Denize
Assis
Mais de
200 pessoas entre profissionais das secretarias municipais
de Saúde, Educação e Cidadania, Trabalho, Assistência
e Inclusão Social, do Ministério Público e da Vara da
Infância e Juventude de Campinas participam nestas terça-feira
e quarta-feira, dias 29 e 30 de março, do I Seminário
para estabelecer uma política pública municipal de
prevenção à violência doméstica contra a criança e o
adolescente.
O evento,
que acontece na Associação de Proteção, Oração e
Trabalho (APOT), é realizado pelo Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Campinas,
Comissão de Combate à Violência Doméstica contra Criança
e Adolescente, e conta com o apoio do Hospital Mário
Gatti, Prefeitura Municipal de Campinas, Comissão
Permanente da Câmara Municipal dos Direitos da Criança e
do Adolescente, Laboratório de Estudos da Criança do
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (Lacri-USP)
e APOT. A APOT fica na rua Dr. João Quirino de
Nascimento, 1601, no Jardim Boa Esperança.
Durante o
seminário, será apresentada uma primeira redação –
minuta - da política de atendimento à criança e ao
adolescente vítimas de violência em Campinas. Também
será lançada a ficha de notificação compulsória de
violência, que torna obrigatório informar todos os casos
à Vigilância em Saúde Municipal.
A comissão
organizadora do evento informou que as discussões e
resoluções do seminário servirão de parâmetro para
implantar serviços, programas e planejar ações que
ampliem o enfrentamento deste tipo de violência em
Campinas.
A médica
pediatra Priscila Chakkour, coordenadora municipal da Saúde
da Criança e do Adolescente, diz que a implantação do
sistema de notificação é fundamental na construção da
política para a área da infância e da adolescência em
Campinas. "A notificação de casos suspeitos ou
confirmados permite que as autoridades conheçam a
realidade deste tipo de violência no município e, a
partir daí, estabeleçam políticas efetivas de prevenção
e redução dos casos", diz a pediatra.
A psicóloga
Lucimara Martins Pereira, que também é terapêuta de família
e especialista na área de violência doméstica contra
criança e adolescentes, afirma que a minuta e o sistema
de notificação representam grande avanço na prevenção
e combate à violência doméstica. "Um dos desafios
nesta luta é justamente reconhecer que a violência
existe. O outro é ter coragem de enfrentá-la. E Campinas
está mostrando neste momento que está disposta a vencê-los",
diz Lucimara.
Estatísticas.
Como ainda são escassos os dados oficiais sobre casos
notificados de violência doméstica contra crianças e
adolescentes no Brasil, o Lacri-USP, vem realizando,
sistematicamente, uma investigação sobre a ocorrência
desse tipo violência no país. Essas investigações têm
mostrado que três entre dez crianças de zero a 12 anos
sofrem diariamente algum tipo de violência dentro da própria
casa.