Campinas confirma caso importado de sarampo e desencadeia medidas de prevenção e controle

11/03/2011

Autor: Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas confirmou nesta quinta-feira, dia 10 de março, um caso de sarampo em morador do município. Trata-se de um homem adulto que adoeceu depois de viajar com a família para fora do país. O paciente, de 41 anos, não havia sido vacinado.

O sarampo é uma doença infecciosa aguda, altamente contagiosa, transmitida por vírus, de pessoa a pessoa, por meio das secreções expelidas pelo doente ao tossir, falar ou respirar. No início da doença o paciente apresenta febre, tosse, catarro, conjuntivite e fotofobia. Depois, esses sintomas são acentuados, com prostração do paciente e aparecimento de manchas avermelhadas na pele.

A última notificação de caso confirmado da doença na cidade ocorreu há 12 anos, em 1999. O Brasil interrompeu a circulação autóctone do sarampo em 2000. Todos os casos que têm sido registrados nesses últimos dez anos são importados, como ocorre em outros países das Américas que já eliminaram a doença, como Estados Unidos e Canadá.

A presença de casos importados é esperada pela Vigilância em Saúde, mesmo após a eliminação do vírus no Brasil, devido ao grande fluxo de pessoas que viajam para outros países onde a doença ainda existe, como alguns países da Europa, Ásia e África.

Segundo análise genética, realizada pelo laboratório da Fiocruz, o vírus que acometeu o morador de Campinas é similar aos dos surtos registrados em países da Europa, como Inglaterra, França, Itália e Holanda.

Segundo a Secretaria de Saúde de Campinas, esse caso é importante porque, apesar da doença ter sido contraída no exterior, a pessoa passou o período de transmissibilidade em Campinas e circulou pela cidade tendo desenvolvido diversas atividades relacionadas à sua rotina. Portanto, existe a possibilidade de transmissão no município. Também é preciso considerar que o sarampo está em fase de erradicação nas Américas, que trata-se de doença que pode evoluir para complicações e óbitos, que pode causar surtos e epidemia.

O caso foi detectado pela Vigilância em Saúde de Campinas assim que o paciente chegou do exterior, já que ele apresentou os primeiros sintomas na viagem de volta. Imediatamente após a notificação, todas as medidas de controle preconizadas foram adotadas.

As ações incluíram busca ativa e vacinação dos passageiros do mesmo vôo e translado e dos familiares. Até o momento, não foram detectados outros casos entre estes segmentos investigados o que aponta, portanto, que a ocorrência trata-se de caso isolado.

A identificação do caso demonstra que a Vigilância Epidemiológica tem mantido uma elevada sensibilidade para detecção de casos importados e devidas ações de prevenção e controle. Também é exemplar porque aponta a importância dos profissionais de saúde estarem atentos e pensarem no sarampo.

“Todo médico, frente a uma doença exantemática tem que considerar o sarampo no seu diagnóstico diferencial, especialmente no caso de pessoas que chegam do exterior. E o cidadão com quadro febril também deve lembrar de informar ao profissional de saúde seu histórico de viagem”, afirma a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas.

Segundo Brigina outras medidas de controle e prevenção estão em andamento como busca ativa nos laboratórios dos casos suspeitos das doenças exantemáticas, com quadro de febre e manchas avermelhadas na pele.

Além disso, estão sendo realizadas retestagem para sarampo das amostras de suspeitos de dengue com resultado negativo; busca ativa e vacinação dos moradores do prédio onde reside o caso confirmado; e busca ativa em prontos atendimentos de alguns hospitais, selecionados através de registro de prontuários.

Outra medida, iniciada nesta quarta-feira, dia 9, é a ampla divulgação para profissionais de saúde e população em geral, por meio de informes técnicos e com a colaboração da imprensa, sobre a importância da vacinação e da notificação de casos suspeitos.

A vacina contra o sarampo é a única medida preventiva e a mais segura. É importante que o esquema vacinal esteja completo. A primeira dose deve ser aplicada aos doze meses de vida, e o reforço entre quatro a seis anos de idade.

A vacinação contra a doença faz parte do calendário de rotina da criança, com cobertura vacinal entre 96% e 98% em Campinas, o que assegura uma proteção contra a reintrodução da doença no município e no país. Além disso, em 2008, durante a Mobilização Nacional para a Eliminação da Rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita (SRC), Campinas atingiu 101% de cobertura vacinal na população de ambos os sexos na faixa etária entre 20 e 39 anos. A vacina utilizada para a rubéola protege também contra sarampo.

Viajantes.

Frente ao contexto epidemiológico no Brasil e no mundo, a Vigilância em Saúde recomenda que profissionais da área de turismo e viajantes residentes no Brasil que tenham como destino países pertencentes a outros continentes que não as Américas procurem um centro de saúde pelo menos quinze dias antes da viagem para serem vacinados.

Grande parte da população nascida desde o final de década de 80 foi vacinada, mas quem tem mais de 20 anos pode não ter recebido pelo menos uma dose da vacina e, assim, pode estar sujeito à infecção. Por isso é importante que, além dos viajantes que vão para outros países, todos os profissionais dos aeroportos, desde os aeroviários e taxistas até quem trabalha dentro das lojas ou das lanchonetes, tomem a vacina, caso não comprovem vacinação prévia contra o sarampo.

Esta mesma orientação também vale para turistas, agentes de viagens, guias turísticos, funcionários dos hotéis e profissionais do sexo.

A vacina contra o sarampo é contra-indicada para pessoas com história de reação grave a dose anterior ou a algum de seus componentes e no caso de gravidez e de imunossupressão.

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