Aurélia e Jardim São Marcos receberam ações de combate à dengue nesta quarta-feira, 11

11/04/2007

A Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria de Saúde, promoveu nesta quarta-feira, 11 de abril, duas grandes operações de prevenção e controle da dengue em bairros na abrangência do Centro de Saúde Aurélia e no Jardim São Marcos, na região norte de Campinas. Os trabalhos foram planejados pela Vigilância em Saúde (Visa) Norte e as ações em campo realizadas por agentes comunitários de saúde, supervisores e ajudantes de controle ambiental. As atividades contaram com apoio da Rádio Educativa.

No Aurélia, as equipes recolheram centenas de pneus inservíveis. Além disso, em três residências – no Aurélia, Bonfim e Botafogo -, removeram um caminhão de outros materiais que podem servir como criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. A operação incluiu busca ativa de casos suspeitos e ações de educação em saúde, informação e mobilização social.

“O resultado foi muito bom. A população nos recebeu bem e retiramos muitos materiais que podem acumular água de áreas onde há casos positivos da doença. As residências trabalhadas pertencem a pessoas idosas que têm o hábito de acumular materiais no quintal. Aproveitamos a ocasião para, de novo, ressaltar a necessidade de que as pessoas incorporem em seu dia-a-dia os hábitos necessários para eliminar os criadouros do mosquito”, afirma o supervisor de controle ambiental Roberto Ribeiro de Souza.

A área do Centro de Saúde Aurélia tem 12 casos positivos de dengue.

No Jardim São Marcos, uma outra equipe composta por 14 agentes comunitários de saúde, supervisor de controle ambiental, além de motoristas e auxiliares, também atuou em campo em visitas aos domicílios para eliminar todos os prováveis criadouros, procurar pessoas com sintomas da dengue e orientar a população. Dois caminhões foram utilizados na ação, um que recolheu pneus e outro que retirou outros tipos de criadouros.

“Nosso objetivo principal é liminar criadouros do mosquito transmissor e, conseqüentemente, reduzir o número de pessoas contaminadas pela doença. Executamos ações em campo diariamente. Mas a população também precisa se mobilizar e combater a dengue todo dia”, diz Roberto Alves, supervisor de controle ambiental da Visa Norte.

Roberto informa que 80% dos criadouros do Aedes aegypti estão em ambientes domiciliares e que a melhor forma de evitar a doença é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença, como latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes e pneus velhos.

A área do CS Jardim São Marcos tem 18 casos confirmados de dengue e 114 em investigação, sendo uma das áreas com grande concentração de casos da doença na cidade.

Próximas etapas. Os trabalhos na região norte prosseguem amanhã e sexta-feira, na Chácara Boa Vista e no Shalon, na abrangência do Centro de Saúde Santa Bárbara.

No sábado, 14 de abril, acontece um grande arrastão, com participação da comunidade na Vila Olinto Lunardi e Vila Boa Vista. Neste dia, as equipes vão atuar em duas frentes de trabalho: com a comunidade, na retirada de criadouros ao longo da linha do trem e na área peridomiciliar; e com os agentes, dentro dos domicílios para eliminação de criadouros, orientação e busca de suspeitos. Neste dia, a expectativa é visitar pelo menos 200 famílias. A comunidade já está sendo preparada para a ação e avisada por meio de filipetas.

Na semana que vem, também já estão programadas ações para todos os dias da semana. Na segunda-feira, 16, as equipes atuam no Condomínio Regina, que fica em frente à escola João Alves, atrás da Gevisa. De terça-feira a quinta-feira, com a parceria de ajudantes de controle ambiental, os profissionais vão telar caixas d´água no Parque Shalon. Em seguida, os trabalhos serão voltados para a ocupação Chico Amaral e Parque Universal.

Desde janeiro, em Campinas, foram confirmados 1.045 casos de dengue. Na região, as cidades com maior proporção de casos por habitantes são Hortolândia (201.795 habitantes), com 695 casos, e Sumaré (237.900 habitantes), com 941 casos. No Estado de São Paulo, Bebedouro é um dos municípios com maior incidência, com 80.027 habitantes e 974 casos. Birigui tem 108.472 habitantes e 820 casos. No Brasil, Campo Grande é o local com maior transmissão/habitantes com 46 mil casos para uma população de 765.247.

