Prefeitura visitou 1,9 mil endereços em ação contra a dengue no sábado

20/03/2007

A Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria de Saúde, visitou 1.982 endereços nas Vilas 7 de Setembro, São Luiz e Régio 1 e 2, na abrangência do Centro de Saúde (CS) Padre Anchieta, região norte, no sábado, 17 de março, numa megaoperação de combate à dengue. Estes bairros integram a área com maior concentração de casos da doença no município em 2007.

O trabalho, realizado por agentes comunitários de saúde e pelas equipes da Vigilância em Saúde (Visa) Norte, com apoio da Subprefeitura de Nova Aparecida, incluiu arrastão de criadouros, busca de casos suspeitos, coleta de amostras de sangue de pacientes e orientações gerais sobre a doença e como inviabilizar criadouros do Aedes aegypti, que transmite o vírus da dengue.

Segundo o supervisor de controle ambiental Nilton dos Santos Menezes, da Visa Norte, do total de endereços visitados, 1.293 imóveis foram trabalhados, 587 estavam fechados e 102 não puderam ser verificados porque os moradores se recusaram a receber as equipes.

“De um modo geral, o trabalho foi bom, mas a pendência - casas que não puderam ser trabalhadas – ainda foi grande, de 34%. A população tem que se conscientizar e abrir as portas para as equipes, além de adotar medidas diárias para o controle do mosquito, como não deixar água acumulada em pneus e outros objetos. As pessoas se apegam a objetos que acumulam água e repõem muito rapidamente os criadouros”, disse.

Os técnicos diagnosticaram 16 casos suspeitos de dengue e colheram amostras de sangue de oito pacientes que já se encontravam no dia de coleta. Nilton informou que foram removidos três caminhões de materiais que podem servir de criadouros para o mosquito. Além disso, equipes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) limparam 34 caixas d´água.

Nilton informa que nestas quarta-feira e quinta-feira, dias 21 e 22 de março, acontece mais uma operação contra a dengue na área da CS da Vila Padre Anchieta e que será ampliada para áreas dos Centros de Saúde São Marcos, Eulina e Santa Bárbara. Um carro de som circula desde hoje nas ruas que serão trabalhadas para orientar que os moradores coloquem na calçada tudo que não tem mais serventia em suas casas - principalmente latas, garrafas, pneus e qualquer outro recipiente que possa acumular água – para que os caminhões da Prefeitura possam levar embora.

Novamente Nilton reforça que é fundamental que as pessoas recebam as equipes. “Os moradores devem se programar para estar em casa durante a ação ou, na impossibilidade, deixar a chave com o vizinho ou um outro responsável para facilitar o acesso dos profissionais. A comunidade precisa ser parceira na luta contra a dengue”, diz.

No dia 31 de março, uma outra grande operação de arrastão acontece na Gleba B, Parque Oziel e Jardim do Lago II, na região sul da cidade. A programação para o dia envolve 120 homens, 10 caminhões, 5 máquinas e um carro de som. Neste dia, outros municípios da Região Metropolitana de Campinas também vão realizar arrastões em suas áreas.

Este ano, em Campinas, foram notificados 813 casos confirmados da doença. Deste total, 472 referem-se a moradores do próprio município, 157 são de outras cidades - a maioria de Hortolândia e Sumaré - e outros 184 estão em investigação para que se saiba se são moradores de Campinas ou de outras localidades. No período, foram registrados três casos da forma hemorrágica, um de Campinas e dois de Hortolândia – um deles (morador de Hortolândia) foi a óbito.

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Perguntas

1) O que é dengue?

A dengue é uma doença febril aguda. A pessoa pode adoecer quando o vírus da dengue penetra no organismo, pela picada de um mosquito infectado, o Aedes aegypti.

2) Quanto tempo depois de ser picado aparece a doença? 

Se o mosquito estiver infectado, o período de incubação varia de 3 a 15 dias, sendo em média de 5 a 6 dias.

3) Quais são os sintomas da dengue? 

