Campinas registra queda de 94% nos casos de dengue

20/03/2008

Autor: Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas divulgou nesta quinta-feira, dia 20 de março, o novo balanço da dengue no município, que aponta uma queda de 94% no número de casos nas primeiras semanas de 2008 em relação ao mesmo período de 2007. De acordo com dados da Vigilância em Saúde Municipal, foram notificados 60 casos em janeiro e fevereiro de 2008, contra 871 registrados nos dois primeiros meses do ano passado.

Também houve redução no número de áreas com transmissão da doença. Segundo o levantamento, este ano são 28 os locais com registro de casos da cidade. Em 2007, nos primeiros dois meses, a cidade contava com 38 áreas de transmissão. Os dados demonstram ainda uma queda maior em Campinas este ano do que a verificada nas cidades da região.

“A redução no número de casos em Campinas é bastante significativa e revela o resultado de esforços do governo municipal que se antecipou ao período de maior transmissão da dengue – que são os meses de calor e chuvas – com reforço nas estratégias de controle, nas ações de comunicação, informação e mobilização social, na mobilização de todos os setores da Prefeitura, na capacitação das equipes de saúde e na avaliação e acompanhamento dos trabalhos”, afirma o secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva.

Segundo o secretário, a redução, por outro lado, indica a importância de se manter a vigilância permanente contra o Aedes aegypti, transmissor da dengue. “Vencemos uma batalha, mas a guerra não está ganha. “Em Campinas, como em todo Brasil, cerca de 70% dos casos de dengue registrados anualmente ocorrem no período de janeiro a maio. Por esse motivo, a continuidade das medidas de combate ao vetor no município e a participação da população são essenciais, uma vez que estamos apenas no início do período favorável à transmissão da dengue”, alertou José Francisco Saraiva.

Ações Segundo a Vigilância em Saúde Municipal entre as mudanças que mais impactaram a redução de casos de dengue no município estão a oficina realizada em outubro do ano passado onde, em conjunto com todos os profissionais envolvidos no combate à doença, foi definida uma mudança no jeito de trabalhar com a meta de tolerância zero para todo caso da doença.

Na prática, isto resultou em ações mais rápidas envolvendo todas as medidas de controle e maior agilidade no bloqueio de casos. Houve também uma maior agilidade no diagnóstico laboratorial, contratação de pessoal para atuação específica no controle da dengue e o município passou a trabalhar com geo-referenciamento por satélite no controle dos casos.

Além disso, em outubro, foi lançada a campanha de mobilização social, com envolvimento de todos os setores da comunidade no combate à doença. A Prefeitura também criou a Comissão de Endemias e Epidemias e o Gabinete do Prefeito publicou uma ordem de serviço para que todos os setores municipais cuidem de seus espaços de forma criteriosa com o objetivo de inviabilizar criadouros e agilizar toda ação de controle.

Outra estratégia relacionada à dengue foi a parceria com entidades ligadas às áreas da medicina, como com o Conselho Regional de Medicina (CRM), Sindicato dos Médicos e Sociedade de Medicina e Cirurgia (SMCC) para divulgação de informações aos médicos do município. Inicialmente o secretário enviou uma carta destacando a importância do engajamento dos médicos na campanha de combate à dengue. Os 580 agentes de saúde também foram convocados pelo prefeito Hélio de Oliveira Santos e pelo secretário municipal de Saúde para o empenho no combate à dengue. Eles foram sensibilizados durante duas reuniões, oportunidades nas quais o secretário e o prefeito ressaltaram a importância da atuação dos agentes na mobilização da sociedade no combate ao mosquito transmissor da doença.

Em 2007, Campinas registrou 7.275 casos de dengue, com dois óbitos.

Saiba mais.

1) O que é dengue?

A dengue é uma doença febril aguda. A pessoa pode adoecer quando o vírus da dengue penetra no organismo, pela picada de um mosquito infectado, o Aedes aegypti.

2) Quanto tempo depois de ser picado aparece a doença?

