Denize Assis
A
Secretaria de Saúde de Campinas prosseguiu nesta
segunda-feira, 26 de abril, com as investigações para
apurar a fonte da contaminação que causou um surto por
infecção bacteriana em mulheres que se submeteram a
cirurgias para implante de próteses mamárias de silicone.
Até o
momento, a Vigilância em Saúde do município constatou que
pelo menos 10 pacientes apresentaram infecção após terem
se submetido a cirurgias plásticas, estéticas ou
corretivas, em cinco clínicas e hospitais particulares e do
sistema público. Nove são de Campinas e uma de Jundiaí.
Na maioria dos casos foi confirmada a presença da bactéria
Mycobacterium fortuitum.
Para
descobrir a fonte da contaminação, a Vigilância está
analisando prontuários médicos dos pacientes, documentos
de controle de infecção hospitalar e técnicas de
esterilização dos serviços e os produtos utilizados (próteses
e medidores).
"A
suspeita mais forte é de que o problema tenha ocorrido com
o uso dos medidores", afirma a enfermeira sanitarista
Salma Balista, diretora da Saúde Coletiva de Campinas. O
medidor é uma peça que simula a prótese. Antes de colocar
o silicone, o cirurgião coloca a peça no paciente para se
certificar do tamanho adequado da prótese. Depois deste
procedimento, a peça é esterilizada e pode ser utilizada
em outra cirurgia. Segundo Salma, também foram coletadas
amostras das próteses de silicone para análise.
A notificação
do surto levou a Vigilância Sanitária a proibir o uso e a
comercialização de três lotes de prótese mamária da
marca Silimed, produzidas no Rio de Janeiro. Também foi
interditado o uso de medidores de implante da mesma marca. A
Vigilância constatou que os medidores não possuem registro
na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A
interdição foi publicada no Diário Oficial do Estado em
20 de abril.
Os lotes
interditados são os de números: 1689652, 1673780 e
1644902. Os produtos foram comercializados pela
representante da Silimed em Campinas, a Ortonal Comércio e
Representação de Materiais Cirúrgicos Ltda. A Silimed é
a maior produtora de silicone do país. A distribuidora
Ortonal sofreu interdição administrativa.
A medida é
preventiva, até que todo o processo de investigação
esteja concluído. "O objetivo é preservar, proteger
outras pessoas que possam se expor a estes riscos",
afirma Salma.
Orientação.
A orientação da Secretaria de Saúde de Campinas é para
que os pacientes que colocaram prótese da marca Silimed e
que sofreram complicações procurem a Vigilância em Saúde
para que os casos sejam acompanhados. "Os pacientes com
sintomas precisam entrar em contato também com o serviço
de saúde onde fizeram a cirurgia para receberem
cuidados", diz o médico sanitarista Vicente Pisani
Neto, da Vigilância em Saúde de Campinas.
O
sanitarista informa que os sintomas da infecção localizada
são calor local, vermelhidão e secreção. A pessoa também
pode apresentar febre. O tratamento requer antibiótico. A
pessoa que tem uma cirurgia marcada e está em dúvida deve
procurar seu médico ou sua equipe de saúde para ser
orientada.
"A
orientação para os serviços de saúde é que adquiram
somente produtos que tenham registro no Ministério da Saúde
e de empresa que tenha autorização para funcionar, que
inclui alvará da Prefeitura e da Vigilância", diz
Vicente. Ele informou ainda que não é possível o paciente
continuar com a prótese enquanto houver a infecção. O
silicone precisa ser removido para o trabalho de recuperação.
A Vigilância
em Saúde de Campinas tomou conhecimento do surto a partir
da reclamação de uma mulher que se submeteu à cirurgia.
Esta paciente relatou estar com secreção na ferida cirúrgica
e informou que outras pessoas na mesma condição também
apresentavam o problema.