Saúde inicia nova pesquisa sobre infestação do mosquito da dengue

04/03/2005

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas inicia na segunda-feira, dia 7 de março, mais um levantamento, o segundo de 2005, sobre a infestação do mosquito Aedes aegypti, vetor do vírus da dengue e da febre amarela, no município. O estudo, tecnicamente chamado de pesquisa do índice de Breteau, aponta o número de criadouros com larvas do Aedes aegypti encontrados a cada 100 residências. A Secretaria de Saúde considera qualquer índice maior que 1 como fator de risco.

A médica veterinária Jeanette Trigo Nasser, da Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas, informa que os resultados obtidos na pesquisa são importantes para nortear as ações de controle da doença. O último estudo sobre a infestação do mosquito da dengue o município, realizado entre o final de janeiro e início de fevereiro, apontou o Bonfim, na Região Norte, como a área de maior infestação na cidade (10,9).

Segundo Jeanette, além do Breteau, outros fatores também são levados em consideração para direcionar e aprimorar o combate à dengue. São eles: áreas com casos confirmados da doença, áreas com casos suspeitos, quantidade e tipo de criadouro e características geográficas de cada localidade.

Este ano, em Campinas, foram confirmados 11 casos de dengue, sendo três deles autóctones – quando a infecção ocorre no município de residência do paciente. Em 2004, nos dois primeiros meses do ano, foram 17. No total, no ano passado, 24 casos foram confirmados, sendo seis autóctones.

Pesquisas anteriores indicam densidade alta

O biólogo Ovando Provatti, da Vigilância em Saúde (Visa) Norte, afirma que, embora o número de casos de dengue nos dois primeiros meses de 2005 seja reduzido, os índices de Breteau de pesquisas anteriores indicam densidade importante de criadouros com presença Aedes aegypti em todas as regiões da cidade.

Também é preciso levar em conta que a cidade recebe diariamente pessoas de várias partes do País, inclusive de estados brasileiros onde está ocorrendo circulação simultânea de três tipos de vírus da dengue. "Campinas, portanto, tem condições de risco para dengue", diz.

Segundo Ovando, nos trabalhos em campo, as equipes observam que há, por parte da população, uma reposição rápida de criadouros. Por isso, mais uma vez, a Secretaria de Saúde orienta as pessoas a inviabilizar - furar, tampar, cobrir, emborcar (virar de cabeça para baixo) - qualquer recipiente que possa acumular água e a dispor corretamente criadouros ou colocá-los em local livre da chuva.

A Secretaria informa ainda que é necessário incorporar hábitos como desobstruir sujeiras de calhas, remover água acumulada das lajes, usar ralos abre e fecha ou, na impossibilidade, colocar água sanitária, manter piscina clorada ou, se estiver em desuso, mantê-la com o mínimo de água possível, com adição de cloro e com tela devidamente esticada.

A caixa d´água tem que estar bem vedada ou seja a tampa deve ser ajustada e sem presença de trincas. Outro cuidado com este recipiente é com relação ao respiro ou ladrão que tem que estar vedado também (com um pedaço de espuma ou uma tela). Os pratos de vaso precisam estar justapostos ao tamanho da planta ou furados. Se este procedimento não for possível, é indicado adicionar areia grossa umedecida até a borda do prato. Finalmente, o aquário deve estar vedado ou com a abertura telada já que nem todos os peixes de aquário são larvófagos (se alimentam de larvas).

Provatti afirma que não existe temporada de dengue e que o combate aos criadouros precisa ser cotidiano, independente de ser verão ou inverno. "A incidência é maior no período do verão, quando chove e faz calor, mas a dengue ocorre durante o ano todo. "Por isto, o combate precisa ser diário ao longo do ano. Além disto a comunidade precisa ser parceira", diz.

Segundo o biólogo, estabelecimentos como comércio, escolas, igrejas, empresas e serviços em geral podem contribuir no controle da dengue principalmente no que diz respeito à manutenção predial e à divulgação de informações sobre a doença. "São iniciativas como inviabilizar criadouros existentes nas dependências do estabelecimento e divulgar informações, por meio de cartazes, folderes, avisos etc, em locais visíveis", afirma.

Ovando informa que não há vacinas contra a dengue. O tratamento, de acordo com ele, é feito com medicação para amenizar os sintomas. A orientação é que a pessoa não se automedique e, na ocorrência de febre ou mal-estar, procure imediatamente a unidade de saúde mais próxima. "A automedicação é contra-indicada e, além disso, alguns medicamentos como os derivados do ácido aceltilsalicílico, como aspirina, AAS e melhoral, podem agravar o quadro pois favorecem hemorragias".

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