Autor: Bruno Sgambato e Marisa de Oliveira
O secretário de Saúde, Francisco Kerr Saraiva, o secretário de Meio Ambiente, Paulo Sérgio Garcia de Oliveira, e o secretário de Serviços Públicos, Flávio de Senço se reuniram na tarde desta quinta-feira, dia 19 de março, com técnicos, professores e autoridades sanitárias para discutir sobre o controle do carrapato estrela e da febre maculosa em Campinas.
Durante o encontro, os participantes puderam expor suas experiências em relação ao controle do carrapato estrela e da doença, para, em seguida, abrir a discussão sobre as possibilidades levantadas para solucionar o problema.
"O carrapato estrela transmite a febre maculosa e este é o fato que preocupa por caracterizar um problema de saúde pública", afirmou o secretário de Saúde. Saraiva comentou, ainda, a importância da reunião na busca de solução para o problema, "A intenção é trazer pessoas capacitadas para discutirmos e buscarmos a melhor medida para solucionar a questão", disse.
Os temas abordados envolveram as formas de controle químico, mecânico e biológico do carrapato; a participação das capivaras no contexto da doença; e a necessidade da adoção de medidas específicas, e de monitoramento, para cada situação local verificada.
O professor Romário Cerqueira Leite, veterinário da Universidade Federal de Minas Gerais, responsável pelo controle dos carrapatos durante a preparação dos Jogos Pan-americanos, realizados há cerca de dois anos, no Rio de Janeiro, enfatizou a utilização de controle químico.
Monitoramento
O médico veterinário Nicolau Serra-Freire, do Instituto Osvaldo Cruz, destacou a necessidade de um trabalho de monitoramento após tomada qualquer das possíveis decisões. "É preciso que exista um compromisso técnico e político de continuidade, pois este carrapato tem condições de adaptação a qualquer lugar e situação, além de ter grande poder de fertilidade", falou.
Freire falou ainda da possibilidade de estudos sobre os períodos de reprodução do carrapato para que, assim, sejam adotadas ações de controle periodicamente no Município. "Controlando a reprodução é possível maior domínio no controle da doença", acrescentou.
O professor Marcelo Labruna, da USP, enfatizou a importância da capivara como hospedeiro amplificador da bactéria causadora da febre maculosa, e do carrapato estrela no ambiente. O professor Carlos Alberto Perez, coordenador do programa de controle da ESALQ-USP, apresentou a experiência da instituição no controle do carrapato que causou óbitos no campus de Piracicaba.
Estiveram presentes na reunião pesquisadores e docentes da Universidade Federal de Minas Gerais, do Instituto Osvaldo Cruz, do Rio de Janeiro, da Universidade de São Paulo (USP), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) de Piracicaba, da UNICAMP, da Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN), além de profissionais da área de saúde, meio ambiente e serviços públicos da Prefeitura de Campinas.
Lago do Café
A Secretaria de Serviços Públicos, por meio do Departamento de Parques e Jardins, deu início, no último dia 9 de março, às obras para a construção de uma nova área de manejo das capivaras que vivem no Lago do Café, visando interromper o ciclo do carrapato estrela, além de medidas de limpeza e preparo do solo que deverão reduzir a infestação no parque.
O Secretário de Meio Ambiente destacou que, conforme a opinião dos especialistas, as medidas que já estão sendo adotadas poderão reduzir significativamente a infestação dos carrapatos no local, havendo necessidade de aproveitar as demais experiências relatadas na reunião técnica que, em conjunto, poderiam garantir uma solução mais eficiente para a redução do risco da febre maculosa no local. "Através do monitoramento permanente é que podemos avaliar o sucesso na aplicação das medidas de controle", ponderou.
A Secretaria de Saúde destaca, ainda, que tal monitoramento possibilitará a definição das condições de segurança para a reabertura do Lago do Café à visitação pública.