Saúde registra mais seis casos suspeitos de leishmaniose cutânea

04/04/2003

A Secretaria de Saúde de Campinas registrou, nesta quinta-feira, 3 de abril, mais seis casos suspeitos da leishmaniose cutânea em moradores da área do bairro Pouso Alegre. A comunidade, rural, fica às margens do rio Capivari Mirim e Córrego Aeroporto, na região Sudoeste da cidade, divisa com Indaiatuba, e enfrenta um surto da doença.

Outros dois casos suspeitos e cinco confirmados já haviam sido detectados na mesma área. Todos foram notificados num curto espaço de tempo e tiveram início de sintomas no verão.

Por isso, a Secretaria de Saúde de Campinas, por meio das equipes do Centro de Saúde São Cristóvão, Centro de Controle de Zoonoses e Distrito de Saúde Sudoeste, além da Sucen (Superintendência do Controle de Endemias), desenvolvem, desde a última segunda-feira, 31 de março, uma ação no local. O trabalho ainda prossegue nas próximas segunda-feira e terça-feira, 7 e 8 de abril

A ação inclui busca ativa de casos com sintomas da doença nas chácaras do bairro. As famílias que residem na área sujeita a doença foram cadastradas e orientadas quanto aos sintomas, quando procurar a equipe de saúde e cuidados que devem ser adotados para evitar a leishmaniose cutânea.

A leishmaniose cutânea, também chamada de úlcera de bauru ou ferida brava, é uma doença causada por um micróbio (protozoário) chamado de Leishmânia. É transmitida ao homem e a outros animais pelo mosquito flebótomo, conhecido popularmente como mosquito palha ou birigüi.

A pessoa com leishmaniose apresenta febre, mal-estar e feridas que não cicatrizam, sendo que a característica principal da doença são feridas indolores, que aumentam de tamanho lentamente e não se curam com terapias convencionais.

As equipes que atuam no bairro Pouso Alegre também cadastraram animais domésticos para avaliar o risco da transmissão da doença entre animais e seus proprietários. O procedimento é necessário porque a transmissão da leishmaniose ocorre quando o mosquito palha pica um animal doente, contaminado com o Leishmânia, e depois pica o homem ou outros animais.

De acordo com o médico veterinário Cláudio Castagna, do Distrito de Saúde Sudoeste, até a tarde desta quinta-feira, 3 de abril, 106 famílias já haviam sido cadastradas na área. Estima-se que a comunidade tenha 130 famílias, com cerca de 780 pessoas.

O mapeamento dos casos permitiu, de acordo com Cláudio, definir com precisão a região de transmissão da doença. "É uma pequena área de mata nativa ao longo do córrego Aeroporto", afirma o médico veterinário.

Os moradores estão sendo orientados a colocar telas malha 18 (tela mais fina do que a comum) em todas as janelas e portas das residências e a utilizar mosquiteiros nas camas. Também recebem dicas sobre como arrumar o quintal, mantendo-o limpo, e sobre como dispor corretamente os resíduos.

Informações sobre como cuidar da saúde dos animais e como proceder para manutenção das condições de higiene do canil e do estábulo estão sendo divulgadas. Durante a ação, profissionais do CCZ vacinaram cães e gatos das propriedades visitadas contra a raiva animal.

Profissionais da Sucen, em parceria com o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Campinas, pesquisam, na comunidade atingida, o mosquito transmissor da doença. Armadilhas para caçar o inseto já foram montadas.

A leishmaniose cutânea ocorre em todo País. A doença tem cura e o tratamento está disponível, gratuitamente, na rede pública. A doença não é transmitida por contato com mãos ou pele.

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