Seminário ativa Política de Saúde do Homem na rede pública em Campinas

26/03/2010

Autor: Marco Aurélio Capitão

Embora a expectativa de vida dos homens tenha aumentado de 59,7 para 68,4 anos entre 1980 e 2005, desde 1991, segundo o Ministério da Saúde, ela vem se mantendo 7,6 anos abaixo da média das mulheres. Com o objetivo de reduzir essa diferença e aumentar o acesso e a adesão dos homens à rede do Sistema Único de Saúde, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Campinas iniciou a implantação na rede pública de saúde do Programa de Atenção Integral à Saúde do Homem. Na manhã de quarta-feira, 24 de março, no Salão Vermelho da Prefeitura, foi realizado o Seminário Municipal de Sensibilização dos Gestores da SMS à Atenção Integral à Saúde do Homem.

O evento contou com a participação do médico sanitarista, Baldur Schubert, coordenador nacional da Área Técnica de Saúde do Homem no Ministério da Saúde, da médica geriatra, Jane Emídio Dias, coordenadora da Área de Saúde do Adulto e Pessoa Idosa do Município e do secretário municipal de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva. Cento e vinte pessoas, entre coordenadores, gestores e profissionais da área de saúde assistiram ao seminário.

O primeiro passo para a implantação da política municipal de saúde do homem foi dado em outubro de 2009, quando o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, inaugurou no Complexo Hospitalar Ouro Verde (Chov) a Unidade de Referência da Saúde do Homem. Desde então, o secretário José Francisco Kerr Saraiva e a médica Jane Emídio Dias trabalham em parceria com o Ministério da Saúde para definir a implantação do programa em Campinas.

Na sua apresentação no seminário desta quarta-feira, no Salão Vermelho, Baldur Schubert, referindo-se ao doutor Saraiva e à doutora Jane, afirmou que “nós, do Ministério da Saúde, somos devedores a esses dois médicos campineiros que ajudaram de maneira ativa a construir essa política de Saúde do Homem”. Baldur disse, ainda, que essa iniciativa, que prioriza o atendimento do homem adulto, vem preencher uma lacuna na saúde pública.

“A política de saúde da criança tem quarenta anos, a da mulher tem 26, a do idoso tem dez e a do homem tem apenas seis meses. Vamos recuperar esse tempo perdido. Nos consultórios – exemplificou o médico – a prioridade de atendimento é dos idosos, depois é a vez das gestantes, em seguida vêm crianças, as mulheres e, no fim da fila, aparecem os homens adultos”.

José Francisco Saraiva, em sua fala, argumentou que a Política Municipal de Atenção Integral à Saúde do Homem deve estar integrada à atenção básica, porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS). O secretário ressaltou que muitas pesquisas já demonstraram que os homens são mais vulneráveis às doenças crônicas do que as mulheres e que, também, morrem mais precocemente.

“Nosso intuito, com essa nova política, é facilitar o acesso da população masculina aos serviços de saúde e, para isso, precisamos organizar a rede de atenção, qualificar profissionais e, ainda, sensibilizar os homens e suas famílias para a importância de hábitos saudáveis e da medicina preventiva”, afirmou doutor Saraiva.

Baldur Schubert, ao final de sua explanação, anunciou que na próxima semana o Governo Federal deve liberar a quantia de R$ 75 mil para cada um dos 26 municípios brasileiros, entre eles Campinas, que iniciarão a implantação da nova política. “É uma quantia que, neste momento, servirá para dar início ao programa nos municípios pioneiros”, disse.

Jane Emídio Dias explicou que, em Campinas, um dos objetivos dessa política é justamente aumentar o acesso e a adesão dos homens com idade entre 20 e 59 anos à rede do Sistema Único de Saúde desde a atenção primária até a especializada e hospitalar. De acordo com dados apresentados pela médica, Campinas conta, hoje, com uma população de 1.072.418 habitantes, sendo que desse total, 525.146 (48,9%) compõe a população masculina e, desses, 297.830 são adultos entre 20 e 59 anos.

No próximo dia 17 de junho será realizada uma Oficina com profissionais de dez unidades pilotos, sendo duas por cada Distrito de Saúde.

As Unidade piloto são: Centro de Saúde DIC 1, que atende 15.660 homens com idade entre 20 e 59 anos, CS Pedro de Aquino (8.918), CS Santa Mônica (4.876), CS 31 de Março (3.579), CS Esmeraldina (6.098), CS Santo Antônio (5.438), CS Conceição (11.019), CS Ipaussurama (7.379), CS São José (15.704) e Ceasa, que tem atualmente 1.400 homens cadastrados.

Entre as estratégias a serem pensadas pelas unidades pilotos podem ser destacadas a de sensibilizar esposa, filhos e outros parentes próximos da importância do programa, visitar domicílios na busca de agravos, divulgar a Política Municipal de Saúde do Homem onde exista maior concentração de homens, além de acompanhar as diretrizes e programas de capacitação elaborados pelo Ministério da Saúde.

No entender da coordenadora da Área de Saúde do Adulto e Pessoa Idosa do Município, a médica Jane Emídio Dias, a SMS tem como principais desafios para implantar com sucesso esse programa, sensibilizar a referida população a buscar o cuidado nas Unidades Básicas, garantir o acesso e a integralidade das ações para criação de vínculo e responsabilização e, ainda, criar consensos técnicos que facilitem tratar os agravos, além de realizar diagnósticos precoces e consequente seguimento das patologias mais prevalentes desta faixa etária.

Dados. Em Campinas, a cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. Eles bebem mais, fumam mais e estão mais expostos aos riscos de inatividade física, consumo de gorduras e excesso de peso do que as mulheres.

A taxa de mortalidade masculina por homicídios é cerca de 12 vezes maior do que a feminina, chegando a 15 vezes entre 20 e 29 anos. As principais causas de morte entre homens de 15 a 59 anos são violência e acidentes de trânsito, doenças do aparelho circulatório, tumores, doenças do aparelho digestivo e do aparelho respiratório, segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade.

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