Casos notificados de infecção após implante de silicone nos seios sobe para 28

30/04/2004

Denize Assis

O número de casos suspeitos de infecção em pacientes que se submeteram a cirurgias de implante de silicone nos seios subiu para 28, segundo informações da Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas e da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo nesta sexta-feira, 30 de abril. As autoridades sanitárias também informaram que, além da Silimed, produtos das marcas Eurosilicone e Perthese estão sendo investigados.

"Entre os dez casos confirmados, há sete casos de produtos Silimed, dois de Eurosilicone e um de Perthese. Entre os sete suspeitos, há cinco da marca Silimed, um da Eurosilicone e um da Perthese. A Silimed é brasileira e as outras duas são francesas", informou Maria Clara Padoveze, diretora técnica da Divisão de Infecção Hospitalar do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE).

Dos 28 casos relatados à Visa de Campinas e à Secretaria de Estado da Saúde, 26 são de Campinas, um de Jundiaí e um de Morungaba. Maria Clara disse que, além dos 10 casos confirmados de infecção por Mycobacterium não tuberculosis e dos sete suspeitos, estão incluídos nas investigações dois casos de infecções por outras bactérias e sete outros dos quais ainda não se tem informações. É considerado suspeito o caso com sintomas compatíveis de infecção por Mycobacterium não tuberculosis porém sem comprovação laboratorial.

Ainda não é possível afirmar a causa das infecções. Estão sendo investigados medidores e próteses, prontuários médicos das pacientes, técnicas de esterilização e documentos de controle de infecção hospitalar das instituições e documentos das empresas envolvidas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está fazendo busca de casos em outros estados do país.

Nesta sexta-feira, as autoridades sanitárias informaram que vão averiguar também procedimentos específicos deste tipo de cirurgia nas principais clínicas e hospitais, independente de terem tido casos notificados. Ainda será feita uma análise estatística dos produtos comuns utilizados nas cirurgias para implante de prótese mamária.

Na última quinta-feira, 29, a Visa de Campinas iniciou trabalho de busca e apreensão de medidores (moldes) de prótese mamária de silicone em clínicas e hospitais da cidade. As equipes já visitaram 19 instituições e recolheram 24 medidores. Os produtos serão enviados para análise. Os trabalhos prosseguem na segunda-feira, 3 de maio.

Os medidores servem para que o cirurgião cheque o tamanho adequado da prótese e são reutilizados depois de esterilização. A Anvisa determinou interdição cautelar de todos os medidores em todo País. No Estado de São Paulo, os medidores da marca Silimed devem ser recolhidos de acordo com determinação da Secretaria Estadual de Saúde.

"Desde o início das notificações, em 13 de abril, estamos fazendo uma investigação criteriosa sobre o surto. O objetivo principal é detectar a fonte de contaminação e prevenir novos casos", disse o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, coordenador da Visa de Campinas.

Segundo Vicente, a orientação é para que os médicos façam um acompanhamento dos pacientes que já fizeram implante. "A pessoa deve procurar seu médico, solicitar avaliação clínica e o profissional vai avaliar se o caso requer exames específicos", orienta o sanitarista.

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