Denize Assis
A Vigilância
em Saúde (Visa) de Campinas encerrou nesta quarta-feira, 5
de maio, os trabalhos de busca e apreensão de medidores
(moldes) de prótese mamária de silicone em hospitais e clínicas
que realizam cirurgia plástica na cidade. Durante as ações,
que tiveram início na quinta-feira, 29, as equipes
visitaram 35 hospitais, sendo nove hospitais-dia, e 23 clínicas
e apreenderam 36 moldes e um expansor de tecido. A
Secretaria Municipal de Saúde mobilizou 47 profissionais
para participar dos trabalhos.
A interdição
de medidores de todas as marcas comercializados no País foi
determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), na semana passada. Uma medida da Vigilância Sanitária
Estadual, de 23 de abril, proibiu o uso e a comercialização
dos medidores da marca Silimed no Estado de São Paulo e
determinou a apreensão dos mesmos. As próteses mamárias
da mesma marca também estão interditadas.
A medida
foi motivada pela notificação de 28 casos de infecção em
pacientes que se submeteram a cirurgias para implante de prótese
mamária de silicone, 26 em Campinas, um em Jundiaí e um em
Goiânia. Em dez casos de Campinas foi detectada, por meio
de exames laboratoriais, a contaminação pela bactéria Mycobacterium
não tuberculosis (Mycobacterium fortuitum).
Também
foram registrados dois casos de contaminação por outros
tipos de bactéria. As ocorrências estão restritas ao período
de julho de 2002 a agosto de 2003, na região de Campinas
(SP), o último deles em cirurgia realizada em agosto de
2003. Segundo informações divulgadas
hoje, 5 de maio, pela Anvisa, o período médio de incubação
dos casos foi de 45 dias.
Desde que o
surto foi detectado pela Vigilância em Saúde de Campinas,
no início de abril, as autoridades sanitárias estão
fazendo uma investigação criteriosa para descobrir a fonte
de contaminação. No entanto, ainda não é possível
afirmar a causa do surto.
O médico
sanitarista Vicente Pisani Neto, da Secretaria de Saúde de
Campinas, informa que estão sendo analisados produtos
usados no procedimento (medidores e próteses), prontuários
médicos das pacientes, técnicas de esterilização e
documentos de controle de infecção hospitalar das instituições.
Além dos
produtos da Silimed, estão sendo investigados os das marcas
Eurosilicone e Perthese. Duas distribuidoras da Silimed na
Região Metropolitana de Campinas, em Campinas e Americana,
foram interditadas e estão sendo investigadas. Os
documentos das empresas envolvidas (indústrias e
distribuidores) também estão sendo checados.
As
autoridades sanitárias vão averiguar também procedimentos
específicos deste tipo de cirurgia nas principais clínicas
e hospitais, independente de terem tido casos notificados.
"Queremos entender o universo das principais instituições
para entender porque algumas instituições tiveram casos e
outras não", disse Maria Clara Padoveze, diretora técnica
da Divisão de Infecção Hospitalar do Centro de Vigilância
Epidemiológica (CVE). Segundo a diretora, ainda será feita
uma análise estatística dos produtos comuns utilizados nas
cirurgias para implante de prótese mamária.
As
primeiras ações preventivas foram voltadas para os
medidores porque eles são reutilizáveis e porque, além
disso, nenhuma marca possui registro no Ministério da Saúde.
O médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Vigilância em
Saúde (Visa), explicou que os medidores são utilizados
como moldes durante a cirurgia, esterilizados, e podem ser
reutilizados por outros médicos e hospitais. "Como não
tem registro no Ministério da Saúde, não há um controle
sobre os medidores. Não há nada que estabeleça, por
exemplo, quantas vezes o molde pode ser usado antes de ser
descartado".