Banco de Leite Humano de Campinas necessita de doadoras

18/03/2005

Denize Assis

O Centro de Lactação - Banco de Leite Humano Municipal de Campinas necessita de doadoras. A unidade encerrou o ano de 2004 com cerca de 50 litros de leite e não conseguiu recuperar o estoque que precisa contar com um volume razoável para garantir a distribuição de leite nos períodos em que há redução nas doações. Em 2003, o Centro fechou o ano com 150 litros.

A situação pode prejudicar os bebês prematuros que, com a falta do alimento, ficam mais expostos ao risco de infecção e de outras complicações de saúde. Diariamente, entre 15 e 20 bebês dependem do Banco de Leite Humano Municipal.

"Normalmente, após o carnaval verifica-se uma melhora nas doações, o que não ocorreu em 2005", afirma a médica pediatra Cláudia Monteiro Sampaio, coordenadora do Centro de Lactação – Banco de Leite Humano Municipal. Segundo ela, nos últimos dias têm sido feitas apenas 3 coletas por semana de um total de 2 a 4 doadoras em cada coleta. Em situações normais, são realizadas pelo menos 5 coletas de 7 a 9 doadoras em cada etapa. "Com isso nos últimos dois meses, liberamos mais do que o dobro de litros de leite que entrou de doação. Nestas ocasiões vamos consumindo nosso estoque", diz Cláudia.

A pediatra informa que, com o objetivo de estimular a doação de leite, o Comitê Municipal de Apoio e Incentivo ao Aleitamento Materno desenvolve ações nos centros de saúde para sensibilizar a população sobre a importância do leite materno, único alimento que deve ser oferecido ao bebê até o sexto mês de vida.

Segundo Cláudia, nada substitui o leite do peito. "Ele fornece tudo o que o bebê precisa para se alimentar até os seis meses de vida e funciona como uma vacina contra doenças. Além disso, o leite materno é econômico e prático, já que está sempre pronto, na temperatura adequada e livre do risco de contaminação, o que propicia crescimento e desenvolvimento mais saudáveis", afirma.

Mas algumas mães, como as de bebês prematuros e/ou doentes internados nas unidades neonatais, não podem amamentar e necessitam da solidariedade de outras mulheres. Por isso, a Secretaria de Saúde solicita que as mamães sejam doadoras. É importante que a mulher saiba que doar o leite é um gesto de amor e que este ato não compromete em nada a amamentação do próprio filho. Não há risco de faltar o alimento para o próprio bebê.

Para doar o leite ou receber orientações e apoio na fase da amamentação basta que a mulher entre em contato com o Banco de Leite. A unidade fica no 5o andar da Maternidade de Campinas, na avenida Orosimbo Maia, 165. O telefone é 19 3731-6039. O atendimento é gratuito. No local também podem ser feitas doações de vidros com tampa de plástico – como os de café solúvel ou maionese -, que são utilizados para armazenar o alimento.

Unidade é referência

O Centro de Lactação - Banco de Leite Humano Municipal de Campinas é o serviço de referência do município responsável pelo apoio e estímulo ao aleitamento materno. Também realiza coleta, processamento, armazenamento e distribuição de leite humano.

A unidade foi implantada em 1993, numa parceria da Prefeitura com a Maternidade de Campinas. Em 12 anos de atividades, o Centro acolheu 29,5 mil mulheres para doação, esclarecimentos e para que seus bebês pudessem receber o leite. No período, foram coletados mais de 8 mil litros e 3,3 mil crianças puderam ser amamentadas com leite de doação ou da própria mãe.

Segundo o Ministério da Saúde, atualmente, existem mais de 180 bancos de leite em funcionamento em todos os 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. De janeiro a outubro de 2004, os bancos existentes no país coletaram 85 mil litros de leite humano. Este volume, doado por cerca de 75 mil mulheres, corresponde ao necessário para amamentar mais de um milhão de bebês nascidos após 28 semanas de gestação, nas primeiras 24 horas de vida, com dez mililitros a cada três horas.

Esta rede de bancos de leite humano do Brasil, da qual faz parte a unidade de Campinas, está servindo de exemplo para outros países e é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a maior e mais complexa do mundo.

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