Cidade
será referência mundial para o controle das doenças que
provocam febre e manchas vermelhas na pele
Profissionais
de saúde de Campinas começam a colocar em prática, no próximo
dia 7 de maio, um programa de vai ser referência mundial para o
controle das doenças febris exantemáticas – aquelas que
provocam febre e manchas vermelhas na pele.
O projeto é
chamado Vigifex e o resultado será utilizado no mundo inteiro
para a erradicação do sarampo. O último caso confirmado de
sarampo com origem em Campinas foi registrado em 1999. No Estado
de São Paulo foi em junho de 2000 e no Brasil em outubro de
2000.
O pontapé
inicial para o projeto foi dado nesta quinta-feira, 24 de abril,
no The Royal Palm Plaza, num simpósio que contou com a presença
de 350 profissionais de saúde. O evento tinha como objetivo
atualizar as equipes para estarem atentas para estas doenças,
suspeitar, informar os casos às vigilâncias em saúde,
encaminhar para exame e tratar e acompanhar o paciente.
A OMS (Organização
Mundial de Saúde) escolheu Campinas para implementar o Vigifex
porque o município tem um boa rede de saúde pública e
privada. O número de casos suspeitos de doenças febris exantemáticas
investigados na cidade é o maior do continente americano e é
três vezes superior ao verificado no Estado de São Paulo.
Somente em
2002, foram notificados pela vigilância epidemiológica
municipal 207 casos suspeitos de sarampo e rubéola, 101
suspeitos de febre maculosa e 10.070 suspeitos de dengue, sendo
1.070 de dengue com exantema.
Além disso,
para a escolha de Campinas, foram levados em conta o número de
habitantes, o apoio da sociedade médica local e o fato da
cidade contar com duas universidades e uma boa rede hospitalar.
Também foram consideradas as questões logísticas e
financeiras.
De acordo
Cristiana Toscano, consultora internacional do Programa de
Vacinas e Imunizações da Organização Pan-Americana de Saúde,
as principais causas de febre e manchas na pele da população
em geral sempre foram sarampo e rubéola. A partir de 2002, países
do continente americano conseguiram eliminar o sarampo. Casos de
rubéola também diminuíram significativamente.
No entanto,
como ainda há casos de sarampo em muitos países, existe o
risco da reintrodução do vírus no Brasil. Por isso, segundo
Cristiana, a OMS está iniciando uma outra etapa no trabalho de
erradicação da doença, que consiste na detecção e averiguação
de todas as outras causas de febre e manchas na pele.
"A partir
de agora, profissionais das redes pública e privada de saúde
de Campinas devem informar qualquer casos de febre e manchas ao
projeto Vigifex. A partir daí, com uma amostra do sangue da
pessoa, vai ser feita uma série de exames laboratoriais que
devem apontar o que está causando estas manifestações",
diz Cristiana.
O programa vai
durar um ano e será desenvolvido em parceria com organizações
internacionais, Ministério da Saúde, Secretaria de Estado da
Saúde e com apoio e colaboração de representantes da
comunidade médica e de diversas instituições de saúde.
Segundo José Cássio
de Moraes, coordenador do Vigifex no Brasil, ao final deste período
será possível estabelecer um padrão de qualidade e saber em
que condições a vigilância epidemiológica deve funcionar
para que não ocorra o sarampo. A idéia, segundo ele, é que
este projeto fortaleça ainda mais a vigilância epidemiológica
e que o resultado seja exportado para outros países e regiões
do mundo inteiro para o programa de erradicação do sarampo.
Cássio
ressalta que o sarampo é a doença febril exantemática de
maior freqüência no mundo, com uma taxa de mortalidade
importante e de fácil transmissão. Em 97, informa o médico, o
Estado de São Paulo enfrentou uma epidemia da doença, com mais
de 40 mil casos. Em 2000, segundo a OMS, mais de 800 mil crianças
adoeceram de sarampo em várias partes do mundo.
Há mais de 30
anos a vacina contra o sarampo está disponível na rede pública
de saúde do Brasil. Ela deve ser aplicada quando a criança
completa o primeiro ano de vida. A vacinação é uma das estratégias
adotadas pela OMS para a erradicação da doença.
Para notificar
os casos ao Vigifex, os profissionais de saúde devem entrar em contato pelos números 0800 7700555,
(19) 3735 0286 ou pelo BIP 08007074242 código 113001.