Denize Assis
A Vigilância
em Saúde de Campinas inicia nesta quinta-feira, 29 de
abril, trabalho de busca de medidores de implantes mamários
em hospitais e clínicas da cidade. O procedimento atende
determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) que estabeleceu interdição e recolhimento dos
itens, onde quer que se encontrem.
Na semana
passada, uma medida da Vigilância Sanitária Estadual,
publicada na edição do Diário Oficial da última
sexta-feira, 23 de abril, interditou e proibiu o uso e a
comercialização dos medidores da marca Silimed no Estado
de São Paulo. Em Campinas, os produtos eram distribuídos
pela Ortonal Comércio e Representações de Materiais Cirúrgicos
Ltda, interditada pela Vigilância Sanitária Municipal na
semana passada.
A Vigilância
Estadual também determinou interdição de próteses de
implante mamário da marca Silimed e estabeleceu que os
profissionais de saúde mantenham sob acompanhamento os
pacientes que tiveram tais próteses implantadas. Eles devem
comunicar às Vigilâncias respectivas sobre qualquer
problema relacionado ao uso dos produtos.
A decisão
das autoridades sanitárias ocorreu depois que a Saúde
Coletiva de Campinas constatou um surto por infecção
bacteriana em mulheres que se submeteram a cirurgias para
implante de próteses mamárias de silicone. Até o momento,
foram notificados 23 casos de pacientes de Campinas que
tiveram problema. Em dez destes foi comprovada a presença
de Mycobacterium fortuitum, que causa infecção
localizada. Outros 13 aguardam os resultados de exames. Também
foram registrados dois casos de infecção por outras bactérias
(de Jundiaí e de Campinas) e quatro outros para os quais
ainda não constam informações detalhadas.
As
investigações feitas até agora pela Vigilância em Saúde
de Campinas apontam que a causa mais provável da infecção
são os medidores. Eles são usados como moldes durante a
cirurgia para que o cirurgião constate o tamanho adequado
da prótese. Depois eles são devolvidos às distribuidoras
e podem ser reutilizados por outros médicos e hospitais. A
Vigilância constatou que os medidores não têm o registro
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"O
registro dos medidores é obrigatório. O produto é
classificado como correlato de produtos de saúde e como tal
necessita de registro no Ministério da Saúde", diz o
médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Vigilância em
Saúde de Campinas. Ele afirma que o controle de qualidade
de produtos desta natureza deve ser feito pelo fabricante.
"Não tem nada dizendo para nós que, por exemplo, qual
o tempo de vida média útil do medidor que, com o tempo,
pode começar a apresentar porosidade e fissuras que podem
ser fonte da contaminação".