Secretaria de Saúde reforça orientações em relação a acidentes com escorpiões

11/03/2005

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas divulgou nesta sexta-feira, dia 11 de março, para unidades e profissionais da rede pública municipal de saúde, nota que reforça a necessidade das equipes estarem atentas a casos de acidentes com escorpiões. O documento também orienta que sejam revistas normas de tratamentos antipeçonhentos para uma mais precisa identificação da espécie envolvida no agravo, tratamento indicado e encaminhamentos necessários.

A divulgação da nota foi indicada pela Direção Regional de Saúde de Campinas (Dir XII) após os registros das mortes de duas crianças picadas por escorpião em cidades da região. Os óbitos ocorreram domingo, dia 6, em Santa Bárbara, e na última quarta-feira, dia 9, em Amparo. Nos dois casos, os acidentes ocorreram no quintal da própria casa das vítimas.

Em janeiro, a Secretaria de Saúde de Campinas já havia reforçado para a rede de serviços da Prefeitura as orientações quanto a acidentes com escorpiões porque esta época do ano é propícia à ocorrência de acidentes envolvendo esses animais.

Segundo a médica veterinária Tosca de Lucca, do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Campinas, nos meses de primavera e verão, que coincidem com a fase reprodutiva de animais peçonhentos, os escorpiões acabam desabrigados em conseqüência das inundações e porque cresce o volume de água nas redes de escoamento. "E, com a maior disponibilidade deles no meio ambiente e em locais de maior acesso para o homem, aumenta também o risco de acidentes", diz Tosca.

Por isso, diz a veterinária, é fundamental que as pessoas mantenham seus quintais livres de entulhos e restos de materiais de construção porque é nos locais que acumulam estes resíduos que os escorpiões procuram se abrigar. "Também é importante, principalmente o período noturno, que as pessoas vedem ralos e fechem frestas para evitar que os escorpiões entrem nas casas", afirma.

Estatísticas. Em Campinas, de acordo com informações do Departamento de Saúde Coletiva Municipal, dos 214 acidentes com animais peçonhentos registrados pela Vigilância em Saúde em 2004, 36 foram ocasionados por escorpiões e o mês com o maior número de ocorrências foi janeiro, quando houve 10 acidentes. Não houve mortes segundo as informações da Secretaria de Saúde.

Segundo a Tosca, as espécies encontradas em Campinas são a do escorpião amarelo (Tityus serrulatus) e a do escorpião marrom (Tityus bahiensis). A picada da espécie Tityus serrulatus é mais grave porque ele inocula mais veneno. Tosca informa que a cidade tem uma incidência importante destes animais peçonhentos em todas as cinco regiões do município.

O biólogo Edílson Geanfrancisco Soave, da Vigilância em Saúde (Visa) Sudoeste, informa que a gravidade dos acidentes varia de acordo com alguns fatores. "A quantidade de veneno injetado, bem como a idade e peso da vítima podem fazer a diferença", diz. Em Campinas, os acidentes têm sido verificados em pessoas de todas as faixas etárias, com uma concentração maior em homens com idade entre 15 e 49 anos. O veneno, afirma Edílson, atua principalmente no sistema nervoso - ação neurotóxica . "A substância provoca dor intensa, abaixa a temperatura do corpo, acelera a pulsação e pode matar".

O biólogo diz que os acidentes mais freqüentes variam de leves a moderados. De acordo com ele, nos casos graves, além da anestesia local, o paciente recebe soro antiescorpiônico. "O soro aplicado para o tratamento é feito do próprio veneno do escorpião", informa.

A Secretaria de Saúde de Campinas informa que o Centro de Saúde deve ser notificado toda vez que um escorpião for encontrado, mesmo que não tenha havido acidentes. Em casos de acidentes, as pessoas devem procurar o mais rápido possível pelo Centro de Saúde ou serem encaminhadas ao Centro de Controle de Intoxicações (CCI) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Se possível, o animal peçonhento deve ser levado para identificação. Os Distritos de Saúde e o Centro de Controle de Zoonoses também podem ser acionados para orientar quanto a prevenção e para realizar identificação da espécie.

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