Vigilância já recolheu 36 medidores de prótese mamária

03/05/2004

Denize Assis

A Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas recolheu mais 12 medidores (moldes) de prótese mamária de silicone nesta segunda-feira, 3 de maio, no terceiro dia de trabalho de busca e apreensão em hospitais e clínicas que realizam cirurgia plástica na cidade. Com as novas apreensões, subiu para 36 o número de moldes recolhidos pelas equipes da Secretaria de Saúde desde a última quinta-feira, 29, quando os trabalhos foram iniciados.

Até o momento, 29 instituições foram visitadas. Em todas as regiões de Campinas, segundo informações da Saúde Coletiva municipal, há 35 hospitais, sendo nove hospitais-dia, e 20 clínicas que realizam este tipo de cirurgia. A Secretaria Municipal de Saúde mobilizou 47 profissionais para participar dos trabalhos, que devem terminar amanhã, 4 de maio.

O procedimento atende resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que determina a interdição cautelar (provisória) de medidores de todas as marcas comercializados em todo País, e medida da Vigilância Sanitária Estadual que proibiu o uso e a comercialização dos medidores da marca Silimed no Estado de São Paulo e determinou a apreensão dos mesmos. As próteses mamárias da mesma marca também estão interditadas.

A interdição foi motivada pela notificação de 28 casos de infecção em pacientes que se submeteram a cirurgias de implante de prótese mamária de silicone, 26 em Campinas, um em Jundiaí e um em Goiânia. Em dez casos de Campinas foi detectada, por meio de exames laboratoriais, a contaminação pela bactéria Mycobacterium fortuitum (Mycobacterium não tuberculosis). Também foi confirmada a contaminação de uma paciente pela bactéria Mycobacterium porcinum e outra pela bactéria Staphylococus aureus.

Os profissionais de Saúde devem suspender o uso dos medidores enquanto vigorar a resolução. Distribuidores e fabricantes deverão retirar os produtos do mercado, sob pena de serem autuados de acordo com a Lei 6.437/77, que prevê de notificações a multas que variam de até R$ 1,5 milhão de reais.

Ainda não é possível afirmar a causa das infecções. De acordo com o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Secretaria de Saúde de Campinas, estão sendo investigados medidores e próteses, prontuários médicos das pacientes, técnicas de esterilização e documentos de controle de infecção hospitalar das instituições e documentos das empresas envolvidas.

Além dos produtos da Silimed, estão sendo investigados os das marcas Eurosilicone e Perthese. Duas distribuidoras da Silimed, uma em Campinas e outra em Americana, foram interditadas e estão sendo investigadas.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está fazendo busca de casos em outros estados do país. As autoridades sanitárias vão averiguar também procedimentos específicos deste tipo de cirurgia nas principais clínicas e hospitais, independente de terem tido casos notificados. Ainda será feita uma análise estatística dos produtos comuns utilizados nas cirurgias para implante de prótese mamária.

"As primeiras ações preventivas foram voltadas para os medidores porque eles são reutilizáveis", diz Vicente. Ele explica que os medidores são utilizados como moldes durante a cirurgia, esterilizados, e podem ser reutilizados por outros médicos e hospitais.

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