Avaliação do Ministério da Saúde aponta Campinas entre as cidades com melhor sistema público de saúde

02/03/2012

Autor: Marco Aurélio Capitão

Campinas é a oitava cidade brasileira entre as que oferecem melhor atendimento na rede pública de saúde. O indicativo consta no Índice de Desempenho do sistema Único de Saúde (IDSUS) divulgado em 1º de março pelo Ministério da Saúde (MS) que avaliou, entre 2008 e 2010, os diferentes níveis de atenção (básica, especializada ambulatorial e hospitalar e de urgência e emergência).

A pesquisa foi dividida em seis grupos homogêneos, de acordo com o tamanho da cidade e os serviços que presta na rede pública de saúde. Campinas ficou no Grupo 1. O IDSUS leva em consideração a análise concomitante de três índices: de Desenvolvimento Socioeconômico (IDSE), de Condições de Saúde (ICS) e de Estrutura do Sistema de Saúde do Município (IESSM).

Basicamente, os Grupos 1 e 2 são formados por municípios que apresentam melhor infraestrutura e condições de atendimento à população; os Grupos 3 e 4 têm pouca estrutura de média e alta complexidade, enquanto que os Grupos 5 e 6 não têm estrutura para atendimentos especializados. A proposta é unificar em grupos cidades com características similares.

Dentro de uma pontuação de 0 a 10 Campinas obteve 6,41, nota que a coloca acima da média do País (5,47), da região sudeste (5,56) e do estado de São Paulo (5,77). A avaliação também deixa Campinas ao lado das 16 maiores cidades do País, com mais de um milhão de habitantes, que contam com o melhor sistema público de saúde.

A avaliação do MS levou em conta o cruzamento de 24 indicadores dentro das áreas de atenção básica, atenção ambulatorial e hospitalar de média complexidade, atenção ambulatorial e hospitalar de alta complexidade, além de urgência e emergência.

Fernando Brandão, secretário municipal de Saúde de Campinas, analisa que esses números refletem um esforço de décadas, conquistas que vieram com o controle social e que estão tendo todo o apoio deste governo. O secretário pondera, todavia, que esse resultado precisa ser analisado com cautela, pois a nota 6,41 está abaixo da meta estabelecida pelo IDSUS, que é 7,0. “Temos ciência dos nossos avanços, mas sabemos também que os desafios são muitos. Vamos trabalhar para que na próxima avaliação Campinas esteja ainda melhor”, colocou.

Segundo o secretário, o IDSUS é uma iniciativa de vital importância para o aprimoramento das políticas de saúde do Brasil. No seu entender, os dados dessa pesquisa foram submetidos a rigorosa metodologia de validação e análise, inclusive com o envolvimento de universidades e entidades renomadas como e Organização Mundial da Saúde (OMS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Nos indicadores que avaliam o acesso à Atenção Básica de Saúde, Campinas, de acordo com o IDSUS, é a terceira melhor colocada entre maiores cidades brasileiras, com a nota 7,31. “Podemos melhorar, mas ainda esbarramos em dificuldades em relação a recursos humanos, gestão e financiamento”, avalia o secretário.

O desempenho, a agilidade e a eficiência do SAMU 192, segundo o secretário de Saúde, fizeram a diferença para o baixo índice de óbitos por acidentes de pacientes encaminhados aos hospitais. Nesse quesito Campinas obteve a nota 9,42 e se colocou em 3º lugar entre as dezesseis metrópoles.

O município conseguiu nota máxima em relação aos serviços de média e alta complexidade, na urgência emergência, oferecidos para pacientes não residentes em Campinas, o que deixou a cidade em 1º lugar nesses indicadores. “Isso mostra que a região metropolitana conta, de fato, com um sistema de saúde que engloba os serviços municipais e estadual. Podemos dizer – resume Brandão – que temos um Colegiado Gestor Regional eficiente e isso é uma vitória do SUS”.

Outra nota 10 foi tirada por Campinas na efetividade dos centros de saúde, isto é, nas internações sensíveis à atenção básica (evitáveis). “Conforme explica o secretário de Saúde, “esse primeiro lugar que dizer que temos uma linha de cuidados que faz com que a Unidade Básica de Saúde (UBS) resolva o problema de saúde do paciente e evite que ele seja internado. A pesquisa mostra que estamos numa trajetória de melhora e, com certeza, vamos evoluir ainda mais”.

Apesar das notas relativamente altas na efetividade da atenção básica na incidência da sífilis congênita e na cura da tuberculose e da hanseníase, a enfermeira Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica (Covisa) da Secretaria Municipal de Saúde, explica que os profissionais da saúde pública, no caso da sífilis, ainda encontram dificuldades de tratar os parceiros dos pacientes doentes.

“No caso da cura da tuberculose – explica Brigina - estamos com a nota 8,9. Precisamos melhorar. Encontramos dificuldades na resistência dos pacientes em prosseguir com o tratamento que, relativamente, é muito longo. No caso da hanseníase, apesar da nota alta, 9,17, ainda estamos atrás de muitas cidades”, reconhece a enfermeira, lembrando que Campinas foi certificado pelo Ministério da Saúde por ter alcançado a meta de eliminação da doença enquanto problema de saúde pública.

Transparência.

Além de dar maior transparência ao quadro geral da oferta e da situação dos serviços de saúde, o IDSUS 2012 servirá como instrumento de monitoramento e avaliação para que os dirigentes dos três níveis - federal, estadual e municipal - tomem decisões em favor do aprimoramento das ações de saúde pública no país.

O levantamento de dados para divulgação do IDUS 2012 será realizado a cada três anos. Desde a idealização até a fase de finalização, o índice foi construído com a participação de vários segmentos do governo, técnicos, acadêmicos e com a participação e aprovação do Conselho Nacional de Saúde.

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