A
Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria de
Saúde, promoveu nesta quarta-feira, 11 de abril,
duas grandes operações de prevenção e controle da
dengue em bairros na abrangência do Centro de Saúde
Aurélia e no Jardim São Marcos, na região norte de
Campinas. Os trabalhos foram planejados pela
Vigilância em Saúde (Visa) Norte e as ações em campo
realizadas por agentes comunitários de saúde,
supervisores e ajudantes de controle ambiental. As
atividades contaram com apoio da Rádio Educativa.
No
Aurélia, as equipes recolheram centenas de pneus
inservíveis. Além disso, em três residências – no
Aurélia, Bonfim e Botafogo -, removeram um caminhão
de outros materiais que podem servir como criadouros
do mosquito Aedes aegypti, transmissor da
dengue. A operação incluiu busca ativa de casos
suspeitos e ações de educação em saúde, informação e
mobilização social.
“O
resultado foi muito bom. A população nos recebeu bem
e retiramos muitos materiais que podem acumular água
de áreas onde há casos positivos da doença. As
residências trabalhadas pertencem a pessoas idosas
que têm o hábito de acumular materiais no quintal.
Aproveitamos a ocasião para, de novo, ressaltar a
necessidade de que as pessoas incorporem em seu
dia-a-dia os hábitos necessários para eliminar os
criadouros do mosquito”, afirma o supervisor de
controle ambiental Roberto Ribeiro de Souza.
A área
do Centro de Saúde Aurélia tem 12 casos positivos de
dengue.
No
Jardim São Marcos, uma outra equipe composta por 14
agentes comunitários de saúde, supervisor de
controle ambiental, além de motoristas e auxiliares,
também atuou em campo em visitas aos domicílios para
eliminar todos os prováveis criadouros, procurar
pessoas com sintomas da dengue e orientar a
população. Dois caminhões foram utilizados na ação,
um que recolheu pneus e outro que retirou outros
tipos de criadouros.
“Nosso
objetivo principal é liminar criadouros do mosquito
transmissor e, conseqüentemente, reduzir o número de
pessoas contaminadas pela doença. Executamos ações
em campo diariamente. Mas a população também precisa
se mobilizar e combater a dengue todo dia”, diz
Roberto Alves, supervisor de controle ambiental da
Visa Norte.
Roberto informa que 80% dos criadouros do Aedes
aegypti estão em ambientes domiciliares e que a
melhor forma de evitar a doença é combater os focos
de acúmulo de água, locais propícios para a criação
do mosquito transmissor da doença, como latas,
embalagens, copos plásticos, tampinhas de
refrigerantes e pneus velhos.
A área
do CS Jardim São Marcos tem 18 casos confirmados de
dengue e 114 em investigação, sendo uma das áreas
com grande concentração de casos da doença na
cidade.
Próximas etapas. Os trabalhos na região norte
prosseguem amanhã e sexta-feira, na Chácara Boa
Vista e no Shalon, na abrangência do Centro de Saúde
Santa Bárbara.
No
sábado, 14 de abril, acontece um grande arrastão,
com participação da comunidade na Vila Olinto
Lunardi e Vila Boa Vista. Neste dia, as equipes vão
atuar em duas frentes de trabalho: com a comunidade,
na retirada de criadouros ao longo da linha do trem
e na área peridomiciliar; e com os agentes, dentro
dos domicílios para eliminação de criadouros,
orientação e busca de suspeitos. Neste dia, a
expectativa é visitar pelo menos 200 famílias. A
comunidade já está sendo preparada para a ação e
avisada por meio de filipetas.
Na
semana que vem, também já estão programadas ações
para todos os dias da semana. Na segunda-feira, 16,
as equipes atuam no Condomínio Regina, que fica em
frente à escola João Alves, atrás da Gevisa. De
terça-feira a quinta-feira, com a parceria de
ajudantes de controle ambiental, os profissionais
vão telar caixas d´água no Parque Shalon. Em
seguida, os trabalhos serão voltados para a ocupação
Chico Amaral e Parque Universal.
Desde
janeiro, em Campinas, foram confirmados 1.045 casos
de dengue. Na região, as cidades com maior proporção
de casos por habitantes são Hortolândia (201.795
habitantes), com 695 casos, e Sumaré (237.900
habitantes), com 941 casos. No Estado de São Paulo,
Bebedouro é um dos municípios com maior incidência,
com 80.027 habitantes e 974 casos. Birigui tem
108.472 habitantes e 820 casos. No Brasil, Campo
Grande é o local com maior transmissão/habitantes
com 46 mil casos para uma população de 765.247.
Denize
Assis
Saiba
mais:
1) O que é dengue?
