Vigilância vai recolher medidores de implante de mama

28/04/2004

Denize Assis

A Vigilância em Saúde de Campinas inicia nesta quinta-feira, 29 de abril, trabalho de busca de medidores de implantes mamários em hospitais e clínicas da cidade. O procedimento atende determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que estabeleceu interdição e recolhimento dos itens, onde quer que se encontrem.

Na semana passada, uma medida da Vigilância Sanitária Estadual, publicada na edição do Diário Oficial da última sexta-feira, 23 de abril, interditou e proibiu o uso e a comercialização dos medidores da marca Silimed no Estado de São Paulo. Em Campinas, os produtos eram distribuídos pela Ortonal Comércio e Representações de Materiais Cirúrgicos Ltda, interditada pela Vigilância Sanitária Municipal na semana passada.

A Vigilância Estadual também determinou interdição de próteses de implante mamário da marca Silimed e estabeleceu que os profissionais de saúde mantenham sob acompanhamento os pacientes que tiveram tais próteses implantadas. Eles devem comunicar às Vigilâncias respectivas sobre qualquer problema relacionado ao uso dos produtos.

A decisão das autoridades sanitárias ocorreu depois que a Saúde Coletiva de Campinas constatou um surto por infecção bacteriana em mulheres que se submeteram a cirurgias para implante de próteses mamárias de silicone. Até o momento, foram notificados 23 casos de pacientes de Campinas que tiveram problema. Em dez destes foi comprovada a presença de Mycobacterium fortuitum, que causa infecção localizada. Outros 13 aguardam os resultados de exames. Também foram registrados dois casos de infecção por outras bactérias (de Jundiaí e de Campinas) e quatro outros para os quais ainda não constam informações detalhadas.

As investigações feitas até agora pela Vigilância em Saúde de Campinas apontam que a causa mais provável da infecção são os medidores. Eles são usados como moldes durante a cirurgia para que o cirurgião constate o tamanho adequado da prótese. Depois eles são devolvidos às distribuidoras e podem ser reutilizados por outros médicos e hospitais. A Vigilância constatou que os medidores não têm o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"O registro dos medidores é obrigatório. O produto é classificado como correlato de produtos de saúde e como tal necessita de registro no Ministério da Saúde", diz o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Vigilância em Saúde de Campinas. Ele afirma que o controle de qualidade de produtos desta natureza deve ser feito pelo fabricante. "Não tem nada dizendo para nós que, por exemplo, qual o tempo de vida média útil do medidor que, com o tempo, pode começar a apresentar porosidade e fissuras que podem ser fonte da contaminação".

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