Os sintomas mais comuns são febre, dores no corpo, principalmente nas articulações, e dor de cabeça. Também podem aparecer manchas vermelhas pelo corpo e, em alguns casos, sangramento, mais comum nas gengivas.

4) O que devo fazer se aparecer alguns desses sintomas? 

Buscar o serviço de saúde mais próximo.

5) Como é feito o tratamento da dengue? 

Não há tratamento específico para o paciente com dengue clássico. O médico deve tratar os sintomas, como as dores de cabeça e no corpo, com analgésicos e antitérmicos (paracetamol e dipirona). Devem ser evitados os salicilatos, como o AAS e a Aspirina, já que seu uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas. É importante também que o paciente fique em repouso e que o médico indique hidratação oral vigorosa (mesmo que o paciente não esteja com vontade, nem tenha diarréia ou sinais de desidratação), preferencialmente com soro de re-hidratação oral. Isto vai ajudar a evitar hipotensão e o choque.

Já os pacientes com Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) devem ser observados cuidadosamente para identificação dos primeiros sinais de choque, como a queda de pressão. O período crítico ocorre durante a transição da fase febril para a sem febre, geralmente após o terceiro dia da doença. A pessoa deixa de ter febre e isso leva a uma falsa sensação de melhora, mas em seguida o quadro clínico do paciente piora. Em casos menos graves, quando os vômitos ameaçarem causar desidratação, a reidratação pode ser feita em nível ambulatorial. A SVS alerta que alguns dos sintomas da dengue só podem ser diagnosticados por um médico.

6) A pessoa que pegar dengue pode morrer?

A dengue, mesmo na forma clássica, é uma doença séria. Caso a pessoa seja portadora de alguma doença crônica, como problemas cardíacos, devem ser tomados cuidados especiais. No entanto, ela é mais grave quando se apresenta na forma hemorrágica. Nesse caso, quando tratada a tempo a pessoa não corre risco de morte.

7) Quais os cuidados para não se pegar dengue?

Como é praticamente impossível eliminar o mosquito, é preciso identificar objetos que possam se transformar em criadouros do Aedes. Por exemplo, uma bacia no pátio de uma casa é um risco, porque, com o acúmulo da água da chuva, a fêmea do mosquito poderá depositar os ovos neste local. Então, o único modo é limpar e retirar tudo que possa acumular água e oferecer risco. Em 90% dos casos, o foco do mosquito está nas residências.

8) O que devo fazer para evitar o mosquito da dengue? 

Para evitar o mosquito da dengue é preciso eliminar os focos do Aedes. A SVS preparou uma lista das medidas que as pessoas podem adotar para evitar que o Aedes se reproduza em sua casa.

9) Depois de termos dengue, podemos pegar novamente?

Sim, podemos, mas nunca do mesmo tipo de vírus. Ou seja, a pessoa fica imune contra o tipo de vírus que provocou a doença, mas ela ainda poderá ser contaminada pelas outras três formas conhecidas do vírus da dengue.

10) Posso pegar dengue de uma pessoa doente?

Em hipótese alguma. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento.

11) Quantos tipos de vírus da dengue existem?

São conhecidos quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4, sendo que no Brasil não existe circulação do tipo 4.

12) Existe vacina contra a dengue?

Ainda não, mas a comunidade científica internacional e brasileira está trabalhando firme neste propósito. Estimativas indicam que deveremos ter um imunizante contra a dengue em cinco anos. A vacina contra a dengue é mais complexa que as demais. A dengue, com quatro vírus identificados até o momento, é um desafio para os pesquisadores. Será necessário fazer uma combinação de todos os vírus para que se obtenha um imunizante realmente eficaz contra a doença.

13) Por que essa doença ocorre no Brasil?

É um sério problema de saúde pública em todo o mundo, especialmente nos países tropicais como o nosso, onde as condições do meio ambiente, aliado a características urbanas, favorecem o desenvolvimento e a proliferação do mosquito transmissor, o Aedes aegypti. Mais de 100 países em todos os continentes, exceto a Europa, registram a presença do mosquito e casos da doença.

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