Denize Assis
A Secretaria
Municipal de Saúde reforçou neste mês de março, na Região
Sudoeste de Campinas, as medidas para combater a infestação
do caramujo gigante africano, ou Achatina fulica. As ações,
desenvolvidas pela equipe da Vigilância em Saúde (Visa)
Sudoeste, consistem em mapear novas áreas de incidência do
caramujo, como a ocupação Santo Antônio, orientar a população
quanto aos riscos que o molusco representa para saúde e
informar sobre a necessidade de que cada morador adote medidas
de controle durante todo o ano. Um boletim informativo vai ser
distribuído entre a população para esclarecer as características
dessa nova praga urbana e indicar formas eficazes de controlá-la.
Segundo dados informados nesta terça-feira, dia 8 de março,
pela Secretaria de Saúde de Campinas, as reclamações de
moradores sobre infestação da espécie já representam mais
de 6% de todas as demandas em saúde ambiental e 8% das
demandas relativas a pragas urbanas recebidas pela Visa
Sudoeste.
"O
molusco já lista como o quinto risco ambiental da Região
Sudoeste. Atualmente, além dos bairros Jardim Novo Campos Elíseos
e Jardim Capivari, temos notificado infestações em outras áreas
como a invasão Santo Antônio, onde registramos recentemente
15 ocorrências", diz o médico veterinário Cláudio
Castagna, da Visa Sudoeste.
E as solicitações não estão restritas somente à Sudoeste.
De acordo com o 156 da Prefeitura, as demandas têm partido de
moradores das cinco regiões do município e aumentaram nos
meses de janeiro e fevereiro deste ano em relação a dezembro
de 2004. Foram 13 reclamações em dezembro, 32 em janeiro e
16 em fevereiro.
"O aumento é esperado" , informa Castagna. Segundo
o veterinário, os caramujos africanos têm uma capacidade
reprodutiva impressionante - são hermafroditas e botam 2.400
ovos por ano cada um - e encontram no período de calor e
chuvas as condições ideais para proliferar.
O trabalho desencadeado na Região Sudoeste da cidade acontece
ao mesmo tempo em que o Governo Federal inicia uma grande caça
aos caramujos em 11 estados brasileiros com registros de
infestação. A campanha federal é coordenada pelo Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e tem apoio das Prefeituras. Em Campinas, as ações já
vêm sendo implementadas a três anos.
O caramujo africano chegou ao Brasil trazido por empresários
do Paraná há cerca de 15 anos. Eles pretendiam criá-lo em
cativeiro para substituir o escargot na gastronomia. A idéia
era aumentar a lucratividade mas, como o negócio não
prosperou, o molusco foi solto na natureza e acabou por
tornar-se uma praga agrícola que hoje assola a maioria dos
estados brasileiros.
Apetite voraz. Medindo mais de 15 centímetros e
pesando mais de 200 gramas quando adultos, os caramujos
africanos se alimentam de qualquer tipo de planta. Por onde
passam, arrasam hortas, invadem lavouras e atacam a vegetação
de reservas ambientais. Manaus é uma das capitais mais críticas
na infestação do molusco.
Nas áreas urbanas, o Achatina também passou a
representar um risco à saúde pública, já que a espécie
pode hospedar o verme Angiostrongylus costaricensis,
que causa cegueira, perfuração intestinal e hemorragia
abdominal em seres humanos e pode até levar à morte. Em
Campinas, não há registros de que alguém tenha sido
infectado.
"A contaminação acontece por via oral, pelo contato com
a baba - muco - que o caramujo solta pela pele e que pode ser
ingerida por meio de hortaliças cultivadas em hortas
infestadas ou pelos alimentos contaminados pelas mãos após
contato direto com o caramujo", diz Castagna.
Por isso, informa Castagna, é preciso eliminar completamente
esses animais de hortas caseiras e árvores frutíferas. As mãos
devem ser lavadas sempre depois de contato com o solo, do
trabalho no campo ou nas hortas e jardins onde haja a presença
do Achatina. "Ainda é importante impedir que
crianças brinquem com os caramujos, já que elas podem
colocar as mãos sujas na boca", afirma. Estas orientações
constam no material educativo a ser distribuído para a população
pela Visa Sudoeste.
O material também orienta que as pessoas procurem a Vigilância
em Saúde para se informar sobre procedimentos para o controle
do caramujo. "Embora não seja possível exterminá-lo,
existem medidas eficazes para controlar a infestação como a
catação e a submersão da espécie em salmoura", afirma
Cláudio.
Medidas de
controle do caramujo:
1 - Recolher os caramujos, com luva e pá, todos os dias pela
manhã e colocá-los num balde com salmoura. Deixar uma noite
e, no dia seguinte, enterrá-los;
2 - Desbastar
a vegetação, como folhagens, gramas e capins, de maneira que
o sol atinja o terreno;
3 - Usar
armadilhas para atrair os caramujos de toda propriedade. A
armadilha, que deve ser colocada no local mais sombreado e úmido,
pode ser confeccionada com um saco de estopa ou pano. O
material deve ser molhado com cerveja uma vez por semana e
preenchido com cascas de frutas. Depois é só recolher os
caramujos todos os dias pela manhã e coloca-los na solução
com salmoura e, no dia seguinte, enterrá-los;
4 - Terrenos
baldios e parques devem ser, freqüentemente, roçados e ter a
vegetação desbastada de tal modo que o sol atinja o solo;
5 - Não
criar caramujos em casa.