Ações descentralizadas resultam na redução de 24% na incidência da hanseníase em Campinas

13/05/2004

Denize Assis

Para garantir maior eficiência na cura e prevenção da hanseníase, a Secretaria de Saúde de Campinas iniciou em 2001 e acaba de concluir o processo de descentralização do acompanhamento dos portadores da doença para toda rede básica. Isto significa que, atualmente, todos os Centros de Saúde, Módulos de Saúde, equipes do Paidéia de Saúde da Família e agentes comunitários de saúde passaram a integrar a rede de atendimento aos pacientes.

A estratégia garantiu, em 2003, uma redução de 24% na incidência dos casos de hanseníase em comparação com o ano de 2000. No ano passado, o número de casos novos da doença registrados em Campinas foi de 60. No total, o município tinha, em dezembro de 2003, 99 pacientes em tratamento, ou 0,96 por 10 mil habitantes. Em 2000, a cidade tinha 122 pacientes notificados, ou 1,26/10 mil.

"Atualmente, todas as equipes estão preparadas para acolher e avaliar uma pessoa com suspeita da doença e encaminhá-la para diagnóstico e tratamento", diz o médico Ricardo Alves Cocolisce, da Vigilância em Saúde (Visa) Leste. Segundo o sanitarista, o município também tem buscado melhorar a ampliar as atividades de orientação e informação para a população, com enfoque para o combate ao preconceito contra o portador da doença.

As medidas implementadas por Campinas atendem a estratégia do Ministério da Saúde que prevê a eliminação da doença no Brasil até o final do próximo ano. Para as ações do Plano Nacional de Eliminação da Hanseníase, o governo federal vai destinar R$ 15 milhões somente em 2004.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), eliminar a hanseníase significa ter menos de um caso para cada grupo de 10 mil habitantes. A taxa média nacional é de 3,88/10 mil. Em alguns estados, este número chega a cerca de 20.

Os grandes eixos do plano para eliminação da doença são identificar novos casos e garantir o acesso ao tratamento para todos os pacientes. Em Campinas, os eixos já estão em curso e todos os agentes comunitários de saúde serão capacitados para ajudar as pessoas e as famílias a identificar manchas suspeitas e encaminhar os casos para as equipes de referência do Paidéia. Além disso, todas as pessoas que já têm hanseníase deverão ser curadas. O tratamento é feito gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A principal estratégia do Ministério da Saúde é a integração das ações de diagnóstico e tratamento da doença na atenção básica. Também integra a estratégia do plano a organização das redes hospitalares de alta e média complexidade para atenção aos pacientes portadores de incapacidades ou deformidades físicas decorrentes da doença.

Ainda faz parte do plano uma campanha publicitária de grande porte de combate à hanseníase lançada esta semana pelo Ministério da Saúde em todo território nacional. Serão distribuídos 500 mil cartazes e um milhão de volantes. Além disso, nas capitais dos estados que compõem as regiões de maior prevalência da doença, o Ministério vai colocar 246 outdoors e 365 busdoors. A campanha vai até 25 de maio e será estendida até 5 de junho nos 13 estados com maior prevalência.

Saiba mais

O que é a hanseníase:

É uma doença incapacitante, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae ou bacilo de hansen.

Como se pode contrair:

A transmissão da doença se dá pelas vias aéreas superiores pelo contato direto e prolongado com uma pessoa doente, não tratada. Para desenvolver a doença, a pessoa deve aspirar uma grande quantidade de bacilos, situação que é favorecida quando há contato prolongado com o doente que não esteja em tratamento que é o caso de contato familiar.

Como identificar os sinais da doença:

Manchas claras (esbranquiçadas) ou vermelhas e dormentes (que não coçam e não doem e são insensíveis ao calor e ao frio) na pele podem ser consideradas suspeitas de hanseníase. Nesse caso é necessário procurar um centro de saúde.

O tratamento:

É feito com ingestão de comprimidos. É simples e é de graça em todos os centros de saúde. Não pode ser interrompido e, na maioria das vezes, dura seis meses. Nas primeiras doses do medicamento, os bacilos deixam de infectar e, portanto, a doença deixa de ser transmitida.

Volta ao índice de notícias