Denize Assis
O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Prefeitura inicia
nesta terça-feira, 30 de março, nas imediações das ruas 13
de Maio e Senador Saraiva, Centro de Campinas, uma grande operação
para alertar comerciantes e moradores sobre a raiva animal.
Durante a ação, a equipe vai vacinar cães e gatos contra a
doença e, ainda, irá iniciar trabalho para tentar localizar
colônias de morcego.
A medida, chamada tecnicamente de bloqueio, está sendo
adotada porque o Instituto Pasteur, de São Paulo, confirmou na
última sexta-feira, 26 de março, um caso de raiva em um
morcego não hematófago. Um comerciante do Centro da cidade
encontrou o animal caído na sua loja e acionou o CCZ, que
encaminhou a espécie para o laboratório.
Desde o início de 2004, três casos de raiva em morcegos não
hematófagos foram registrados no município, sendo um na área
de Barão Geraldo (região Norte), um no Parque Imperador (região
Leste) e o caso confirmado na última sexta no Centro. Em 2003,
foram confirmados cinco casos de raiva em morcegos não hematófagos
em Campinas.
"O aparecimento de morcegos contaminados pela em raiva
em áreas urbanas do município preocupa a Secretaria de Saúde
porque o animal doente pode transmitir a doença, sempre fatal,
para outros animais ou para o homem", diz o médico veterinário
Ricardo Conde Alves Rodrigues, coordenador do CCZ de Campinas.
Segundo ele, a Secretaria de Saúde tem desencadeado
campanhas educativas para conscientizar a comunidade sobre os
riscos da doença, maneiras de prevenção e como proceder ao
encontrar morcegos. As ocorrências também levaram o CCZ e os
Centros de Saúde a intensificar a busca por estes animais em
toda cidade, inclusive, com identificação das colônias de
morcego nas áreas rurais.
Ricardo explica que os morcegos só vão colocar a saliva em
contato com algum animal ou com o homem no momento de morder e
esta mordida é uma reação natural, para se defender.
"Por isso, é importante que as pessoas nunca manipulem
morcegos", informa.
Ele orienta que, no caso de morcego encontrado caído, morto
ou vivo, o correto é entrar em contato com o CCZ ou com o
Centro de Saúde para saber como proceder. "Somente pessoas
autorizadas, com capacitação técnica ou pré-expostas à
raiva devem ter contato com morcegos", afirma o veterinário.
Pessoas pré-expostas são aquelas que, por desenvolverem
atividades que oferecem risco de contágio da raiva – como
tratadores de animais ou profissionais que lidam com morcegos -,
são submetidas a um procedimento (vacinação) que protege
contra a doença.
Ricardo diz ainda que o problema de morcegos em áreas
urbanas, em prédios inclusive, é comum nas cidades grandes com
características como as de Campinas. Se a população tiver
alguma queixa neste sentido, o correto é se informar sobre como
proceder e solicitar ajuda ao CCZ de Campinas pelos telefones
3245 1219 ou 3245 2268.
Ricardo informa ainda que existem alguns artefatos, algumas
formas de colocar barreiras para impedir a entrada de morcegos
nestes locais. "Também existem técnicas de engenharia que
podem ser adotadas para impedir que morcegos tomem estes locais
como abrigos".
Epizootia. Campinas enfrenta epizootia – doença que ataca
muitos animais ao mesmo tempo e no mesmo lugar - de raiva em
herbívoros desde 2000, quando a doença atingiu animais no
Distrito de Joaquim Egídio (região Leste). Em 2001, a doença
atingiu também Sousas e a área rural do Taquaral, quando a
Secretaria de Saúde confirmou 30 casos de raiva, distribuídos
entre bovinos, eqüinos e quirópteros - morcegos. Em 2002,
foram 27 casos, sendo três em morcegos e o restante em bois e
cavalos.
A ocorrência da doença em animais que convivem próximos ao
ser humano aumenta a possibilidade da doença, que leva à
morte, atingir o homem. Por isso, é importante que as pessoas
informem o Centro de Saúde, o CCZ ou, no caso de área rural, o
Escritório de Defesa Agropecuária (EDA) se algum animal morrer
com suspeita de raiva ou por outro motivo desconhecido.
Outra medida importante no controle da raiva é a vacinação
de cães e gatos. Em Campinas, a Prefeitura promove campanhas
anuais de vacinação contra a raiva para estes animais. Além
disso, o CCZ mantém a vacinação durante todo ano. As doses são
gratuitas.
Também é importante que a população contribua para
diminuir o número de animais abandonados que perambulam pelas
ruas da cidade e evite crias indesejáveis. As crias podem ser
evitadas prendendo a fêmea no cio ou por meio da castração.