Denize
Assis
A
Secretaria de Saúde de Campinas promove nesta terça-feira,
dia 29 de março, capacitação em sífilis congênita,
doença que a mãe transmite ao bebê durante a gravidez e
que pode levá-lo à morte (aborto ou parto prematuro) ou
a nascer com defeitos físicos ou mentais. O evento
acontece das 8h às 12h, no auditório do Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), na Avenida da
Saudade, 125, no bairro Ponte Preta.
Direcionada
aos técnicos das vigilâncias em saúde e dos hospitais
que contam com maternidade, a capacitação visa
estabelecer uma rede competente de diagnóstico e
tratamento, com profissionais sensíveis para suspeitar de
sífilis e identificar e tratar a doença durante o pré-natal,
quando o processo de cura é simples, barato e rápido. Já
o tratamento da sífilis congênita é complicado, castiga
muito o bebê e é caro.
Em 2004,
em Campinas, foram registrados 23 casos de sífilis congênita
num total de 13.697 nascidos vivos filhos de campineiras,
o que dá 1,68 para cada mil nascidos vivos. O índice
preconizado pelo Ministério da Saúde é de 1 para mil
nascidos vivos.
Segundo a
enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Vigilância em Saúde
(Visa) de Campinas, o número de casos notificados no ano
passado é decorrente de um trabalho de busca ativa, da
mudança na definição de casos - que ficou mais ampla,
mais sensível – e das ações implementadas tendo como
meta a eliminação da sífilis congênita.
A
enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, da Visa,
informa que o pré-natal bem feito, com a realização de
dois exames de sífilis - um logo no início e outro no
terceiro trimestre de gravidez conforme protocolo do
Ministério da Saúde -, é fundamental na eliminação da
sífilis congênita.
"O
exame é gratuito e o tratamento, feito com penicilina,
também. Se a mãe for alérgica à penicilina, ela toma
outro remédio", informa Carmo Ferreira. A gestante
tem que fazer o tratamento completo e com orientação de
seu médico. Para o acompanhamento de cura, a gestante
deverá repetir o exame para sífilis todo mês. "O
companheiro da gestante com sífilis também deve se
tratar e a camisinha deve ser usada porque esta é uma
doença sexualmente transmissível (DST)", diz Carmo
Ferreira.
A
enfermeira informa, ainda, que muitas vezes a pessoa
infectada pela bactéria da sífilis não sente nem
percebe nada em seu corpo. Para saber se foi infectada, é
necessário fazer um exame de sangue. Outras vezes, a
pessoa desconfia que tem sífilis quando observa a presença
de uma única ferida, que não dói, localizada nos órgãos
genitais. Ou ainda quando observa a presença de manchas
pelo corpo, nas palmas das mãos e nas solas dos pés.
"Por
isso, toda gestante, toda mulher que quer engravidar,
independentemente de apresentar qualquer sintoma, deve
fazer o exame. A gestante tem direito ao teste e deve
solicitá-lo, se o médico não o fizer", afirma.
Carmo
Ferreira diz que as maternidades também foram convidadas
para a capacitação porque, eventualmente, a instituição
pode receber alguma gestante com a doença que não foi
identificada durante o pré-natal. "É por isso que,
conforme protocolo do Ministério da Saúde, o exame deve
ser feito também quando a gestante se interna para ter o
bebê ou quando tem aborto, já que o aborto pode ter sido
causado pela sífilis". A sanitarista lembra que a sífilis
congênita é de notificação compulsória e que,
portanto, todos os casos têm que ser informados
obrigatoriamente à Vigilância em Saúde.