Mais
de 200 dentistas lotaram o auditório da Associação
dos Cirurgiões Dentistas de Campinas (ACDC) nesta
terça-feira, 17 de abril, durante capacitação de
diagnóstico bucal promovida pela Secretaria
Municipal de Saúde. O evento, promovido com apoio da
ACDC e Conselho Regional de Odontologia (CRO), é
etapa preparatória para a Campanha de Prevenção do
Câncer Bucal que acontece em Campinas de 23 de abril
a 4 maio, junto com a Campanha de Vacinação do
Idoso.
“Todo
ano, antes da campanha, promovemos a capacitação dos
cirurgiões dentistas da atenção básica à saúde para
o diagnóstico diferencial de câncer de boca”,
informa o cirurgião dentista Isamu Murakami,
coordenador da área técnica de Saúde Bucal da
Secretaria de Saúde de Campinas.
Isamu
explica que a campanha tem duas vertentes. Uma é a
da educação em saúde, por meio da conscientização
das pessoas em relação à doença e incentivo ao
auto-exame. “O paciente deve ser educado a fazer o
exame da própria boca rotineiramente e a observar se
existe alguma alteração ou lesão. Caso isto ocorra,
e a lesão persista por mais de três semanas, é
necessário procurar o dentista o mais rápido
possível”, diz.
Outra
vertente é a do exame clínico, onde o dentista
verifica se há alguma lesão. Caso seja detectado
algum problema, o paciente é retriado para o próprio
Centro de Saúde para tratamento ou encaminhamento
para alguma unidade de referência.
Isamu
informa que entre os fatores de risco que, separados
ou associados, podem desencadear o aparecimento do
câncer de boca constam o uso do tabaco – principal
causa isolada evitável de câncer - e álcool, dentes
fraturados, uso de próteses mal adaptadas e a
exposição ao sol sem proteção. “Os idosos são mais
vulneráveis a este tipo de tumor”, afirma.
Ocorrência. Em 2006, durante a Campanha de
Prevenção do Câncer de Boca, foram realizados 15.415
exames. Este número representa apenas 20% do total
de vacinados durante a Campanha do Idoso.
“Muita
gente não aceita participar, principalmente usuários
de dentadura que ficam constrangidos em retirar a
prótese para o exame. Mas este é um raciocínio
equivocado. O exame é muito importante, já que
permite identificar lesões pré-cancerígenas ou
cancerígenas no início, quando são maiores as
chances de cura, a sobrevida e a qualidade de vida
do indivíduo”, afirma Isamu.
Do
total de exames realizados em 2006, 1.551 foram
retriados para os próprios centros de saúde, que
alcançaram uma resolutividade de 80%. O restante dos
casos foi encaminhado para unidades de referência
que ficam na ACDC e no Centro de Especialidades
Odontológicas (CEO) do Ouro Verde para exames mais
específicos, entre eles a biópsia. Nestas unidades,
houve sete diagnósticos de tumor maligno. A partir
de 2007, além das unidades da ACDC e CEO Ouro Verde,
o Centro de Saúde Florence também participará como
referência especializada.
Isamu
informa que a rede pública municipal de saúde de
Campinas dispõe de toda infra-estrutura e condição
técnica para diagnóstico do câncer de boca. O
tratamento é feito pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), gratuitamente. Ele informa ainda que,
independente da campanha, os centros de saúde de
Campinas realizam exame clínico de prevenção do
câncer de boca na sua rotina, em qualquer época do
ano.
A cura
do câncer de boca, uma vez diagnosticada
precocemente, apresenta alta possibilidade de cura,
podendo chegar a 80%. “Por isso, mais uma vez,
insisto: os idosos devem procurar as unidades de
saúde durante a vacinação e não se sentirem inibidos
para a realização dos exames, pois os profissionais
estão capacitados para este procedimento e para
educar e orientar sobre o autocuidado bucal”, diz
Isamu.
Denize
Assis