Encontro marca oito anos do Caps Estação

11/04/2008

Autor: Denize Assis

Para marcar seu aniversário de oito anos, o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Estação, na região norte de Campinas, promove nesta sexta-feira, 11 de abril, a partir das 17h30, na sede da unidade na rua Francisco Gaspar da Silva, 180, Jardim Eulina, o encontro Saúde mental e reforma psiquiátrica: oito anos de prática em Campinas.

Voltado para profissionais da rede pública de saúde, estudantes e pessoas interessadas em conhecer a reforma psiquiátrica, o evento tem como objetivo promover uma reflexão sobre a sua prática. A comemoração tem como convidado o psicólogo sanitarista Sílvio Yasui, da Unesp de Assis. Segundo a coordenação do encontro, 110 pessoas estão inscritas para o encontro. As inscrições já foram encerradas.

Na última quarta-feira, 9, dentro das comemorações do 8º aniversário, houve um churrasco para usuários e familiares, com karaokê e muita festa.

Segundo a coordenadora do Caps Estação, a psicóloga Patrícia Ferranti Bichara, a proposta de promover o evento neste formato, com festa e reflexão, surgiu durante a reunião de planejamento. “A idéia é discutir com nossos parceiros, recebendo as pessoas nesta nova sede que é bonita e onde todos, pacientes e equipe, estão contentes”, diz.

Segundo Patrícia, nestes oito anos, a unidade avançou e o número de atendimentos cresceu. “Este trabalho tem se mostrado uma alternativa ao hospital psiquiátrico, com atendimento próximo à residência do paciente, junto da família. Ampliamos nossas parcerias e conquistamos uma nova sede, o que foi muito importante pra gente. Temos muito o que comemorar”, afirmou.

Patrícia disse que o grande desafio agora é ampliar o atendimento por meio dos Caps, com mais unidades na região norte e no restante da cidade. Segundo ela, este é um trabalho que tem se mostrado efetivo, com sucesso. “Neste aniversário, desejamos parabéns ao poder público de Campinas, que investe e acredita neste trabalho, à equipe do Caps, que trabalha incansável nesta militância, ao Cândido Ferreira, e aos nossos pacientes, que têm empenhado muito para o sucesso do trabalho”, disse.

Mais sobre o Caps. O Caps Estação foi fundado em 2001. Foi o 1º Caps a funcionar 24 horas em Campinas, a partir de 2001. Mantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Secretaria Municipal de Saúde e do Serviço de Saúde Cândido Ferreira, é referência para os mais de 200 mil habitantes da região norte de Campinas e tem em tratamento, atualmente, 300 pacientes adultos portadores de transtornos mentais severos e persistentes – psicóticos e neuróticos.

A unidade funciona diariamente, inclusive aos finais de semana, e fica aberta 24 horas, com disponibilidade de atender à noite pacientes em crise.

Todos os dias, em média 100 pessoas passam pelo serviço para atendimento médico, de enfermagem e de psicologia, terapia ocupacional, atividades de geração de renda e outros. São oferecidas refeições para os pacientes e pessoas que necessitam recebem vale-transporte. No total, 540 funcionários atuam na unidade.

Alternativa a internações. A Política Nacional de Saúde Mental, lançada em 2003, define os Caps como o principal elemento da rede de atenção extra-hospitalar, formada também pelas residências terapêuticas, centros de convivência e pelo programa De Volta para Casa. Na concepção da reforma psiquiátrica, o modelo centrado na atenção hospitalar não reabilita o paciente. Quando isolado, o portador de transtornos mentais não consegue se ressocializar e perde sua individualidade.

Dentro deste contexto, os Caps foram criados como serviços de atenção diária, usados para substituir as internações hospitalares. Oferecem desde cuidados clínicos até atividades de reinserção social do paciente, por meio do acesso ao trabalho e ao lazer, direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e sociais.

A equipe de profissionais do Caps é multidisciplinar, justamente para prestar atendimento integrado ao paciente. O grupo é formado por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, enfermeiras e auxiliares de enfermagem.

Pioneirismo. Campinas foi uma das primeiras cidades brasileiras a atender à reforma psiquiátrica proposta pelo Ministério da Saúde, tornando-se referência em Saúde Mental. O município conta atualmente com nove Caps, sendo um Caps infantil, seis adultos e dois AD – para pacientes dependentes de álcool e outras drogas.

O fortalecimento da rede é fundamental para ampliar o acesso e garantir a eqüidade no atendimento. Na prática, isto significa que cada vez menos o hospital é o destino dos portadores de transtornos mentais. Para os técnicos da Secretaria de Saúde, é um sinal claro de que a rede extra-hospitalar está desempenhando o papel que se espera dela.

Segundo Elza Lauretti, desde 2005, Campinas ampliou a rede de saúde metal com a inauguração do Caps AD Independência, na região sul, seis residências terapêuticas e três centros de convivência, que desenvolvem inclusive projetos de geração de renda. Foi promovido trabalho de integração entre as equipes da rede básica e as equipes de saúde mental, o que multiplicou o trabalho. Além disso, houve um avanço enorme com a participação do Samu/192, que passou a contar com psiquiatras 24 horas e a fazer a regulação dos casos.

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