Denize Assis
Uma grande
festa à fantasia marca o primeiro ano de funcionamento do
Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Esperança, no
Taquaral, às 16h desta sexta-feira, 16 de abril. O serviço
atende a 250 portadores de transtornos mentais graves
moradores da região Leste de Campinas, tem oito leitos,
funciona 24 horas e é viabilizado por meio da co-gestão
entre Secretaria Municipal de Saúde e Serviço de Saúde Cândido
Ferreira. Os recursos para manutenção da unidade são do
Sistema Único de Saúde (SUS).
A
comemoração tem um significado especial porque a unidade
ganhou na Justiça o direito de funcionar na rua Domingos
Giovanini, 290. Em abril de 2003, quando o Caps foi instalado
no atual endereço, dois moradores do bairro entraram com uma
ação judicial que pedia a lacração do serviço.
"Estamos comemorando a vitória contra o
preconceito", diz a terapeuta ocupacional Telma Cristina
Palmieri, coordenadora do Caps Leste.
Segundo
Telma, a localização do serviço é estratégica, para
facilitar o acesso dos usuários, conforme diretriz do
programa de saúde mental de Campinas. A instalação do Caps
num local próximo à casa do usuário permite a participação
de familiares, facilita a integração do paciente no seu meio
social e, desta maneira, favorece sua recuperação.
O Caps
Esperança funciona 24 horas, sendo que no período noturno
permanecem no local, acompanhados de profissionais, os
pacientes que demandam atenção intensiva. Durante o dia, o
Caps desenvolve atividades terapêuticas e de reabilitação
desde atendimentos individuais e/ou grupais até atividades de
lazer, culturais e oficinas. A assistência é extensiva aos
familiares tanto no atendimento no Caps como no domicílio,
quando necessário.
A equipe que
atende no centro é multiprofissional e conta com 49
profissionais entre psiquiatras, psicólogos, terapeutas
ocupacionais, auxiliares de enfermagem, enfermeiros,
assistentes sociais e outros.
Segundo Telma,
o tipo de assistência prestada no Caps segue as diretrizes da
reforma psiquiátrica em curso no País, que prevê a
substituição dos leitos nos hospitais psiquiátricos e
redireciona os recursos da assistência para inserção e
atendimento no território.
Tipos de Caps.
O Sistema Único de Saúde (SUS) prevê cinco modalidades de
Centros de Atenção Psicossocial, variáveis conforme o número
de habitantes da cidade. Os Caps do tipo I têm capacidade
para assistir a população entre 20 mil e 70 mil habitantes.
Os Caps do tipo II, por sua vez, atendem de 70 mil a 200 mil
habitantes. Os do tipo III prestam assistência à população
acima de 200 mil habitantes e funcionam por 24 horas. Os três
tipos oferecem todo o tratamento para doenças mentais.
Também
existem os chamados "Caps i" e "Caps ad".
No primeiro são desenvolvidas atividades diárias em saúde
mental para crianças e adolescentes com transtornos mentais.
O Caps ad presta assistência a pacientes adultos e crianças
com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias
psicoativas (drogas).
Nove Centros.
Atualmente,
Campinas conta com os Caps David Capistrano e Integração,
que são Caps-Dia. Os Caps Esperança, Novo Tempo, Estação e
Antônio da Costa Santos funcionam 24 horas e oferecem 32
leitos para pacientes em situação de crise e já inseridos
nos centros. A cidade também conta com um Caps para crianças,
o Cevi. Um para dependentes de álcool e outras drogas, que é
o Criad, e o Craisa, que recebe adolescentes usuários de
droga e em situação de rua.
Nos últimos
três anos, foram inaugurados 4 Caps na cidade e os 32 leitos.
O município tornou-se uma das referências em todo o País na
área de saúde mental. Fechou hospícios e inseriu as pessoas
no meio social por meio de garantia de moradias e trabalho.
Campinas conta, também, com dois núcleos de internação
psiquiátrica, Nac e Nadeq, instalados no Serviço de Saúde Cândido
Ferreira. Também possui um Núcleo Clínico que se
responsabiliza por pacientes com comprometimento clínico e
que estão há muito tempo internados no hospital.