Secretaria de Saúde prepara equipes para diagnosticar e tratar gestantes com sífilis

28/03/2005

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas promove nesta terça-feira, dia 29 de março, capacitação em sífilis congênita, doença que a mãe transmite ao bebê durante a gravidez e que pode levá-lo à morte (aborto ou parto prematuro) ou a nascer com defeitos físicos ou mentais. O evento acontece das 8h às 12h, no auditório do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), na Avenida da Saudade, 125, no bairro Ponte Preta.

Direcionada aos técnicos das vigilâncias em saúde e dos hospitais que contam com maternidade, a capacitação visa estabelecer uma rede competente de diagnóstico e tratamento, com profissionais sensíveis para suspeitar de sífilis e identificar e tratar a doença durante o pré-natal, quando o processo de cura é simples, barato e rápido. Já o tratamento da sífilis congênita é complicado, castiga muito o bebê e é caro.

Em 2004, em Campinas, foram registrados 23 casos de sífilis congênita num total de 13.697 nascidos vivos filhos de campineiras, o que dá 1,68 para cada mil nascidos vivos. O índice preconizado pelo Ministério da Saúde é de 1 para mil nascidos vivos.

Segundo a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas, o número de casos notificados no ano passado é decorrente de um trabalho de busca ativa, da mudança na definição de casos - que ficou mais ampla, mais sensível – e das ações implementadas tendo como meta a eliminação da sífilis congênita.

A enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, da Visa, informa que o pré-natal bem feito, com a realização de dois exames de sífilis - um logo no início e outro no terceiro trimestre de gravidez conforme protocolo do Ministério da Saúde -, é fundamental na eliminação da sífilis congênita.

"O exame é gratuito e o tratamento, feito com penicilina, também. Se a mãe for alérgica à penicilina, ela toma outro remédio", informa Carmo Ferreira. A gestante tem que fazer o tratamento completo e com orientação de seu médico. Para o acompanhamento de cura, a gestante deverá repetir o exame para sífilis todo mês. "O companheiro da gestante com sífilis também deve se tratar e a camisinha deve ser usada porque esta é uma doença sexualmente transmissível (DST)", diz Carmo Ferreira.

A enfermeira informa, ainda, que muitas vezes a pessoa infectada pela bactéria da sífilis não sente nem percebe nada em seu corpo. Para saber se foi infectada, é necessário fazer um exame de sangue. Outras vezes, a pessoa desconfia que tem sífilis quando observa a presença de uma única ferida, que não dói, localizada nos órgãos genitais. Ou ainda quando observa a presença de manchas pelo corpo, nas palmas das mãos e nas solas dos pés.

"Por isso, toda gestante, toda mulher que quer engravidar, independentemente de apresentar qualquer sintoma, deve fazer o exame. A gestante tem direito ao teste e deve solicitá-lo, se o médico não o fizer", afirma.

Carmo Ferreira diz que as maternidades também foram convidadas para a capacitação porque, eventualmente, a instituição pode receber alguma gestante com a doença que não foi identificada durante o pré-natal. "É por isso que, conforme protocolo do Ministério da Saúde, o exame deve ser feito também quando a gestante se interna para ter o bebê ou quando tem aborto, já que o aborto pode ter sido causado pela sífilis". A sanitarista lembra que a sífilis congênita é de notificação compulsória e que, portanto, todos os casos têm que ser informados obrigatoriamente à Vigilância em Saúde.

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