Para marcar a
Semana estadual de combate à hanseníase, a Secretaria de Saúde
de Campinas promove de 22 a 26 de abril uma série de atividades
nos centros de saúde, módulos de saúde da família e em
pontos estratégicos da cidade. O objetivo é orientar as
pessoas sobre os sintomas e diminuir a existência oculta da
doença.
Entre as
atividades, estão previstas instalações de barracas
educativas em alguns pontos de maior fluxo de pessoas na cidade,
como o Largo do Rosário, Paço Municipal e terminais de ônibus.
Nos serviços de saúde, serão desenvolvidas ações educativas
nas salas de recepção.
A Campanha vem
sendo preparada pela Secretaria de Saúde de Campinas desde o
final do ano passado, quando as equipes de saúde do Paidéia
passaram a ser capacitadas para que saibam avaliar uma suspeita
de hanseníase, diagnosticá-la e tratá-la e avaliar as pessoas
que têm contato próximo para verificar se também estão
doentes.
Na última
segunda-feira, 14 de abril, os profissionais de saúde da
Prefeitura passaram novamente por capacitação num curso sobre
Hansenologia promovido pela Secretaria de Saúde do Estado.
Descentralização
- A principal diretriz de Campinas no combate à hanseníase tem
sido a descentralização do atendimento. Iniciada em 2001, a
descentralização visa oferecer acompanhamento às pessoas com
hanseníase em todos os CSs (Centros de Saúde). Atualmente, 19
dos 46 centros de saúde de Campinas tratam a doença, além do
Ambulatório Ouro Verde e do Ambulatório de Dermatologia do
Hospital Municipal Mário Gatti.
De acordo com a
enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância
Epidemiológica de Campinas, a descentralização facilita o
acesso das pessoas, já que o tratamento pode ser feito num
local próximo à casa do cidadão. "Essa diretriz também
favorece o diagnóstico precoce, já que toda rede passa a estar
atenta e sensível para suspeitar e avaliar os casos.
Prevalência
- Dados da Secretaria de Saúde mostram que a prevalência da
hanseníase em Campinas é menor que a verificada no Estado de São
Paulo como um todo. De 95 a 2002, a prevalência da doença
diminuiu de 3,43 doentes por 10 mil habitantes para 1,2 por 10
mil. A meta preconizada pela OMS (Organização Mundial de Saúde)
é de 1 caso para cada grupo de 10 mil habitantes.
Desafio
– No entanto, enquanto cai a prevalência, o número de casos
novos a cada ano tem se mantido constante, chegando a 90. Além
disso, os casos novos continuam a ser diagnosticados nas formas
mais avançadas da doença. Dados da Vigilância Epidemiológica
Municipal apontam que mais de 70% dos casos são identificados
nas fases mais avançadas da hanseníase.
E, segundo a
enfermeira Brigina Kemp, quando o tratamento é iniciado
tardiamente, os pacientes podem desenvolver complicações e
ficar com seqüelas. Segundo ela, um terço dos pacientes que
iniciam o tratamento em Campinas já apresentam algum grau de
incapacidade.
"Portanto,
nosso maior desafio com relação à doença é conseguir fazer
o diagnóstico precoce. Isso favorece a descoberta dos casos em
fase não transmissível e leva à diminuição da ocorrência
de casos", diz Brigina.
Os casos de
hanseníase em Campinas estão espalhados por todas as regiões
da cidade, com maior concentração nas Sudoeste, Sul e Norte,
seguidas da Noroeste e Leste.
O que é a
hanseníase - É
uma doença causada por uma bactéria. É transmitida por uma
pessoa infectada que elimina o micróbio pelas vias respiratórias.
Para desenvolver a doença, a pessoa deve aspirar uma grande
quantidade de bacilos, situação que é favorecida quando há
contato prolongado com o doente que não esteja em tratamento
que é o caso de contato familiar.
Os sintomas da
doença são manchas brancas ou vermelhas, que não coçam e não
doem e são insensíveis ao calor e ao frio. A hanseníase tem
cura. O tratamento é simples e é de graça em todos os centros
de saúde. O tratamento não pode ser interrompido e, na maioria
das vezes, dura seis meses. Nas primeiras doses do medicamento,
os micróbios deixam de infectar e, portanto, a doença deixa de
ser transmitida.