Se o mosquito estiver infectado, o período de incubação varia de 3 a 15 dias, sendo em média de 5 a 6 dias.

3) Quais são os sintomas da dengue?

Os sintomas mais comuns são febre, dores no corpo, principalmente nas articulações, e dor de cabeça. Também podem aparecer manchas vermelhas pelo corpo e, em alguns casos, sangramento, mais comum nas gengivas.

4) O que devo fazer se aparecer alguns desses sintomas?

Buscar o serviço de saúde mais próximo.

5) Como é feito o tratamento da dengue?

Não há tratamento específico para o paciente com dengue clássico. O médico deve tratar os sintomas, como as dores de cabeça e no corpo, com analgésicos e antitérmicos (paracetamol e dipirona). Devem ser evitados os salicilatos, como o AAS e a Aspirina, já que seu uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas. É importante também que o paciente fique em repouso e ingira bastante líquido.

Já os pacientes com Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) devem ser observados cuidadosamente para identificação dos primeiros sinais de choque, como a queda de pressão. O período crítico ocorre durante a transição da fase febril para a sem febre, geralmente após o terceiro dia da doença. A pessoa deixa de ter febre e isso leva a uma falsa sensação de melhora, mas em seguida o quadro clínico do paciente piora. Em casos menos graves, quando os vômitos ameaçarem causar desidratação, a reidratação pode ser feita em nível ambulatorial. A SVS alerta que alguns dos sintomas da dengue só podem ser diagnosticados por um médico.

6) A pessoa que pegar dengue pode morrer?

A dengue, mesmo na forma clássica, é uma doença séria. Caso a pessoa seja portadora de alguma doença crônica, como problemas cardíacos, devem ser tomados cuidados especiais. No entanto, ela é mais grave quando se apresenta na forma hemorrágica. Nesse caso, quando tratada a tempo a pessoa não corre risco de morte.

7) Quais os cuidados para não se pegar dengue?

Como é praticamente impossível eliminar o mosquito, é preciso identificar objetos que possam se transformar em criadouros do Aedes. Por exemplo, uma bacia no pátio de uma casa é um risco, porque, com o acúmulo da água da chuva, a fêmea do mosquito poderá depositar os ovos neste local. Então, o único modo é limpar e retirar tudo que possa acumular água e oferecer risco. Em 90% dos casos, o foco do mosquito está nas residências.

8) O que devo fazer para evitar o mosquito da dengue?

Para evitar o mosquito da dengue é preciso eliminar os focos do Aedes. A SVS preparou uma lista das medidas que as pessoas podem adotar para evitar que o Aedes se reproduza em sua casa.

9) Depois de termos dengue, podemos pegar novamente?

Sim, podemos, mas nunca do mesmo tipo de vírus. Ou seja, a pessoa fica imune contra o tipo de vírus que provocou a doença, mas ela ainda poderá ser contaminada pelas outras três formas conhecidas do vírus da dengue.

10) Posso pegar dengue de uma pessoa doente?

Em hipótese alguma. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento.

11) Quantos tipos de vírus da dengue existem?

São conhecidos quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4, sendo que no Brasil não existe circulação do tipo 4.

12) Existe vacina contra a dengue?

Ainda não, mas a comunidade científica internacional e brasileira está trabalhando firme neste propósito. Estimativas indicam que deveremos ter um imunizante contra a dengue em cinco anos. A vacina contra a dengue é mais complexa que as demais. A dengue, com quatro vírus identificados até o momento, é um desafio para os pesquisadores. Será necessário fazer uma combinação de todos os vírus para que se obtenha um imunizante realmente eficaz contra a doença.

13) Por que essa doença ocorre no Brasil?

É um sério problema de saúde pública em todo o mundo, especialmente nos países tropicais como o nosso, onde as condições do meio ambiente, aliado a características urbanas, favorecem o desenvolvimento e a proliferação do mosquito transmissor, o Aedes aegypti. Mais de 100 países em todos os continentes, exceto a Europa, registram a presença do mosquito e casos da doença.

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