Campinas
vive epidemia
de Ler-Dort,
e norma técnica
federal amplia
vigilância
Denize
Assis
A
Prefeitura de Campinas promove nesta sexta-feira, 12 de março,
das 9h às 13h, seminário para discutir a Instrução
Normativa 98, nova norma técnica federal do Instituto
Nacional de Seguridade Social (INSS) sobre Lesões por Esforços
Repetitivos-Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao
Trabalho (Ler-Dort).
O seminário
será realizado no auditório da Faculdade de Ciências Médicas
(FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e tem
como público alvo integrantes de sindicatos, profissionais
da saúde dos municípios que integram a Rede Nacional de
Atenção à Saúde do Trabalhador (Renast), peritos do
INSS, médicos do trabalho, gerentes de recursos humanos e
empresários.
Segundo
dados divulgados ontem pelo Centro de Referência em Saúde
do Trabalhador (CRST) de Campinas o problema mais freqüente
gerado pelas condições inadequadas de trabalho no município
é a Ler-Dort.
Em 2003,
mais de 80% das 5,2 mil consultas médicas realizadas pelo
serviço foram para pacientes acometidos por Ler-Dort. E
mais de 53% das pessoas que foram acolhidas pelo serviço
tinham queixas de dor no braço e ombro, sintomas da
Ler-Dorte.
Epidemia.
"Podemos considerar que Campinas enfrenta uma epidemia
de Ler-Dort. E esta é uma doença que pode incapacitar a
pessoa para o resto da vida. E são pessoas jovens, em plena
vida profissional, normalmente as mais produtivas",
informa a psicóloga Márcia Hespanhol Bernardo, do CRST.
O Governo
Federal começou a enfrentar o problema. Em dezembro de
2003, foi publicada a nova norma, que será discutida no
seminário de hoje.
Segundo Márcia
Hespanhol, a nova normatização é fundamental porque
passou a considerar outros aspectos, que não apenas fatores
funcionais, para caracterização da Ler-Dort como doença
proveniente do trabalho. Assim, as condições psicossociais
no trabalho também passaram a ser levadas em conta.
"Antes
da Instrução Normativa 98, a avaliação médica
considerava apenas a parte anatômica, ou seja, as condições
exigidas da musculatura para o desempenho de uma determinada
função. Agora, são considerados também os aspectos da
organização do trabalho, como ritmo, exigências, tempo e
pressão aos quais o trabalhador esteja submetido", diz
Márcia.
Exames.
O médico sanitarista Marcos Oliveira Sabino, do
CRST/Campinas, informa que outro ponto fundamental é que,
pela primeira vez, os procedimentos para diagnosticar a
Ler-Dort são baseados nas normas do Ministério da Saúde.
A Instrução Normativa também inclui uma recomendação
para que os exames complementares considerados necessários
pela perícia médica sejam solicitados pelo INSS.
Vigilância.
As alterações permitem ainda que o Sistema Único de Saúde
(SUS) possa exercer uma melhor vigilância sobre os
ambientes de trabalho. "Além de possibilitar o diagnóstico
precoce, como os casos passaram a ser notificados já na
fase de investigação, é possível detectar ambientes onde
esteja havendo casos e atuar com medidas de prevenção e
controle", diz o sanitarista.
No seminário
desta sexta-feira, os diversos aspectos da Instrução
Normativa 98 serão expostos por Paulo Sérgio Gomes,
coordenador do Conselho Gestor do CRST, Maria Maeno, do
CEREST/SP, Breno Gelibelo da Cruz, superintendente regional
do INSS, e Carlos Eduardo Gabas, superintendente estadual do
INSS. A coordenação da mesa será de Marcos Oliveira
Sabino.