Festa marca primeiro aniversário do Caps Esperança no Taquaral

15/04/2004

Denize Assis

Uma grande festa à fantasia marca o primeiro ano de funcionamento do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Esperança, no Taquaral, às 16h desta sexta-feira, 16 de abril. O serviço atende a 250 portadores de transtornos mentais graves moradores da região Leste de Campinas, tem oito leitos, funciona 24 horas e é viabilizado por meio da co-gestão entre Secretaria Municipal de Saúde e Serviço de Saúde Cândido Ferreira. Os recursos para manutenção da unidade são do Sistema Único de Saúde (SUS).

A comemoração tem um significado especial porque a unidade ganhou na Justiça o direito de funcionar na rua Domingos Giovanini, 290. Em abril de 2003, quando o Caps foi instalado no atual endereço, dois moradores do bairro entraram com uma ação judicial que pedia a lacração do serviço. "Estamos comemorando a vitória contra o preconceito", diz a terapeuta ocupacional Telma Cristina Palmieri, coordenadora do Caps Leste.

Segundo Telma, a localização do serviço é estratégica, para facilitar o acesso dos usuários, conforme diretriz do programa de saúde mental de Campinas. A instalação do Caps num local próximo à casa do usuário permite a participação de familiares, facilita a integração do paciente no seu meio social e, desta maneira, favorece sua recuperação.

O Caps Esperança funciona 24 horas, sendo que no período noturno permanecem no local, acompanhados de profissionais, os pacientes que demandam atenção intensiva. Durante o dia, o Caps desenvolve atividades terapêuticas e de reabilitação desde atendimentos individuais e/ou grupais até atividades de lazer, culturais e oficinas. A assistência é extensiva aos familiares tanto no atendimento no Caps como no domicílio, quando necessário.

A equipe que atende no centro é multiprofissional e conta com 49 profissionais entre psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, auxiliares de enfermagem, enfermeiros, assistentes sociais e outros.

Segundo Telma, o tipo de assistência prestada no Caps segue as diretrizes da reforma psiquiátrica em curso no País, que prevê a substituição dos leitos nos hospitais psiquiátricos e redireciona os recursos da assistência para inserção e atendimento no território.

Tipos de Caps. O Sistema Único de Saúde (SUS) prevê cinco modalidades de Centros de Atenção Psicossocial, variáveis conforme o número de habitantes da cidade. Os Caps do tipo I têm capacidade para assistir a população entre 20 mil e 70 mil habitantes. Os Caps do tipo II, por sua vez, atendem de 70 mil a 200 mil habitantes. Os do tipo III prestam assistência à população acima de 200 mil habitantes e funcionam por 24 horas. Os três tipos oferecem todo o tratamento para doenças mentais.

Também existem os chamados "Caps i" e "Caps ad". No primeiro são desenvolvidas atividades diárias em saúde mental para crianças e adolescentes com transtornos mentais. O Caps ad presta assistência a pacientes adultos e crianças com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas (drogas).

Nove Centros. Atualmente, Campinas conta com os Caps David Capistrano e Integração, que são Caps-Dia. Os Caps Esperança, Novo Tempo, Estação e Antônio da Costa Santos funcionam 24 horas e oferecem 32 leitos para pacientes em situação de crise e já inseridos nos centros. A cidade também conta com um Caps para crianças, o Cevi. Um para dependentes de álcool e outras drogas, que é o Criad, e o Craisa, que recebe adolescentes usuários de droga e em situação de rua.

Nos últimos três anos, foram inaugurados 4 Caps na cidade e os 32 leitos. O município tornou-se uma das referências em todo o País na área de saúde mental. Fechou hospícios e inseriu as pessoas no meio social por meio de garantia de moradias e trabalho. Campinas conta, também, com dois núcleos de internação psiquiátrica, Nac e Nadeq, instalados no Serviço de Saúde Cândido Ferreira. Também possui um Núcleo Clínico que se responsabiliza por pacientes com comprometimento clínico e que estão há muito tempo internados no hospital.

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