Campinas inicia projeto Internacional para a erradicação do sarampo

24/04/2003

Cidade será referência mundial para o controle das doenças que provocam febre e manchas vermelhas na pele

Profissionais de saúde de Campinas começam a colocar em prática, no próximo dia 7 de maio, um programa de vai ser referência mundial para o controle das doenças febris exantemáticas – aquelas que provocam febre e manchas vermelhas na pele.

O projeto é chamado Vigifex e o resultado será utilizado no mundo inteiro para a erradicação do sarampo. O último caso confirmado de sarampo com origem em Campinas foi registrado em 1999. No Estado de São Paulo foi em junho de 2000 e no Brasil em outubro de 2000.

O pontapé inicial para o projeto foi dado nesta quinta-feira, 24 de abril, no The Royal Palm Plaza, num simpósio que contou com a presença de 350 profissionais de saúde. O evento tinha como objetivo atualizar as equipes para estarem atentas para estas doenças, suspeitar, informar os casos às vigilâncias em saúde, encaminhar para exame e tratar e acompanhar o paciente.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) escolheu Campinas para implementar o Vigifex porque o município tem um boa rede de saúde pública e privada. O número de casos suspeitos de doenças febris exantemáticas investigados na cidade é o maior do continente americano e é três vezes superior ao verificado no Estado de São Paulo.

Somente em 2002, foram notificados pela vigilância epidemiológica municipal 207 casos suspeitos de sarampo e rubéola, 101 suspeitos de febre maculosa e 10.070 suspeitos de dengue, sendo 1.070 de dengue com exantema.

Além disso, para a escolha de Campinas, foram levados em conta o número de habitantes, o apoio da sociedade médica local e o fato da cidade contar com duas universidades e uma boa rede hospitalar. Também foram consideradas as questões logísticas e financeiras.

De acordo Cristiana Toscano, consultora internacional do Programa de Vacinas e Imunizações da Organização Pan-Americana de Saúde, as principais causas de febre e manchas na pele da população em geral sempre foram sarampo e rubéola. A partir de 2002, países do continente americano conseguiram eliminar o sarampo. Casos de rubéola também diminuíram significativamente.

No entanto, como ainda há casos de sarampo em muitos países, existe o risco da reintrodução do vírus no Brasil. Por isso, segundo Cristiana, a OMS está iniciando uma outra etapa no trabalho de erradicação da doença, que consiste na detecção e averiguação de todas as outras causas de febre e manchas na pele.

"A partir de agora, profissionais das redes pública e privada de saúde de Campinas devem informar qualquer casos de febre e manchas ao projeto Vigifex. A partir daí, com uma amostra do sangue da pessoa, vai ser feita uma série de exames laboratoriais que devem apontar o que está causando estas manifestações", diz Cristiana.

O programa vai durar um ano e será desenvolvido em parceria com organizações internacionais, Ministério da Saúde, Secretaria de Estado da Saúde e com apoio e colaboração de representantes da comunidade médica e de diversas instituições de saúde.

Segundo José Cássio de Moraes, coordenador do Vigifex no Brasil, ao final deste período será possível estabelecer um padrão de qualidade e saber em que condições a vigilância epidemiológica deve funcionar para que não ocorra o sarampo. A idéia, segundo ele, é que este projeto fortaleça ainda mais a vigilância epidemiológica e que o resultado seja exportado para outros países e regiões do mundo inteiro para o programa de erradicação do sarampo.

Cássio ressalta que o sarampo é a doença febril exantemática de maior freqüência no mundo, com uma taxa de mortalidade importante e de fácil transmissão. Em 97, informa o médico, o Estado de São Paulo enfrentou uma epidemia da doença, com mais de 40 mil casos. Em 2000, segundo a OMS, mais de 800 mil crianças adoeceram de sarampo em várias partes do mundo.

Há mais de 30 anos a vacina contra o sarampo está disponível na rede pública de saúde do Brasil. Ela deve ser aplicada quando a criança completa o primeiro ano de vida. A vacinação é uma das estratégias adotadas pela OMS para a erradicação da doença.

Para notificar os casos ao Vigifex, os profissionais de saúde devem entrar em contato pelos números 0800 7700555, (19) 3735 0286 ou pelo BIP 08007074242 código 113001.

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