Denize Assis

Saiba mais:

1) O que é dengue? 

A dengue é uma doença febril aguda. A pessoa pode adoecer quando o vírus da dengue penetra no organismo, pela picada de um mosquito infectado, o Aedes aegypti.

2) Quanto tempo depois de ser picado aparece a doença? 

Se o mosquito estiver infectado, o período de incubação varia de 3 a 15 dias, sendo em média de 5 a 6 dias.

3) Quais são os sintomas da dengue? 

Os sintomas mais comuns são febre, dores no corpo, principalmente nas articulações, e dor de cabeça. Também podem aparecer manchas vermelhas pelo corpo e, em alguns casos, sangramento, mais comum nas gengivas.

4) O que devo fazer se aparecer alguns desses sintomas? 

Buscar o serviço de saúde mais próximo.

5) Como é feito o tratamento da dengue? 

Não há tratamento específico para o paciente com dengue clássico. O médico deve tratar os sintomas, como as dores de cabeça e no corpo, com analgésicos e antitérmicos (paracetamol e dipirona). Devem ser evitados os salicilatos, como o AAS e a Aspirina, já que seu uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas. É importante também que o paciente fique em repouso e ingira bastante líquido.

Já os pacientes com Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) devem ser observados cuidadosamente para identificação dos primeiros sinais de choque, como a queda de pressão. O período crítico ocorre durante a transição da fase febril para a sem febre, geralmente após o terceiro dia da doença. A pessoa deixa de ter febre e isso leva a uma falsa sensação de melhora, mas em seguida o quadro clínico do paciente piora. Em casos menos graves, quando os vômitos ameaçarem causar desidratação, a reidratação pode ser feita em nível ambulatorial. A Secretaria de Saúde alerta que alguns dos sintomas da dengue só podem ser diagnosticados por um médico.

6) A pessoa que pegar dengue pode morrer? 

A dengue, mesmo na forma clássica, é uma doença séria. Caso a pessoa seja portadora de alguma doença crônica, como problemas cardíacos, devem ser tomados cuidados especiais. No entanto, ela é mais grave quando se apresenta na forma hemorrágica. Nesse caso, quando tratada a tempo a pessoa não corre risco de morte.

7) Quais os cuidados para não se pegar dengue? 

Como é praticamente impossível eliminar o mosquito, é preciso identificar objetos que possam se transformar em criadouros do Aedes. Por exemplo, uma bacia no pátio de uma casa é um risco, porque, com o acúmulo da água da chuva, a fêmea do mosquito poderá depositar os ovos neste local. Então, o único modo é limpar e retirar tudo que possa acumular água e oferecer risco. Em 90% dos casos, o foco do mosquito está nas residências.

8) O que devo fazer para evitar o mosquito da dengue? 

Para evitar o mosquito da dengue é preciso eliminar os focos do Aedes. A SVS preparou uma lista das medidas que as pessoas podem adotar para evitar que o Aedes se reproduza em sua casa.

9) Depois de termos dengue, podemos pegar novamente? 

Sim, podemos, mas nunca do mesmo tipo de vírus. Ou seja, a pessoa fica imune contra o tipo de vírus que provocou a doença, mas ela ainda poderá ser contaminada pelas outras três formas conhecidas do vírus da dengue.

10) Posso pegar dengue de uma pessoa doente? 

Em hipótese alguma. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento.

11) Quantos tipos de vírus da dengue existem?

São conhecidos quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4, sendo que no Brasil não existe circulação do tipo 4.

12) Existe vacina contra a dengue?

Ainda não, mas a comunidade científica internacional e brasileira está trabalhando firme neste propósito. Estimativas indicam que deveremos ter um imunizante contra a dengue em cinco anos. A vacina contra a dengue é mais complexa que as demais. A dengue, com quatro vírus identificados até o momento, é um desafio para os pesquisadores. Será necessário fazer uma combinação de todos os vírus para que se obtenha um imunizante realmente eficaz contra a doença.

13) Por que essa doença ocorre no Brasil?

É um sério problema de saúde pública em todo o mundo, especialmente nos países tropicais como o nosso, onde as condições do meio ambiente, aliado a características urbanas, favorecem o desenvolvimento e a proliferação do mosquito transmissor, o Aedes aegypti. Mais de 100 países em todos os continentes, exceto a Europa, registram a presença do mosquito e casos da doença.

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