Campanha quer estimular uso correto de anticoncepcionais

09/03/2006

Estimular as mulheres, em especial as adolescentes, a utilizarem métodos anticoncepcionais corretamente e conscientemente é o principal objetivo da campanha "Maternidade Responsável", lançada nesta quarta-feira pela Prefeitura Municipal de Campinas, por intermédio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

O lançamento, realizado no Centro de Saúde Parque Valença, fez parte das comemorações ao Dia Internacional da Mulher, e teve a exibição de Liang Gong por um grupo de mulheres do CS Valença e Itajaí. Também participaram do evento o Diretor do Departamento de Saúde da SMS, Pedro Humberto Scavariello, Fernando Brandão, coordenador da Saúde da Mulher da SMS e responsável pela campanha, Rubem Borges Fialho Jr. coordenador do Distrito Noroeste e Fernando Viegas, coordenador do Centro de Saúde Valença, além de funcionários e usuários do CS.

Durante a apresentação, Scavariello ressaltou que a campanha é um mote para a implantação de mais ações durante o ano e até o final do governo. "A prefeitura garante a oferta de todos os métodos anticoncepcionais e também os definitivos, como as laqueaduras e a vasectomia para os homens", diz. Segundo ele, a política da administração municipal na área de saúde está voltada para o atendimento às mulheres.

A campanha foi elaborada seguindo princípios científicos que mostram que a principal deficiência entre as mulheres em Campinas não é a desinformação sobre os métodos anticoncepcionais, já que 99% tem informação sobre os mesmos, mas sim, conscientizar sobre o seu uso.

De acordo com o médico Fernando Brandão, a campanha pretende estimular o uso constante e correto de anticoncepcionais, já que os serviços de saúde oferecem todos os tipos de métodos.

Atualmente, a porcentagem de partos em adolescentes, de acordo com as estatísticas das maternidades da cidade, representa aproximadamente 15% do total dos partos ocorridos em Campinas. Segundo Brandão, é uma proporção baixa se comparada com outras regiões e ainda com outros municípios do estado. "Sabemos que há municípios na região Norte do país onde a proporção de partos em adolescentes representa mais do 30% do total", diz. A média nacional gira em torno de 23%

Estudos mostram também que o número de curetagens pós-aborto diminuíram bastante, representando 7% dos partos em 2004. "Embora estes dados sejam alentadores, não podemos deixar de considerar que parte da redução dos índices de fecundidade e das taxas de partos e de abortos na adolescência deve-se a fatores alheios à oferta de serviços de saúde", diz Brandão. Entre os quais ele cita a ampla disponibilidade da anticoncepção de emergência (AE) vendida em farmácias. Outro fator é a disponibilidade, embora restrita e cara, do misoprostol (Cytotec).

Pesquisa

Pesquisa coordenada em 2002 pelo professor Dr. João Luiz Pinto e Silva, da Unicamp, mostra que das adolescentes que tiveram filhos no CAISM (Centro de Atendimento Integral à Saúde da Mulher) 24,5% queriam engravidar, 17,9% disseram ser os métodos anticoncepcionais inconvenientes, 10,4% não queriam engravidar, 9,4% não pensaram na hora e 8,5% disseram ter dificuldade de acesso aos métodos anticoncepcionais.

Estudo mostra que persistem alguns problemas na rede de saúde pública que merecem mais atenção, como o acesso ainda limitado de adolescentes aos serviços de planejamento familiar; deficiências na liberdade de escolha, uso muito limitado de métodos reversíveis, especialmente do DIU com cobre; e uso crescente de métodos permanentes.

De acordo com Brandão, a proposta atual da Secretaria Municipal de Saúde é implementar estratégias para melhorar o acesso e a qualidade de atenção em saúde sexual e reprodutiva, priorizando o planejamento familiar, a atenção a adolescentes, e a participação masculina no planejamento familiar.

A campanha, que conta com o patrocínio da Schering, terá distribuição de material gráfico (cartazes e folderes) nos centros de saúde e de camisetas.

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