Vigilância investiga infecção em mulheres que colocaram prótese de mama

26/04/2004

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas prosseguiu nesta segunda-feira, 26 de abril, com as investigações para apurar a fonte da contaminação que causou um surto por infecção bacteriana em mulheres que se submeteram a cirurgias para implante de próteses mamárias de silicone.

Até o momento, a Vigilância em Saúde do município constatou que pelo menos 10 pacientes apresentaram infecção após terem se submetido a cirurgias plásticas, estéticas ou corretivas, em cinco clínicas e hospitais particulares e do sistema público. Nove são de Campinas e uma de Jundiaí. Na maioria dos casos foi confirmada a presença da bactéria Mycobacterium fortuitum.

Para descobrir a fonte da contaminação, a Vigilância está analisando prontuários médicos dos pacientes, documentos de controle de infecção hospitalar e técnicas de esterilização dos serviços e os produtos utilizados (próteses e medidores).

"A suspeita mais forte é de que o problema tenha ocorrido com o uso dos medidores", afirma a enfermeira sanitarista Salma Balista, diretora da Saúde Coletiva de Campinas. O medidor é uma peça que simula a prótese. Antes de colocar o silicone, o cirurgião coloca a peça no paciente para se certificar do tamanho adequado da prótese. Depois deste procedimento, a peça é esterilizada e pode ser utilizada em outra cirurgia. Segundo Salma, também foram coletadas amostras das próteses de silicone para análise.

A notificação do surto levou a Vigilância Sanitária a proibir o uso e a comercialização de três lotes de prótese mamária da marca Silimed, produzidas no Rio de Janeiro. Também foi interditado o uso de medidores de implante da mesma marca. A Vigilância constatou que os medidores não possuem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A interdição foi publicada no Diário Oficial do Estado em 20 de abril.

Os lotes interditados são os de números: 1689652, 1673780 e 1644902. Os produtos foram comercializados pela representante da Silimed em Campinas, a Ortonal Comércio e Representação de Materiais Cirúrgicos Ltda. A Silimed é a maior produtora de silicone do país. A distribuidora Ortonal sofreu interdição administrativa.

A medida é preventiva, até que todo o processo de investigação esteja concluído. "O objetivo é preservar, proteger outras pessoas que possam se expor a estes riscos", afirma Salma.

Orientação. A orientação da Secretaria de Saúde de Campinas é para que os pacientes que colocaram prótese da marca Silimed e que sofreram complicações procurem a Vigilância em Saúde para que os casos sejam acompanhados. "Os pacientes com sintomas precisam entrar em contato também com o serviço de saúde onde fizeram a cirurgia para receberem cuidados", diz o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Vigilância em Saúde de Campinas.

O sanitarista informa que os sintomas da infecção localizada são calor local, vermelhidão e secreção. A pessoa também pode apresentar febre. O tratamento requer antibiótico. A pessoa que tem uma cirurgia marcada e está em dúvida deve procurar seu médico ou sua equipe de saúde para ser orientada.

"A orientação para os serviços de saúde é que adquiram somente produtos que tenham registro no Ministério da Saúde e de empresa que tenha autorização para funcionar, que inclui alvará da Prefeitura e da Vigilância", diz Vicente. Ele informou ainda que não é possível o paciente continuar com a prótese enquanto houver a infecção. O silicone precisa ser removido para o trabalho de recuperação.

A Vigilância em Saúde de Campinas tomou conhecimento do surto a partir da reclamação de uma mulher que se submeteu à cirurgia. Esta paciente relatou estar com secreção na ferida cirúrgica e informou que outras pessoas na mesma condição também apresentavam o problema.

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