A Secretaria de Saúde
de Campinas está mobilizando esforços para evitar a proliferação
do caramujo gigante africano, Achatina fulica, na cidade.
Nesta sexta-feira, 28 de março, profissionais de saúde da
Prefeitura reúnem-se para definir ações de combate ao molusco
e providências quanto às pessoas que tiverem contato com a espécie.
O evento acontece das 8h às 12h, na escola Senai, na avenida da
Saudade, 125.
No início
deste ano, a Coordenadoria de Vigilância e Saúde Ambiental de
Campinas registrou, pela primeira vez, uma infestação do
caramujo gigante africano no Jardim Novo Campos Elíseos, região
Sudoeste de Campinas. Desde então, as autoridades sanitárias
detectaram vários outros pontos de infestação no município,
sendo mais de 20 somente na região Sudoeste.
Chamado
erroneamente de escargot por criadores e comerciantes, a espécie,
além de ser uma praga agrícola, por destruir plantações e
lavouras diversas, também representa um risco à saúde pública.
O molusco pode hospedar o verme Angiostrongylus costaricensis,
causador da angiostrongilíase abdominal, doença grave que pode
levar à morte por perfuração intestinal e hemorragia
abdominal.
No encontro
desta sexta-feira, programado para reunir profissionais das
Visas (Vigilâncias em Saúde) e dos Centros de Saúde e
apoiadores, serão abordadas características do molusco e as
formas de controle da praga.
Os
profissionais também serão capacitados para fazer diagnóstico
clínico e laboratorial da doença transmitida pelo molusco.
"A idéia é que eles estejam sensibilizados para
suspeitar, diagnosticar e tratar a enfermidade", diz
Vicente Pisani Neto, médico sanitarista e coordenador da Vigilância
Sanitária de Campinas.
A Secretaria de
Saúde também está iniciando processo para mapear locais
infestados pelo caramujo. O objetivo, segundo a bióloga Elen
Fagundes, do Distrito de Saúde Sudoeste, é detectar como está
a distribuição da praga na cidade e, a partir da daí,
trabalhar para conter a infestação e esclarecer as pessoas
quanto aos riscos, sintomas e quando acionar ou se encaminhar ao
serviço de saúde.
Os sintomas da
angiostrongilíase abdominal são dor abdominal, febre
prolongada, falta de apetite e vômitos.
A bióloga Elen
diz que já é comum no Brasil o comércio da carne desse
caramujo como se fosse escargot. De acordo com ela, a espécie
também é cultivada para isca de pesca, ao longo dos cursos
d’água, em pesqueiros comerciais. "Mas, quando os
criadores percebem que tal atividade não está lhes
proporcionando o retorno financeiro esperado, acabam por soltar
os caramujos em terrenos baldios e construções abandonadas,
locais ideais para a proliferação do molusco. Nestes
ambientes, eles chegam a colocar até 100 ovos por dia em época
de chuva", afirma.
Elen ressalta
que existem cuidados para prevenir a doença. De acordo com ela,
é preciso muita atenção com alimentos a serem consumidos
crus. "É preciso lavar bem as verduras e frutas. As mãos
devem ser lavadas sempre, depois de contato com o solo, do
trabalho no campo, nas hortas e jardins. Ainda é importante
impedir que crianças brinquem com os caramujos, já que elas
podem colocar as mãos sujas na boca", completa.
Ela orienta ainda que, no caso do aparecimento de qualquer
sintoma semelhante aos da angiostrongilíase abdominal, a pessoa
procure imediatamente o Centro de Saúde, onde poderão ser
realizados exames mais específicos.