A dengue é uma doença
febril aguda. A pessoa pode adoecer quando o vírus
da dengue penetra no organismo, pela picada de um
mosquito infectado, o Aedes aegypti.
2) Quanto tempo depois de ser picado aparece a
doença?
Se o mosquito estiver
infectado, o período de incubação varia de 3 a 15
dias, sendo em média de 5 a 6 dias.
3) Quais são os sintomas da dengue?
Os sintomas mais
comuns são febre, dores no corpo, principalmente nas
articulações, e dor de cabeça. Também podem aparecer
manchas vermelhas pelo corpo e, em alguns casos,
sangramento, mais comum nas gengivas.
4) O que devo fazer se aparecer alguns desses
sintomas?
Buscar o serviço de
saúde mais próximo.
5) Como é feito o tratamento da dengue?
Não há tratamento
específico para o paciente com dengue clássico. O
médico deve tratar os sintomas, como as dores de
cabeça e no corpo, com analgésicos e antitérmicos (paracetamol
e dipirona). Devem ser evitados os salicilatos, como
o AAS e a Aspirina, já que seu uso pode favorecer o
aparecimento de manifestações hemorrágicas. É
importante também que o paciente fique em repouso e
ingira bastante líquido.
Já os pacientes com
Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) devem ser
observados cuidadosamente para identificação dos
primeiros sinais de choque, como a queda de pressão.
O período crítico ocorre durante a transição da fase
febril para a sem febre, geralmente após o terceiro
dia da doença. A pessoa deixa de ter febre e isso
leva a uma falsa sensação de melhora, mas em seguida
o quadro clínico do paciente piora. Em casos menos
graves, quando os vômitos ameaçarem causar
desidratação, a reidratação pode ser feita em nível
ambulatorial. A Secretaria de Saúde alerta que
alguns dos sintomas da dengue só podem ser
diagnosticados por um médico.
6) A pessoa que pegar dengue pode morrer?
A dengue, mesmo na
forma clássica, é uma doença séria. Caso a pessoa
seja portadora de alguma doença crônica, como
problemas cardíacos, devem ser tomados cuidados
especiais. No entanto, ela é mais grave quando se
apresenta na forma hemorrágica. Nesse caso, quando
tratada a tempo a pessoa não corre risco de morte.
7) Quais os cuidados para não se pegar dengue?
Como é praticamente
impossível eliminar o mosquito, é preciso
identificar objetos que possam se transformar em
criadouros do Aedes. Por exemplo, uma bacia no pátio
de uma casa é um risco, porque, com o acúmulo da
água da chuva, a fêmea do mosquito poderá depositar
os ovos neste local. Então, o único modo é limpar e
retirar tudo que possa acumular água e oferecer
risco. Em 90% dos casos, o foco do mosquito está nas
residências.
8) O que devo fazer para evitar o mosquito da
dengue?
Para evitar o
mosquito da dengue é preciso eliminar os focos do
Aedes. A SVS preparou uma lista das medidas que as
pessoas podem adotar para evitar que o Aedes se
reproduza em sua casa.
9) Depois de termos dengue, podemos pegar novamente?
Sim, podemos, mas
nunca do mesmo tipo de vírus. Ou seja, a pessoa fica
imune contra o tipo de vírus que provocou a doença,
mas ela ainda poderá ser contaminada pelas outras
três formas conhecidas do vírus da dengue.
10) Posso pegar dengue de uma pessoa doente?
Em hipótese alguma.
Não há transmissão por contato direto de um doente
ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de
fontes de água ou alimento.
11) Quantos tipos de vírus da dengue existem?
São conhecidos quatro
sorotipos: 1, 2, 3 e 4, sendo que no Brasil não
existe circulação do tipo 4.
12) Existe vacina contra a dengue?
Ainda não, mas a
comunidade científica internacional e brasileira
está trabalhando firme neste propósito. Estimativas
indicam que deveremos ter um imunizante contra a
dengue em cinco anos. A vacina contra a dengue é
mais complexa que as demais. A dengue, com quatro
vírus identificados até o momento, é um desafio para
os pesquisadores. Será necessário fazer uma
combinação de todos os vírus para que se obtenha um
imunizante realmente eficaz contra a doença.
13) Por que essa doença ocorre no Brasil?
É um
sério problema de saúde pública em todo o mundo,
especialmente nos países tropicais como o nosso,
onde as condições do meio ambiente, aliado a
características urbanas, favorecem o desenvolvimento
e a proliferação do mosquito transmissor, o Aedes
aegypti. Mais de 100 países em todos os continentes,
exceto a Europa, registram a presença do mosquito e
casos da doença.