Denize Assis
Com a
chegada do período de estiagem, quando aumenta a população
de carrapatos no meio ambiente, a Secretaria de Saúde de
Campinas quer alertar equipes da rede municipal de saúde
para que fiquem atentos aos sintomas da febre maculosa. A
orientação é para que os profissionais suspeitem e
investiguem todos os casos de febre com história de picada
por carrapato em áreas de vegetação, lazer em pesqueiros,
parques públicos, beira de rio e deslocamento para municípios
com transmissão. "Nestas situações, o profissional
deve solicitar exame laboratorial e iniciar
tratamento", diz a enfermeira sanitarista Maria do
Carmo Ferreira, da Vigilância em Saúde da Prefeitura.
Comum na
região de Campinas, a febre maculosa é provocada por uma
bactéria (Rickttsia rickettssii) transmitida ao
homem pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense)
ou micuim. Os sintomas são parecidos com os de outras doenças,
como leptospirose e dengue hemorrágica. Os principais
sinais são febre alta com início súbito, dor de cabeça,
dores musculares e manchas vermelhas na pele. Também podem
surgir dor abdominal e prostração.
A médica
veterinária Tosca de Lucca, da Visa Norte, informa que nos
meses de inverno e início da primavera a quantidade de
carrapatos aumenta no meio ambiente devido a seca e também
porque eles estão na fase jovem (larva e ninfa ou micuim).
"Com isso, cresce também o risco das pessoas
desenvolverem a doença", diz. Segundo dados da
Secretaria de Saúde, é justamente nesta época do ano que
aumentam as notificações de casos suspeitos de febre
maculosa na cidade.
Tosca
afirma que a maneira mais adequada de controlar a quantidade
de carrapatos é a poda da vegetação, o que torna o
ambiente menos atrativo para eles. O uso de carrapaticidas não
é indicado. "Por isso, o Departamento de Parques e
Jardins promove a roçada freqüente das áreas públicas de
Campinas", diz.
Prevenção.
Não há vacinas disponíveis eficazes para a doença. No
entanto, as pessoas podem tomar certos cuidados para evitá-la.
O ideal é evitar o acesso a áreas de infestação. Na região
de Campinas, já estão confirmados casos de pessoas
infectadas nas margens dos rios Piracicaba, Capivari e
Jundiaí, principalmente nos municípios de Pedreira,
Jaguariúna e Campinas, além de Amparo e Valinhos.
Em
Campinas, há registros de transmissão em Joaquim Egídeo,
Fazenda Barra Jaguari, Fazendo Monte D’Este, Parque Hermógenes,
área próxima à Fazenda Solar das Andorinhas, Sousas e
Lagoa do Taquaral.
Se precisar
transitar em áreas de risco para a doença, a pessoa deve
proteger todo corpo usando roupas claras com mangas
compridas e calças compridas. A cada duas horas é necessário
fazer um auto-exame para verificar se há carrapatos
aderidos à pele.
De acordo
com técnicos da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o
momento da retirada dos carrapatos de uma pessoa parasitada
é importante para a prevenção da doença. Quanto mais
precoce, completa e segura a retirada, menor a chance de
inoculação de bactérias – e portanto de surgir febre
maculosa – e de complicações locais como reação
inflamatória ou infecção secundária.
Por isso, a
orientação da Secretaria de Saúde é para que a retirada
de carrapatos seja feita, de preferência, nos Centros de Saúde.
Nestes serviços, o profissional está preparado para
retirar o carrapato. Ele também pode verificar se há
outros exemplares aderidos ao corpo da pessoa e orientá-la
sobre a doença, sintomas, quando procurar o profissional de
saúde e maneiras de prevenção.
Ocorrências.
A febre maculosa passou a ser de notificação obrigatória
nos municípios da Direção Regional de Saúde de Campinas
(DIR-12) em 1989. Desde lá, o número de casos suspeitos
vem aumentando. Em Campinas, de 1995 a 2003 foram
registrados 14 casos, sendo que 6 deles, ou 43%, foram a óbito.
Este ano, já foram investigadas 18 ocorrências e nenhuma
delas foi confirmada.
De acordo
com a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Saúde
Coletiva de Campinas, apesar de atingir menos gente do que
outras doenças infecciosas, a febre maculosa preocupa pela
alta taxa de letalidade – entre 40% e 50%. No entanto,
segundo ela, se tratada no começo do aparecimento dos
sintomas, geralmente tem boa evolução. "Quanto mais
precoce for iniciado o tratamento, maior a probabilidade de
cura", diz. "Por isso, os profissionais precisam
estar sensíveis para suspeitar precocemente dos casos e,
assim, iniciar tratamento rápido".