A Secretaria de Saúde
de Campinas registrou, nesta quinta-feira, 3 de abril, mais seis
casos suspeitos da leishmaniose cutânea em moradores da área
do bairro Pouso Alegre. A comunidade, rural, fica às margens do
rio Capivari Mirim e Córrego Aeroporto, na região Sudoeste da
cidade, divisa com Indaiatuba, e enfrenta um surto da doença.
Outros dois
casos suspeitos e cinco confirmados já haviam sido detectados
na mesma área. Todos foram notificados num curto espaço de
tempo e tiveram início de sintomas no verão.
Por isso, a
Secretaria de Saúde de Campinas, por meio das equipes do Centro
de Saúde São Cristóvão, Centro de Controle de Zoonoses e
Distrito de Saúde Sudoeste, além da Sucen (Superintendência
do Controle de Endemias), desenvolvem, desde a última
segunda-feira, 31 de março, uma ação no local. O trabalho
ainda prossegue nas próximas segunda-feira e terça-feira, 7 e
8 de abril
A ação inclui
busca ativa de casos com sintomas da doença nas chácaras do
bairro. As famílias que residem na área sujeita a doença
foram cadastradas e orientadas quanto aos sintomas, quando
procurar a equipe de saúde e cuidados que devem ser adotados
para evitar a leishmaniose cutânea.
A leishmaniose
cutânea, também chamada de úlcera de bauru ou ferida brava,
é uma doença causada por um micróbio (protozoário) chamado
de Leishmânia. É transmitida ao homem e a outros
animais pelo mosquito flebótomo, conhecido popularmente como
mosquito palha ou birigüi.
A pessoa com
leishmaniose apresenta febre, mal-estar e feridas que não
cicatrizam, sendo que a característica principal da doença são
feridas indolores, que aumentam de tamanho lentamente e não se
curam com terapias convencionais.
As equipes que
atuam no bairro Pouso Alegre também cadastraram animais domésticos
para avaliar o risco da transmissão da doença entre animais e
seus proprietários. O procedimento é necessário porque a
transmissão da leishmaniose ocorre quando o mosquito palha pica
um animal doente, contaminado com o Leishmânia, e depois
pica o homem ou outros animais.
De acordo com o
médico veterinário Cláudio Castagna, do Distrito de Saúde
Sudoeste, até a tarde desta quinta-feira, 3 de abril, 106 famílias
já haviam sido cadastradas na área. Estima-se que a comunidade
tenha 130 famílias, com cerca de 780 pessoas.
O mapeamento
dos casos permitiu, de acordo com Cláudio, definir com precisão
a região de transmissão da doença. "É uma pequena área
de mata nativa ao longo do córrego Aeroporto", afirma o médico
veterinário.
Os moradores
estão sendo orientados a colocar telas malha 18 (tela mais fina
do que a comum) em todas as janelas e portas das residências e
a utilizar mosquiteiros nas camas. Também recebem dicas sobre
como arrumar o quintal, mantendo-o limpo, e sobre como dispor
corretamente os resíduos.
Informações
sobre como cuidar da saúde dos animais e como proceder para
manutenção das condições de higiene do canil e do estábulo
estão sendo divulgadas. Durante a ação, profissionais do CCZ
vacinaram cães e gatos das propriedades visitadas contra a
raiva animal.
Profissionais
da Sucen, em parceria com o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses)
de Campinas, pesquisam, na comunidade atingida, o mosquito
transmissor da doença. Armadilhas para caçar o inseto já
foram montadas.
A leishmaniose
cutânea ocorre em todo País. A doença tem cura e o tratamento
está disponível, gratuitamente, na rede pública. A doença não
é transmitida por contato com mãos ou pele.