A Secretaria de
Saúde de Campinas está desencadeando todas as ações necessárias
para diagnosticar a extensão de um surto de leishmaniose
tegumentar americana (leishmaniose cutânea) na região
Sudoeste da cidade e conter a disseminação da doença. O
surto está restrito a uma comunidade da zona rural localizada
às margens do rio Capivari Mirim e Córrego Aeroporto, na
divisa de Campinas com Indaiatuba.
A Covisa
(Coordenadoria de Vigilância e Saúde Ambiental) já
registrou sete casos da doença, sendo que dois já foram
tratados, três estão em tratamento e ainda há dois
suspeitos aguardando resultados de exames laboratoriais. Todos
foram notificados num curto espaço de tempo e tiveram início
de sintomas no começo do verão.
A
leishmaniose cutânea, também chamada de úlcera de bauru ou
ferida brava, é uma doença causada por um micróbio (protozoário)
chamado de Leishmânia. É transmitida ao homem pelo
mosquito flebótomo, conhecido popularmente como mosquito
palha ou birigüi.
A Secretaria
de Saúde orientou profissionais dos Centro de Saúde São
Cristóvão, São Domingos e União dos bairros, referências
para aquela comunidade, para que redobrem a atenção para os
casos suspeitos. A pessoa com leishmaniose apresenta febre,
mal-estar e feridas que não cicatrizam, sendo que a característica
principal da doença são feridas indolores, que aumentam de
tamanho lentamente e não se curam com terapias convencionais.
As equipes de saúde foram capacitadas para fazer o diagnóstico
clínico dos suspeitos e para colher material para exames
laboratoriais.
Durante a próxima
semana (de 31 de março a 4 de abril), equipes do Distrito de
Saúde Sudoeste, em parceria com trabalhadores do Centro de
Controle de Zoonoses, desenvolvem ações de conscientização
com os moradores da comunidade atingida.
De acordo com
o médico veterinário Cláudio Castagna, da Secretaria de Saúde,
as atividades incluem esclarecimentos sobre a leishmaniose,
sintomas e quando procurar a equipe de saúde. As pessoas serão
orientadas a colocar telas em janelas e portas, para evitar o
acesso do mosquito. Também vão receber dicas sobre como
arrumar o quintal, mantendo-o limpo, e sobre como dispor
corretamente o lixo.
Os
profissionais de saúde vão orientar os moradores da
comunidade para, no caso de entrar na mata, proteger o corpo
com calça comprida e camisa de manga longa. Ainda serão
divulgadas informações sobre como cuidar da saúde dos
animais e sobre como proceder com condições de higiene do
canil e do estábulo.
O mosquito
palha vive, de preferência, nas matas e boqueirões e pica
animais como gambá, rato e raposa. Também pode picar os
animais domésticos, como cães e cavalos. A transmissão se dá
quando o mosquito pica o animal doente, contaminado com o Leishmania,
e depois pica o homem ou outros animais.
Cláudio
Castagna diz também que o trabalho da Secretaria de Saúde na
comunidade atingida inclui pesquisa de cães e eqüinos com
lesões. O objetivo é avaliar se existem animais domésticos
infectados.
Nesta
quarta-feira, 26 de março, profissionais da Secretaria de Saúde
de Campinas reuniram-se com funcionários da DIR XII (Direção
Regional de Saúde de Campinas) e da Sucen (Superintendência
do Controle de Endemias) e com representantes da Secretaria de
Saúde de Indaiatuba para discutir o surto e os
encaminhamentos.
Dentre as ações
definidas na reunião está a pesquisa, na comunidade
atingida, do mosquito transmissor da doença. O estudo será
feito em conjunto pela Sucen e CCZ (Centro de Controle de
Zoonoses) de Campinas.
Segundo Cláudio,
todas as medidas possíveis de controle estão sendo
conduzidas pelos órgãos envolvidos. "Por isso, não há
motivos para preocupação, nem há porque temer que a doença
se espalhe pela zona urbana do município", diz. Ele
lembra ainda que a leishmaniose cutânea ocorre em todo País.
O médico veterinário ressalta que a doença tem cura, não
é contagiosa e que o tratamento está disponível,
gratuitamente, na rede pública.