isso, não há motivos para preocupação, nem há porque temer que a doença se espalhe pela zona urbana do município", diz. Ele lembra ainda que a leishmaniose cutânea ocorre em todo País. O médico veterinário ressalta que a doença tem cura, não é contagiosa e que o tratamento está disponível, gratuitamente, na rede pública.

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