HMMG realiza cirurgia endoscópica inédita

22/03/2007

O Hospital Municipal Dr. Mário Gatti (HMMG) realizou oficialmente sua primeira colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE), um exame que permite diagnosticar e tratar afecções no fígado, vesícula biliar, canais biliares e pâncreas, sem a necessidade de fazer um corte convencional. Até então, este exame era comprado de terceiros, o que gerava um gasto anual próximo de R$ 80 mil para o hospital.

O procedimento foi realizado em um homem com cerca de 80 anos, com cálculo no canal da bile. “O paciente era portador de doença cardíaca e pulmonar grave, cuja vida corria risco se fosse realizada a cirurgia convencional. O cálculo foi retirado por meio de uma papilotomia e o paciente teve alta em 24 horas”, explica o médico endoscopista Fabrício da Silveira Bossi, autor da cirurgia. A CPRE demora de 30 minutos a 4 horas.

Segundo Bossi, a rápida recuperação do paciente é outro fator importante na realização da CPRE. Em procedimentos convencionais, a recuperação pode levar até três meses, com grande desconforto para o usuário. “Com a CPRE o paciente já pode ter alta no dia seguinte”, diz. Os setes médicos endoscospistas do hospital estão aptos para realizar a colangiopancreatografia.

De acordo com o médico cirurgião Salvador Pinheiro, diretor técnico do HMMG, o novo serviço traz conforto para os usuários e economia para o hospital “Em 2006 gastamos cerca de R$ 80 mil para realizar em torno de 30 colangiopancreatografias. Este ano deveremos realizar um número superior, com o custo praticamente zero”, diz. O procedimento é realizado somente em pacientes internados no hospital.

Exame

A CPRE é um exame no qual um endoscópio (um tubo longo e flexível, com iluminação e uma microcâmera na ponta) é inserido na boca e passado através do estômago e do duodeno até a região da papila duodenal (local onde o suco do pâncreas e a bile são excretados para o intestino). Em seguida, é injetado um contraste (uma substância visível ao raio X) nos canais biliares e pancreáticos, onde são realizadas as radiografias.

As imagens vistas durante o exame podem mostrar inúmeras doenças associadas ao pâncreas e a árvore biliar (canais da bile dentro e fora do fígado). Conforme a doença diagnosticada pode-se realizar um tratamento mesmo por via endoscópica.

Um dos achados mais comuns é a presença de pedras no canal da bile (coledocolitíase). Ela ocorre geralmente devida a migração de um cálculo da vesícula biliar para dentro do canal da bile. Quando isto ocorre, pode-se ter inúmeras complicações e o paciente fica invariavelmente de coloração amarelada (icterícia) como se tivesse hepatite, além de correr o risco de infecção grave (colangite), que pode levar à morte.

“O procedimento, como todo ato cirúrgico, não é isento de complicações e a principal delas é a pancreatite, que em casos graves pode ser fatal”, diz Bossi. Mesmo assim, quando bem indicado, principalmente se o motivo é terapêutico e não diagnóstico, os benefícios sobressaem sobre a possibilidade de complicações. A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) já é realizada nos demais hospitais de Campinas.

Órgãos

O fígado é um órgão que, entre outras coisas, faz um líquido chamado bile que auxilia a digestão. A vesícula biliar é um órgão pequeno, em forma de pêra, que armazena a bile até que seja necessária para a digestão. Os canais biliares transportam a bile do fígado para a vesícula biliar e intestino delgado. Estes canais são chamados algumas vezes de árvore biliar. O pâncreas é um órgão que produz substâncias químicas que ajudam a digestão e hormônios como a insulina.

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