Catedral ganhou iluminação especial para marcar o Dia Mundial do Rim

09/03/2012

Autor: Denize Assis e Marco Aurélio Capitão

Quem passou pelo centro de Campinas na noite de quinta-feira, dia 8, teve a oportunidade de observar a Catedral metropolitana com uma iluminação especial. As cores vermelho, amarelo e azul representam a campanha do Dia Mundial do Rim celebrado para alertar a população sobre a doença renal crônica.

No Brasil, de acordo com dados fornecidos pela SBN, mais dez milhões de pessoas têm problemas renais em diferentes estágios de evolução e a maior parte delas desconhece estar doente. Segundo a SBN, mais de 91 mil pessoas fazem hemodiálise no Brasil, sendo 85% dos tratamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Campinas, a SBN estima que 2 mil pessoas façam hemodiálise.

Também para celebrar o Dia do Rim, na tarde desta quinta-feira, no Largo Rosário, centro da cidade, equipes multidisciplinares compostas por médicos, enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais estiveram à disposição da população para esclarecer dúvidas sobre a doença renal. Cerca de 350 pessoas foram atendidas.

As atividades em alusão à data foram promovidas pela Clínica Humânitas, com apoio da SBN e a Sociedade Internacional de Nefrologia e a parceria da Secretaria Municipal de Saúde e do Laboratório do Hospital Vera Cruz. Este ano, a Diocese de Campinas aproveitou a Campanha da Fraternidade, que trata do tema saúde, e encampou a luta.

Responsável pela campanha em Campinas, o médico nefrologista José Marcelo Morelli, diretor da Clínica Humânitas e membro da Sociedade Brasileira de Nefrologia, conta que no Largo do Rosário foi realizada uma triagem para diagnosticar pessoas com potenciais fatores de risco para desenvolvimento de doenças renais crônicas.

Foram disponibilizados serviços de aferição de pressão arterial, exames de urina tipo 1 e testes de diabetes. Os pacientes que tiveram exames com resultados alterados foram submetidos a novo exame, desta vez de creatinina, para avaliação da função renal. Além dos casos espontâneos foram atendidos casos encaminhados pelos Centros de Saúde.

“Os exames foram feitos com precisão e rapidez. A urina era colhida na hora e o resultado saía em alguns minutos. O paciente ia embora com a avaliação completa e o exame na mão. Esses exames são importantes, pois podem detectar calculose renal, que é a pedra no rim, infecção urinária e proteinuria, que trata-se da perda de proteína pela urina”, explicou o médico.

Morelli acrescentou que a campanha deste ano da SBN, Rins em Defesa da Vida, foi adotada pela Campanha da Fraternidade 2012 que tem como tema Fraternidade e Saúde Pública e como lema, Que a saúde se difunda sobre a terra. Ele acrescentou que “o objetivo é conscientizar as pessoas da importância dos exames preventivos, além de ajudar na construção de um sistema público de saúde que melhore a qualidade de vida das pessoas e evite mortes prematuras”.

De acordo com o nefrologista, a doença renal é silenciosa nos seus estágios iniciais. Quando aparecem os primeiros sintomas o paciente já está comprometido. “A doença é inexoravelmente progressiva se não for diagnosticada e o tratamento não for iniciado”, pontua Marcelo.

Hipertensão e Diabetes.

Levantamento do Ministério da Saúde indica que cerca de 60% dos pacientes que fazem tratamento de hemodiálise no Brasil apresentam hipertensão ou diabetes como causas da doença renal crônica - caracterizada pela perda progressiva e irreversível da função dos rins. A doença renal crônica é uma das principais consequências do tratamento inadequado da hipertensão arterial e do diabetes, elevando o risco de morte prematura por doença cardiovascular em mais de dez vezes, segundo informa a Coordenação de Hipertensão e Diabetes do Ministério da Saúde.

Segundo o órgão, toda pessoa que é portadora de hipertensão ou diabetes deverá realizar, no mínimo uma vez por ano, avaliação da função renal, que é um exame de sangue com dosagem da creatinina e exame de urina para detectar presença de albumina.

O tratamento da doença renal deve manter as medidas de controle de glicemia e hipertensão, acrescentar medicamentos de proteção renal, cuidar do estado nutricional e evitar o uso de qualquer medicamento tóxico para os rins, em especial os anti-inflamatórios.

Para quem já desenvolveu a doença, é imprescindível a avaliação do nefrologista – médico especialista em problemas renais – para orientar a prevenção e o tratamento das complicações resultantes da doença e para modificar doenças associadas. Com a evolução da doença renal crônica, o paciente e seus familiares devem ser preparados para uma possível fase de diálise ou transplante renal.

Riscos e cuidados.

Além do crescimento e envelhecimento da população, sedentarismo e alimentação inadequada são fatores que explicam o aumento do problema atualmente. Porém, trata-se de uma doença da qual se pode escapar com medidas de prevenção. No estágio inicial, a disfunção pode ser detectada por exames laboratoriais simples e de baixo custo. Além disso, o tratamento das doenças de base, que são a hipertensão e o diabetes, impede ou retarda a evolução para estágios mais avançados da doença renal crônica ou para doença cardiovascular ou morte.

Embora seja responsável por quase metade das mortes por acidente vascular cerebral e por 25% das mortes por doença coronariana, a hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco modificáveis para doenças crônicas não transmissíveis. Quanto ao diabetes, que é a segunda causa de início em diálise, nem sempre resulta em complicação renal, se for adotado um estilo de vida saudável, sem fumo ou álcool e com a prática de atividade física regular. Cerca de 30 milhões de brasileiros são hipertensos (23%) e sete milhões sofrem de diabetes (6%).

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