Vigilância alerta equipes de saúde sobre risco da febre maculosa

12/05/2004

Denize Assis

Com a chegada do período de estiagem, quando aumenta a população de carrapatos no meio ambiente, a Secretaria de Saúde de Campinas quer alertar equipes da rede municipal de saúde para que fiquem atentos aos sintomas da febre maculosa. A orientação é para que os profissionais suspeitem e investiguem todos os casos de febre com história de picada por carrapato em áreas de vegetação, lazer em pesqueiros, parques públicos, beira de rio e deslocamento para municípios com transmissão. "Nestas situações, o profissional deve solicitar exame laboratorial e iniciar tratamento", diz a enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, da Vigilância em Saúde da Prefeitura.

Comum na região de Campinas, a febre maculosa é provocada por uma bactéria (Rickttsia rickettssii) transmitida ao homem pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) ou micuim. Os sintomas são parecidos com os de outras doenças, como leptospirose e dengue hemorrágica. Os principais sinais são febre alta com início súbito, dor de cabeça, dores musculares e manchas vermelhas na pele. Também podem surgir dor abdominal e prostração.

A médica veterinária Tosca de Lucca, da Visa Norte, informa que nos meses de inverno e início da primavera a quantidade de carrapatos aumenta no meio ambiente devido a seca e também porque eles estão na fase jovem (larva e ninfa ou micuim). "Com isso, cresce também o risco das pessoas desenvolverem a doença", diz. Segundo dados da Secretaria de Saúde, é justamente nesta época do ano que aumentam as notificações de casos suspeitos de febre maculosa na cidade.

Tosca afirma que a maneira mais adequada de controlar a quantidade de carrapatos é a poda da vegetação, o que torna o ambiente menos atrativo para eles. O uso de carrapaticidas não é indicado. "Por isso, o Departamento de Parques e Jardins promove a roçada freqüente das áreas públicas de Campinas", diz.

Prevenção. Não há vacinas disponíveis eficazes para a doença. No entanto, as pessoas podem tomar certos cuidados para evitá-la. O ideal é evitar o acesso a áreas de infestação. Na região de Campinas, já estão confirmados casos de pessoas infectadas nas margens dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, principalmente nos municípios de Pedreira, Jaguariúna e Campinas, além de Amparo e Valinhos.

Em Campinas, há registros de transmissão em Joaquim Egídeo, Fazenda Barra Jaguari, Fazendo Monte D’Este, Parque Hermógenes, área próxima à Fazenda Solar das Andorinhas, Sousas e Lagoa do Taquaral.

Se precisar transitar em áreas de risco para a doença, a pessoa deve proteger todo corpo usando roupas claras com mangas compridas e calças compridas. A cada duas horas é necessário fazer um auto-exame para verificar se há carrapatos aderidos à pele.

De acordo com técnicos da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o momento da retirada dos carrapatos de uma pessoa parasitada é importante para a prevenção da doença. Quanto mais precoce, completa e segura a retirada, menor a chance de inoculação de bactérias – e portanto de surgir febre maculosa – e de complicações locais como reação inflamatória ou infecção secundária.

Por isso, a orientação da Secretaria de Saúde é para que a retirada de carrapatos seja feita, de preferência, nos Centros de Saúde. Nestes serviços, o profissional está preparado para retirar o carrapato. Ele também pode verificar se há outros exemplares aderidos ao corpo da pessoa e orientá-la sobre a doença, sintomas, quando procurar o profissional de saúde e maneiras de prevenção.

Ocorrências. A febre maculosa passou a ser de notificação obrigatória nos municípios da Direção Regional de Saúde de Campinas (DIR-12) em 1989. Desde lá, o número de casos suspeitos vem aumentando. Em Campinas, de 1995 a 2003 foram registrados 14 casos, sendo que 6 deles, ou 43%, foram a óbito. Este ano, já foram investigadas 18 ocorrências e nenhuma delas foi confirmada.

De acordo com a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Saúde Coletiva de Campinas, apesar de atingir menos gente do que outras doenças infecciosas, a febre maculosa preocupa pela alta taxa de letalidade – entre 40% e 50%. No entanto, segundo ela, se tratada no começo do aparecimento dos sintomas, geralmente tem boa evolução. "Quanto mais precoce for iniciado o tratamento, maior a probabilidade de cura", diz. "Por isso, os profissionais precisam estar sensíveis para suspeitar precocemente dos casos e, assim, iniciar tratamento rápido".

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