Resposta de Campinas à epidemia de aids é modelo para estruturação de serviços desta área na Nicarágua

30/04/2008

Autor: Eli Fernandes

Delegação de profissionais da saúde do país da América Central permanece na cidade para aprender modelo de atuação na Assistência e Prevenção

A resposta do município à epidemia de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) de HIV e da aids por meio da Política Nacional para esta área do Sistema Único de Saúde (SUS) é o que motiva uma delegação de profissionais da Nicarágua (país da América Central) a estar na cidade desde a última segunda-feira para um período de aprendizado sobre a forma de atuação do Programa de DST/Aids da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Campinas.

A equipe da Nicarágua é formada de quatro médicos (dois clínicos gerais, um ginecologista e um psiquiatra), três nutricionistas, um psicólogo, uma enfermeira e uma pessoa vivendo com HIV/aids (PVHA).

Eles têm acompanhado o cotidiano da equipe do SUS-Campinas que atua no Programa de DST/Aids e pretende levar as experiências bem sucedidas de Campinas para melhor estruturação do Programa de DST/Aids daquele país. Na manhã desta quarta-feira, por exemplo, a delegação conheceu o Grupo de Caminhada do Centro de Referência (CR) do PMDST/Aids, chamada de “Atlética CR”, que ganhou em 2007 o prêmio Saúde Brasil, disputado entre cerca de 100 inscritos de todo o País como melhor grupo terapêutico em DST/aids do Brasil.

Com o Grupo de Caminhada, o Centro de Referência conquistou o primeiro lugar na quarta edição do Prêmio Aids de Responsabilidade Social Saúde Brasil. A premiação foi na noite de 27 de novembro de 2007, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Ibirapuera, em São Paulo. O concurso, que tem como objetivo incentivar ações em benefício das pessoas que vivem com HIV/aids e seus familiares, é realizado anualmente pela Águilla Saúde Brasil, que desenvolve ações educativas na área de saúde e tem reconhecimento do Instituto Ethos de Responsabilidade Social.

A equipe da Nicarágua chegou a Campinas após uma primeira visita de um representante daquele país, o médico infectologista Rene Alexander Villalobos, que é da Coordenação do Programa Nacional de DST/Aids nicaragüense. Ele conheceu a unidade de saúde, projetos de educação em saúde para prevenção ao HIV/aids desenvolvidos através do Núcleo de Educação e Comunicação Social (Necs), e o atendimento às pessoas que vivem com HIV/aids no Núcleo de Assistência do Centro de Referência e as três Casas de Apoio parceiras do SUS e que oferecem retaguarda social às PVHA.

“Estou impressionado com a qualidade do serviço, com as ações de educação em saúde, com o atendimento humanizado e com os esforços pela qualidade de vida cada vez melhor das pessoas atendidas pelo Centro de Referência”, disse o médico em visita à cidade. Para ele, não só a Nicarágua, mas “muitos outros países, inclusive os considerados desenvolvidos, devem mirar-se no exemplo da Política Nacional de DST/Aids do Brasil para conter o avanço da pandemia de aids no mundo e garantir a qualidade de vida das pessoas que têm HIV. Sua visita técnica foi preparatória para a equipe que está no Brasil.

“O fato de Campinas ter sido indicada pelo Ministério da Saúde, através de nosso Programa Nacional de DST/Aids para mais este apoio à Cooperação Internacional, através do Grupo Técnico de Cooperação Horizontal da América Latina e Caribe, se dá por que Campinas tem um modelo de atuação que é absolutamente SUS, do princípio ao fim. O Programa de Aids respeita as diretrizes do SUS e se pautou por essas diretrizes em sua construção”, disse a coordenadora do Programa DST/Aids de Campinas, a enfermeira sanitarista Maria Cristina Feijó Januzzi Ilario.

De acordo com ela, em telefonema da área de Cooperação Externa (Copex) do Ministério da Saúde, a Coordenação do Programa de Aids de Campinas recebeu uma solicitação para que a cidade oferecesse estágio à delegação técnica da Nicarágua, inicialmente para Villalobos, que é da Coordenação do Programa DST/Aids daquele país.

“A alegação do Programa Nacional é que, vindo a Campinas, eles teriam um bom exemplo de todo o modelo a ser implantado, dizendo que Campinas possui toda a prática e todo o projeto necessário de construção da política pública. Temos aqui no Centro de Referência a Assistência, a Prevenção, temos relação com a Atenção Básica, descentralização de recursos, um trabalho importante na área de Educação em Saúde e temos qualidade técnica reconhecida em outros níveis internacionais também”, disse a coordenadora.

“A avaliação é que a diretora do Programa Nacional de DST/Aids, Mariângela Simão, havia solicitado à Cooperação Externa a indicação do município de Campinas por entender que oferecemos de maneira bem ampliada a capacidade de orientação e oferecimento de estágio, do começo ao fim, de complexidade menor até alta complexidade e que isso poderia ajudar muito a construção que está em andamento do Programa Nacional de DST/Aids da Nicarágua”, explicou.

O Centro de Referência é o maior serviço de assistência para pessoas vivendo com HIV/aids do município. O SUS também oferece assistência às pessoas que vivem com HIV/aids no município através da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e Centro Corsini, que também atendem pessoas de outras regiões, além de Campinas.

Para saber sobre como fazer o teste de HIV e sífilis, que é gratuito e sigiloso e pode ser anônimo, a população deve acessar o Centro de Saúde mais próximo ou os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) que são especializados na realização do teste de HIV e sífilis. Campinas possui dois Centros de Testagem e Aconselhamento.

O Coas/CTA, localizado no Centro, fica à rua Regente Feijó, 637 e funciona das 8h às 18h. O telefone é (19) 3236 – 3711. O CTA/Ouro Verde fica junto ao Hospital Ouro Verde (próximo ao terminal de ônibus) à avenida Rui Rodrigues, 3434. O telefone é o (19) 3226 – 7475 e o funcionamento é somente às segundas-feiras, das 13h às 17h.

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