Denize Assis
Para
garantir maior eficiência na cura e prevenção da hanseníase,
a Secretaria de Saúde de Campinas iniciou em 2001 e acaba
de concluir o processo de descentralização do
acompanhamento dos portadores da doença para toda rede básica.
Isto significa que, atualmente, todos os Centros de Saúde,
Módulos de Saúde, equipes do Paidéia de Saúde da Família
e agentes comunitários de saúde passaram a integrar a rede
de atendimento aos pacientes.
A estratégia
garantiu, em 2003, uma redução de 24% na incidência dos
casos de hanseníase em comparação com o ano de 2000. No
ano passado, o número de casos novos da doença registrados
em Campinas foi de 60. No total, o município tinha, em
dezembro de 2003, 99 pacientes em tratamento, ou 0,96 por 10
mil habitantes. Em 2000, a cidade tinha 122 pacientes
notificados, ou 1,26/10 mil.
"Atualmente,
todas as equipes estão preparadas para acolher e avaliar
uma pessoa com suspeita da doença e encaminhá-la para
diagnóstico e tratamento", diz o médico Ricardo Alves
Cocolisce, da Vigilância em Saúde (Visa) Leste. Segundo o
sanitarista, o município também tem buscado melhorar a
ampliar as atividades de orientação e informação para a
população, com enfoque para o combate ao preconceito
contra o portador da doença.
As medidas
implementadas por Campinas atendem a estratégia do Ministério
da Saúde que prevê a eliminação da doença no Brasil até
o final do próximo ano. Para as ações do Plano Nacional
de Eliminação da Hanseníase, o governo federal vai
destinar R$ 15 milhões somente em 2004.
De acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS), eliminar a
hanseníase significa ter menos de um caso para cada grupo
de 10 mil habitantes. A taxa média nacional é de 3,88/10
mil. Em alguns estados, este número chega a cerca de 20.
Os grandes
eixos do plano para eliminação da doença são identificar
novos casos e garantir o acesso ao tratamento para todos os
pacientes. Em Campinas, os eixos já estão em curso e todos
os agentes comunitários de saúde serão capacitados para
ajudar as pessoas e as famílias a identificar manchas
suspeitas e encaminhar os casos para as equipes de referência
do Paidéia. Além disso, todas as pessoas que já têm
hanseníase deverão ser curadas. O tratamento é feito
gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A principal
estratégia do Ministério da Saúde é a integração das ações
de diagnóstico e tratamento da doença na atenção básica.
Também integra a estratégia do plano a organização das
redes hospitalares de alta e média complexidade para atenção
aos pacientes portadores de incapacidades ou deformidades físicas
decorrentes da doença.
Ainda faz
parte do plano uma campanha publicitária de grande porte de
combate à hanseníase lançada esta semana pelo Ministério
da Saúde em todo território nacional. Serão distribuídos
500 mil cartazes e um milhão de volantes. Além disso, nas
capitais dos estados que compõem as regiões de maior
prevalência da doença, o Ministério vai colocar 246
outdoors e 365 busdoors. A campanha vai até 25 de maio e
será estendida até 5 de junho nos 13 estados com maior
prevalência.
Saiba mais
O que é a
hanseníase:
É uma doença
incapacitante, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae
ou bacilo de hansen.
Como se
pode contrair:
A transmissão
da doença se dá pelas vias aéreas superiores pelo contato
direto e prolongado com uma pessoa doente, não tratada.
Para desenvolver a doença, a pessoa deve aspirar uma grande
quantidade de bacilos, situação que é favorecida quando há
contato prolongado com o doente que não esteja em
tratamento que é o caso de contato familiar.
Como
identificar os sinais da doença:
Manchas
claras (esbranquiçadas) ou vermelhas e dormentes (que não
coçam e não doem e são insensíveis ao calor e ao frio)
na pele podem ser consideradas suspeitas de hanseníase.
Nesse caso é necessário procurar um centro de saúde.
O
tratamento:
É feito
com ingestão de comprimidos. É simples e é de graça em
todos os centros de saúde. Não pode ser interrompido e, na
maioria das vezes, dura seis meses. Nas primeiras doses do
medicamento, os bacilos deixam de infectar e, portanto, a
doença deixa de ser transmitida.