Secretário de Saúde abre encontro sobre dengue e outras doenças febris

02/03/2012

Autor: Denize Assis

O secretário municipal de Saúde, Fernando Brandão, abriu nesta sexta-feira, dia 2 de março, no Salão Vermelho do Paço Municipal, o 3º Encontro sobre Síndromes Febris Hemorrágicas. O evento reuniu 250 profissionais das redes pública e privada de Saúde e abordou os aspectos clínicos (sinais e sintomas), a situação epidemiológica (situação da doença) e o manejo (como tratar e acompanhar) de pacientes com dengue, doença meningocócica, febre maculosa e leptospirose.

“O objetivo é manter uma rede sensível para o diagnóstico precoce e tratamento destes agravos que estão entre as doenças mais importantes no nosso município. Ressalto especialmente a dengue, pela expectativa da introdução de um novo sorotipo e pelos elevados índices de infestação pelo mosquito transmissor”, disse Brandão.

Em 2012, Campinas registrou 54 casos de pessoas que adoeceram com dengue. Uma das notificações foi da forma hemorrágica, mais grave. Não houve óbitos. Em 2011, foram 3.100 e um óbito.

O SUS que não se vê.

O secretário ainda ressaltou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) na formação e capacitação dos profissionais que atuam não somente na rede pública, mas também na rede privada. Segundo ele, “este é o SUS que não se vê”.

A enfermeira sanitarista Maria Filomena de Gouveia Vilela, coordenadora da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), também deu as boas vindas aos participantes. Ela informou que, tradicionalmente, a capacitação acontece todos os anos com o objetivo de fortalecer a rede de profissionais que atua no diagnóstico e tratamento.

“Este encontro é um momento de discussão, de aprendizado, de atualização. É necessário para sensibilizar as equipes sobre o diagnóstico precoce e atendimento adequado. Trata-se de medida eficiente para a redução de óbitos associados a estas doenças”, disse.

As palestras foram proferidas pelo médico sanitarista André Ribas Freitas, coordenador do Programa Municipal de Controle da Dengue; pela enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, da Covisa; pelo médico infectologista Christian Cruz Hofling, do Hospital Municipal Mário Gatti; pela médica veterinária sanitarista Andrea Von Zuben, da Covisa; e pelo médico infectologista Rodrigo Angerami, da Covisa.

Leptospirose.

Andrea Von Zuben, que ministrou aula sobre a leptospirose, afirmou que esta doença, apesar de ser mais comum no verão, quando ocorrem as chuvas e alagamentos, é registrada durante o ano todo. No estado de São Paulo, segundo a médica veterinária, a letalidade por leptospirose é maior no inverno e uma das explicações é justamente o fato de que os profissionais pensam menos na possibilidade deste agravo no período de seca.

“A demora na suspeição, já que a leptospirose no início tem sintomas parecidos com os de outras doenças, aumenta a chance de complicações e mortes. Por isto a importância deste alerta”, afirmou. Este ano, Campinas registrou dez casos de leptospirose.

Doença meningocócica.

Sobre a doença meningocócica – inclui meningite e meningoccemia –, a enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira explicou que assim como no Brasil, em Campinas este agravo é endêmico, isto é, que ocorre em uma determinada região o tempo todo, ininterruptamente.

Em 2011, Campinas registrou 35 casos de doença meningocócica; em 2010 foram 54; e, em 2009, 39. A letalidade em 2011 foi de 33%. Desde 2007, foram registrados três surtos na cidade, dois comunitários e um institucional.

Febre maculosa.

Rodrigo Angerami ressaltou a letalidade da febre maculosa entre moradores de Campinas. Em 2011, foram seis casos e quatro óbitos. Todas as ocorrências foram de homens adultos que tiveram como local provável de infecção (LPI) áreas silvestres, sendo que em dois deles o LPI pode ter sido em outro município.

Dengue.

O médico sanitarista André Ribas Freitas, coordenador do Programa Municipal de Controle da Dengue, afirmou, em sua explanação, que a situação epidemiológica da dengue em Campinas mostra o aumento de casos graves. Segundo ele, esta condição é esperada em regiões onde a dengue se torna endemo-epidêmica, isto é, onde a doença está sempre presente, com picos em determinados períodos.

“O município já enfrentou grandes epidemias, em 1998, 2002, 2007 e 2011, com alternância de sorotipos e há um contingente grande de pessoas anteriormente expostas. Este conjunto de fatores aumenta a capacidade de propagação do vírus na comunidade e também predispõe à ocorrência de casos graves. Neste contexto, é esperado o aumento de casos com maior severidade, inclusive com possibilidade das formas hemorrágicas”, disse.

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