Secretaria de Saúde reforça medidas para controlar caramujo africano

08/03/2005

Denize Assis

A Secretaria Municipal de Saúde reforçou neste mês de março, na Região Sudoeste de Campinas, as medidas para combater a infestação do caramujo gigante africano, ou Achatina fulica. As ações, desenvolvidas pela equipe da Vigilância em Saúde (Visa) Sudoeste, consistem em mapear novas áreas de incidência do caramujo, como a ocupação Santo Antônio, orientar a população quanto aos riscos que o molusco representa para saúde e informar sobre a necessidade de que cada morador adote medidas de controle durante todo o ano. Um boletim informativo vai ser distribuído entre a população para esclarecer as características dessa nova praga urbana e indicar formas eficazes de controlá-la.

Segundo dados informados nesta terça-feira, dia 8 de março, pela Secretaria de Saúde de Campinas, as reclamações de moradores sobre infestação da espécie já representam mais de 6% de todas as demandas em saúde ambiental e 8% das demandas relativas a pragas urbanas recebidas pela Visa Sudoeste.

"O molusco já lista como o quinto risco ambiental da Região Sudoeste. Atualmente, além dos bairros Jardim Novo Campos Elíseos e Jardim Capivari, temos notificado infestações em outras áreas como a invasão Santo Antônio, onde registramos recentemente 15 ocorrências", diz o médico veterinário Cláudio Castagna, da Visa Sudoeste.

E as solicitações não estão restritas somente à Sudoeste. De acordo com o 156 da Prefeitura, as demandas têm partido de moradores das cinco regiões do município e aumentaram nos meses de janeiro e fevereiro deste ano em relação a dezembro de 2004. Foram 13 reclamações em dezembro, 32 em janeiro e 16 em fevereiro.
"O aumento é esperado" , informa Castagna. Segundo o veterinário, os caramujos africanos têm uma capacidade reprodutiva impressionante - são hermafroditas e botam 2.400 ovos por ano cada um - e encontram no período de calor e chuvas as condições ideais para proliferar.

O trabalho desencadeado na Região Sudoeste da cidade acontece ao mesmo tempo em que o Governo Federal inicia uma grande caça aos caramujos em 11 estados brasileiros com registros de infestação. A campanha federal é coordenada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e tem apoio das Prefeituras. Em Campinas, as ações já vêm sendo implementadas a três anos.

O caramujo africano chegou ao Brasil trazido por empresários do Paraná há cerca de 15 anos. Eles pretendiam criá-lo em cativeiro para substituir o escargot na gastronomia. A idéia era aumentar a lucratividade mas, como o negócio não prosperou, o molusco foi solto na natureza e acabou por tornar-se uma praga agrícola que hoje assola a maioria dos estados brasileiros.

Apetite voraz. Medindo mais de 15 centímetros e pesando mais de 200 gramas quando adultos, os caramujos africanos se alimentam de qualquer tipo de planta. Por onde passam, arrasam hortas, invadem lavouras e atacam a vegetação de reservas ambientais. Manaus é uma das capitais mais críticas na infestação do molusco.
Nas áreas urbanas, o Achatina também passou a representar um risco à saúde pública, já que a espécie pode hospedar o verme Angiostrongylus costaricensis, que causa cegueira, perfuração intestinal e hemorragia abdominal em seres humanos e pode até levar à morte. Em Campinas, não há registros de que alguém tenha sido infectado.

"A contaminação acontece por via oral, pelo contato com a baba - muco - que o caramujo solta pela pele e que pode ser ingerida por meio de hortaliças cultivadas em hortas infestadas ou pelos alimentos contaminados pelas mãos após contato direto com o caramujo", diz Castagna.

Por isso, informa Castagna, é preciso eliminar completamente esses animais de hortas caseiras e árvores frutíferas. As mãos devem ser lavadas sempre depois de contato com o solo, do trabalho no campo ou nas hortas e jardins onde haja a presença do Achatina. "Ainda é importante impedir que crianças brinquem com os caramujos, já que elas podem colocar as mãos sujas na boca", afirma. Estas orientações constam no material educativo a ser distribuído para a população pela Visa Sudoeste.

O material também orienta que as pessoas procurem a Vigilância em Saúde para se informar sobre procedimentos para o controle do caramujo. "Embora não seja possível exterminá-lo, existem medidas eficazes para controlar a infestação como a catação e a submersão da espécie em salmoura", afirma Cláudio.

Medidas de controle do caramujo:

1 - Recolher os caramujos, com luva e pá, todos os dias pela manhã e colocá-los num balde com salmoura. Deixar uma noite e, no dia seguinte, enterrá-los;

2 - Desbastar a vegetação, como folhagens, gramas e capins, de maneira que o sol atinja o terreno;

3 - Usar armadilhas para atrair os caramujos de toda propriedade. A armadilha, que deve ser colocada no local mais sombreado e úmido, pode ser confeccionada com um saco de estopa ou pano. O material deve ser molhado com cerveja uma vez por semana e preenchido com cascas de frutas. Depois é só recolher os caramujos todos os dias pela manhã e coloca-los na solução com salmoura e, no dia seguinte, enterrá-los;

4 - Terrenos baldios e parques devem ser, freqüentemente, roçados e ter a vegetação desbastada de tal modo que o sol atinja o solo;

5 - Não criar caramujos em casa.

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