Saúde promove semana de combate à hanseníase

17/04/2003

Para marcar a Semana estadual de combate à hanseníase, a Secretaria de Saúde de Campinas promove de 22 a 26 de abril uma série de atividades nos centros de saúde, módulos de saúde da família e em pontos estratégicos da cidade. O objetivo é orientar as pessoas sobre os sintomas e diminuir a existência oculta da doença.

Entre as atividades, estão previstas instalações de barracas educativas em alguns pontos de maior fluxo de pessoas na cidade, como o Largo do Rosário, Paço Municipal e terminais de ônibus. Nos serviços de saúde, serão desenvolvidas ações educativas nas salas de recepção.

A Campanha vem sendo preparada pela Secretaria de Saúde de Campinas desde o final do ano passado, quando as equipes de saúde do Paidéia passaram a ser capacitadas para que saibam avaliar uma suspeita de hanseníase, diagnosticá-la e tratá-la e avaliar as pessoas que têm contato próximo para verificar se também estão doentes.

Na última segunda-feira, 14 de abril, os profissionais de saúde da Prefeitura passaram novamente por capacitação num curso sobre Hansenologia promovido pela Secretaria de Saúde do Estado.

Descentralização - A principal diretriz de Campinas no combate à hanseníase tem sido a descentralização do atendimento. Iniciada em 2001, a descentralização visa oferecer acompanhamento às pessoas com hanseníase em todos os CSs (Centros de Saúde). Atualmente, 19 dos 46 centros de saúde de Campinas tratam a doença, além do Ambulatório Ouro Verde e do Ambulatório de Dermatologia do Hospital Municipal Mário Gatti.

De acordo com a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, a descentralização facilita o acesso das pessoas, já que o tratamento pode ser feito num local próximo à casa do cidadão. "Essa diretriz também favorece o diagnóstico precoce, já que toda rede passa a estar atenta e sensível para suspeitar e avaliar os casos.

Prevalência - Dados da Secretaria de Saúde mostram que a prevalência da hanseníase em Campinas é menor que a verificada no Estado de São Paulo como um todo. De 95 a 2002, a prevalência da doença diminuiu de 3,43 doentes por 10 mil habitantes para 1,2 por 10 mil. A meta preconizada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) é de 1 caso para cada grupo de 10 mil habitantes.

Desafio – No entanto, enquanto cai a prevalência, o número de casos novos a cada ano tem se mantido constante, chegando a 90. Além disso, os casos novos continuam a ser diagnosticados nas formas mais avançadas da doença. Dados da Vigilância Epidemiológica Municipal apontam que mais de 70% dos casos são identificados nas fases mais avançadas da hanseníase.

E, segundo a enfermeira Brigina Kemp, quando o tratamento é iniciado tardiamente, os pacientes podem desenvolver complicações e ficar com seqüelas. Segundo ela, um terço dos pacientes que iniciam o tratamento em Campinas já apresentam algum grau de incapacidade.

"Portanto, nosso maior desafio com relação à doença é conseguir fazer o diagnóstico precoce. Isso favorece a descoberta dos casos em fase não transmissível e leva à diminuição da ocorrência de casos", diz Brigina.

Os casos de hanseníase em Campinas estão espalhados por todas as regiões da cidade, com maior concentração nas Sudoeste, Sul e Norte, seguidas da Noroeste e Leste.

O que é a hanseníase - É uma doença causada por uma bactéria. É transmitida por uma pessoa infectada que elimina o micróbio pelas vias respiratórias. Para desenvolver a doença, a pessoa deve aspirar uma grande quantidade de bacilos, situação que é favorecida quando há contato prolongado com o doente que não esteja em tratamento que é o caso de contato familiar.

Os sintomas da doença são manchas brancas ou vermelhas, que não coçam e não doem e são insensíveis ao calor e ao frio. A hanseníase tem cura. O tratamento é simples e é de graça em todos os centros de saúde. O tratamento não pode ser interrompido e, na maioria das vezes, dura seis meses. Nas primeiras doses do medicamento, os micróbios deixam de infectar e, portanto, a doença deixa de ser transmitida.

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