Autor: Eli Fernandes
Projeto é realizado através de parceria entre Programa Municipal de DST/Aids de Campinas, Ceasa, Sanasa e a Casa de Apoio Grupo da Amizade
Projeto de inclusão social e geração de renda para pessoas vivendo com HIV/aids, em Campinas, cidade com um milhão de habitantes no interior de São Paulo, promove o exercício da cidadania e estimula a autonomia e a geração de renda com a capacitação em formação de hortas.
Desde dezembro de 2007 pelo menos uma vez por semana usuários do Centro de Referência (CR) do Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (PMDST/Aids) da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Campinas, que ocupam acomodações sociais na Organização Não-Governamental (ONG) Casa de Apoio Grupo da Amizade e outros encaminhados pelo Serviço Social do CR participam de aulas práticas e teóricas sobre a produção de hortaliças.
As aulas são ministradas por um engenheiro agrônomo das Centrais de Abastecimento S.A. (Ceasas) de Campinas. O objetivo, segundo a coordenadora do Programa DST/Aids de Campinas, a enfermeira sanitarista Maria Cristina Feijó Januzzi Ilário, é que estas pessoas possam produzir para o próprio consumo e gerar renda, por exemplo, através da comercialização da produção excedente.
O projeto é desenvolvido através de parceria do Programa DST/Aids, Ceasa Campinas, Sociedade de Abastecimento de Água (Sanasa) e o Grupo da Amizade, que recebe recursos públicos do Sistema Único de Saúde (SUS) para oferecer retaguarda social à portadores de HIV. A atividade está prevista no Plano de Ações e Metas (PAM) do PMDST/Aids de Campinas.
Lançado no final do ano de 2005, o projeto chama-se “Verde Vida” e foi inicialmente desenvolvido junto à outra Casa de Apoio de Campinas, parceira do Sistema Único de Saúde, a ONG Grupo Vida. Desde então a experiência foi apresentada a outros serviços e ganhou dinâmica para entrar em novas fases de sua realização com a perspectiva de complementar a assistência oferecida através do SUS e melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV/aids.
“Pessoas que, por algum motivo, necessitam estar vinculadas às casas de apoio têm esta oportunidade de desenvolver diferentes atividades”, afirma Maria Cristina.
Produção
O engenheiro agrônomo da Ceasa-Campinas, Francisco José Ricchini Lopes, explica que no curso atual que está sendo ministrado no Grupo da Amizade foi desenvolvida uma hidroponia, ou seja, um sistema de produção sem o uso da terra onde são produzidas cerca de 200 unidades de hortaliças por mês, sem agrotóxicos.
Na Casa também foi formada uma estufa (casa de vegetação) que produz outras 500 mudas mensalmente. A área total tem 400 metros quadrados com capacidade para produzir 1.500 mudas. Já foram plantadas diversas variedades de alface e couve. O material utilizado, como as bandejas em que as mudas são semeadas, ou o equipamento de irrigação , bem como os nutrientes utilizados na produção, são obtidos através de doações do setor privado.
Os alunos desenvolvem atividades como o preparo do solo e dos canteiros para receber as mudas de espécies que estudaram nas aulas, cultivam as mudas e ainda participam de visitas para conhecer a realidade de outros projetos realizados pelos parceiros. Ao final das aulas eles receberão certificados de conclusão e têm a garantia de incentivo à produção no próprio espaço da casa de apoio, afirma o presidente do Grupo da Amizade, o comerciante Casemiro Lopes Moreira. “Os canteiros já estão sendo preparados e em breve esperamos colher os primeiros frutos desta parceria”, disse Moreira.
“A Sanasa, através do seu Programa de Responsabilidade Social, ajuda a desenvolver projetos importantes como este”, afirmou Silvio Marques, Gerente de Comunicação Social.
Centro de Referência do Programa DST/Aids de Campinas
A aids é uma síndrome que pode ser evitada com o uso freqüente e adequado de camisinhas e que pode ser controlada através da assistência em saúde do SUS. Em Campinas o teste de HIV e outras DSTs pode ser realizado no “Coas”/CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) do Centro de Referência do PMDST/Aids, localizado à rua Regente Feijó, 637, no Centro, aberto de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. O telefone é (19) 3236 – 3711.
Outro local especializado no aconselhamento e teste de HIV e DSTs é o CTA/Ouro Verde, que funciona somente às segundas-feiras, das 13h às 17h, dentro do Hospital Ouro Verde, na Avenida Rui Rodrigues, 3434, próximo ao Terminal Ouro Verde de ônibus urbanos. O telefone do CTA/Ouro Verde é (19) 3226 – 7475.
Todos os Centros de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas também oferecem o teste de HIV e outras DSTs, através da campanha nacional “Fique Sabendo”, de incentivo ao teste de HIV/aids e outras doenças sexualmente transmissíveis. “O aconselhamento e teste de HIV e outras DSTs no SUS é um direito adquirido pela população”, disse a Maria Cristina Ilário.
Estimativas do Ministério da Saúde indicam que existem hoje no Brasil cerca de 600 mil pessoas vivendo com o HIV. Dessas, 400 mil não sabem de sua condição sorológica. Portanto, do ponto de vista epidemiológico, o diagnóstico é fundamental para o controle da epidemia de aids. Mas, não é só isso.
O diagnóstico precoce é muito importante para a realização de um tratamento que garanta a qualidade de vida da pessoa infectada. O diagnóstico também pode fazer a diferença na gravidez. Mães que vivem com HIV podem aumentar suas chances de terem filhos sem o vírus da aids, se forem orientadas corretamente e seguirem o tratamento recomendado durante o pré-natal, parto e puerpério.
O teste e o tratamento são gratuitos. Além disso, quem realiza o teste em um CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) conta com apoio e orientação psicológica antes e depois do resultado. Com base na estimativa do Ministério da Saúde, estima-se que em Campinas cerca de 2.000 pessoas têm o vírus HIV e não sabem.
O teste é gratuito, pode ser anônimo e só a pessoa que faz o exame fica sabendo o resultado. Para saber mais sobre aids a população pode acessar o site http://www.aids.gov.br ou ligar para o Disk-Saúde: 0800 61 1997 (do Ministério da Saúde) ou para o Disk-DST/Aids: 0800 16 2550 (do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo).